Acontece hoje e amanhã a Festa das Cruzes, em Alvarães (Viana do Castelo), uma das primeiras romarias alto-minhotas no calendário anual. Ponto alto é o desfile de andores, decorados com desenhos de temática religiosa ou local, coloridos com pétalas que, ao longo da semana, foram colocadas uma a uma, em trabalho colectivo em cada um dos lugares da freguesia. Além de poderem ser contemplados no desfile processional, o visitante pode ainda admirá-los em exposição que fica na igreja paroquial por alguns dias. A ver. Para a agenda!
Mostrar mensagens com a etiqueta Alvarães. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Alvarães. Mostrar todas as mensagens
sábado, 16 de maio de 2015
terça-feira, 14 de maio de 2013
Para a agenda - Festa das Cruzes, em Alvarães
A Festa das Cruzes, em Alvarães, já é da tradição. Uma pequena apresentação pode ser lida aqui. É já no próximo fim de semana. Para a agenda!
Etiquetas:
Alvarães,
Festa das Cruzes,
para a agenda
segunda-feira, 23 de março de 2009
Sobre candidatos (seja ao que for)
Segundo José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, a palavra "candidato" está registada em português pelo menos desde o séc. XVII, tempo em que Luís Mendes de Vasconcelos a inseriu na sua Arte Militar (1612).
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Luísa Todi e mais 29 portuguesas do tempo de Bocage

Depois deste parágrafo (entre passados, presentes e futuros), que inicia o capítulo biográfico de Luísa Todi no quarto volume de Portuguesas com História, de Anabela Natário (Lisboa: Círculo de Leitores, 2008), a vida da cantora lírica setubalense surge rápida e vertiginosa, numa dezena de páginas de acção, ao sabor do ritmo que consta no parágrafo inicial, em jeito de crónica jornalística, leve e eficaz. À semelhança da escrita épica, temos a história a começar “in medias res”, no momento em que a jovem Luísa Rosa de Aguiar (seu nome de solteira) entra na carreira artística, que haveria de a catapultar para lugar cimeiro no canto e na fama. É esse percurso que aqui se acompanha, ainda que ressalte também alguma amargura e alguma dose de humanidade no retrato que de Luísa Todi é delineado.
Das restantes figuras cujo perfil biográfico é traçado, mais duas tiveram uma relação com Setúbal, ainda que não de uma forma directa. Menciono Luísa Clara de Portugal (n. 1703) e Catarina Lencastre (1749-1824). Quanto à primeira, que ficou conhecida como “Flor de Murta”, foi filha do Governador da Torre do Outão Bernardo de Vasconcelos, casou aos 16 anos com Jorge Francisco de Meneses (quase com o dobro da idade dela e senhor de vários títulos – comendador da Ordem de Cristo, de São Silvestre de Requião e de São Miguel de Alvarães) e depois foi amante de D. João V e do seu sobrinho. Relativamente a Catarina Lencastre, de Guimarães, viveu em Londres e, depois de enviuvar, dedicou-se à poesia, tendo ficado conhecida como a “Safo portuguesa” num meio artístico com o qual nem sempre teve uma relação pacífica, referindo a autora os casos de alguns “amores perdidos” como terá acontecido no relacionamento com Bocage, “mais novo dezasseis anos, com quem há-de zangar-se depois de com ele trocar mimos poéticos.”
Portuguesas com História, de Anabela Natário (n. 1960, jornalista) é obra prevista para seis volumes, tendo já saído os dedicados aos séculos X a XIII (primeiro), XIV e XV (segundo), XVI e XVII (terceiro) e XVIII (quarto). No final, cerca de 180 figuras femininas estarão retratadas pelas suas histórias para a História.
Etiquetas:
Alvarães,
Anabela Natário,
Catarina Lencastre,
Luísa Clara de Portugal,
Luísa Todi,
Setúbal
domingo, 25 de maio de 2008
José Paulino Pereira e o bisturi como chave da memória
Bisturi do tempo, de José Paulino Pereira (Setúbal: 2008) é título rico de sugestões, quer pela imagem médica ligada ao seu autor, quer por esse trabalho de precisão a fazer na memória para que não sejamos por ela traídos. E, depois, há ainda aquela possibilidade dupla: um bisturi que age sobre o tempo ou o tempo visto como bisturi?
Este livro recolhe textos que, na sua quase totalidade, foram já publicados e que, como regista o autor, em texto que serve como apresentação da obra, foram “inspirados em situações vividas”. A observação é importante, pois garante o pendor autobiográfico desta escrita, onde se cruzam espaços, pessoas e histórias vividas pelo narrador das evocações.
