Sebastião da Gama, em Vila Nogueira de Azeitão (escultura de Francisco Salter Cid) - Deixou a vida, legando a obra,
em 7 de Fevereiro de 1952, com 27 anos (faria 28 em Abril)
[foto: Cília Costa, no dia de inauguração do monumento (9 de Junho de 2007)]
1 comentário:
“Estou numa aula e estou feliz. Bem quero eu escutar a lição; mas só posso ouvi-la como que através de uma névoa; não é que a aula se tenha afastado: é que mais uma vez o meu corpo se levitou, se confundiu na mesma alma que o perfuma, e tudo, desde os meus braços, desde os meus pés velhos e reles, tudo é espírito, tudo se sente para além das carteiras.
Ah! as carteiras!... O esforço que eu faço, agora que «tive» de me deixar neste papel, de perpetuar-me pela ponta dum lápis, para as não ver, a chocarem pelo seu ar feio esta Alegria. Antes de me curvar sobre o papel, tinha os olhos fechados, a ver a minha ascensão. E gritava cá para dentro (o que vale é que era
cá para dentro): «Deixem-me só! Deixem-me só! Deixem a minha vida quieta. A minha companhia sou eu.»
Ou eu ou Deus, que é quase o mesmo. Não é blasfémia,não- pois, isto que sinto, que é senão Deus que me puxa suavemente e antigamente pela mão, como quem afasta um menino do meio da estrada?
Ah estas carteiras e esta sala sem gosto. Este automóvel a correr sem se lembrar dos meninos que atravessam a rua.
Deixem-me só, que Deus não me deixa só.
Obrigado.”
Cartas I
Que Belo rosto este Homem tinha! Intacta em mim desde os 22, a emoção da sua poesia, a largueza da sua alma, a "inteireza" de que um verdadeiro homem deve ser feito. Mereceu-o a Arrábida, mereceu-o Deus!
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