Podemos referir que este conjunto de textos constitui a geografia de José Paulino Pereira. Paradigmaticamente, a primeira narrativa intitula-se “A minha rua” e constitui a chave que permite a entrada no livro e a viagem até à infância em Torres Vedras – “foi nela que nasci, cresci e brinquei”. E é um desfiar de lembranças de amigos, de familiares, de intimidades.
O grupo de escritos dedicados a Torres Vedras tem ainda espaço para lembrar a história das Termas dos Cucos (narrativa em que descobri uma afinidade com a minh
a aldeia, pois houve alguém que, de Alvarães, no concelho de Viana do Castelo, pelos idos de 1932, questionou a legitimidade do testamento que fizera passar as termas para as mãos de José António Vieira), a pretensão já sentida de Torres Vedras querer ser a capital de um distrito que chegou a estar pensado para a região do Oeste, a história da medicina torriense, a ligação à Associação de Bombeiros.
Os outros pontos desta cartografia do tempo assentam em Coimbra (com histórias do tempo da formatura universitária e das visitas ali feitas depois, a propósito das reuniões de curso), Peniche (local de férias, com histórias vividas de descoberta) e Setúbal (ponto de fixação profissional nos hospitais – primeiro, da Misericórdia e, depois, de S. Bernardo –, com referências múltiplas à história local e a episódios passados com os respectivos pacientes).
Neste itinerário descontínuo e seleccionado de vida, há também lugar para identificações e preferências, aliando as sensibilidades de outros à descoberta própria, conjugando arte e saber, como surge neste exemplo que relembra uma viagem à Arrábida: “Eu não sou poeta. Não tenho esse dom, mas ninguém me impede de subir ao cimo da imponente Serra da Arrábida, imitando nessa caminhada o príncipe dos poetas setubalenses que se chamou Sebastião da Gama. Ninguém como ele conhecia os seus segredos que o convidavam à meditação.”
Quando Paulino Pereira fala de pessoas, são-lhes enaltecidos os dotes, que podem entrar para o lote de valores a preservar. Assim, surgem referências de apreço a mestres ou a figuras que foram importantes para a formação do próprio narrador por características como o trabalho em equipa, a formação humanista, a competência, a disponibilidade para os outros, a relação próxima e afectiva entre médico e doente. O humor está também presente, seja por alguns momentos relembrados e pelo cómico da situação que constituíram, seja pelo tom com que, à distância, são evocados. As qualidades das personagens e o sentido de humor conjugam-se bem nos quatro contos que constituem a última parte do livro, de tal forma que nem parece que se entra no registo da ficção, antes se continua no da memória…
Ao longo destes textos, o leitor vai ainda convivendo com a coerência do homem e do profissional, que não deixa margem para dúvidas depois de uma crónica como “Decisão na hora certa”, em que, a propósito da facilidade com que se põem em causa as práticas dos profissionais de alguns serviços, nomeadamente da saúde, Paulino Pereira relata a decisão que teve que tomar, ao levar um doente para o hospital, à sua própria custa, contra a vontade da família mas com o acordo do paciente, numa situação que poderia ser decisiva. A intervenção acabou por ter sucesso e a crónica conclui com a seguinte reflexão: “O êxito foi total. Mas, se o desfecho fosse outro, o que me teria acontecido? Os homens que me julgassem. Perante o tribunal da minha consciência ficaria absolvido.”
A escrita de Paulino Pereira neste Bisturi do tempo é simples, acessível e directa, parecendo que se está perante um contador de histórias de vida. Os retratos que ressaltam são os da disponibilidade e do prazer no exercício médico, quase nos surgindo pela frente um João Semana, distante do que Júlio Dinis nos apresentou no séc. XIX pelas mudanças operadas pelo tempo, mas próximo pela sensibilidade e pela humanidade no trato e na vida, marcas que popularizaram e notabilizaram essa personagem como médico.
Este livro recolhe textos que, na sua quase totalidade, foram já publicados e que, como regista o autor, em texto que serve como apresentação da obra, foram “inspirados em situações vividas”. A observação é importante, pois garante o pendor autobiográfico desta escrita, onde se cruzam espaços, pessoas e histórias vividas pelo narrador das evocações.
Podemos referir que este conjunto de textos constitui a geografia de José Paulino Pereira. Paradigmaticamente, a primeira narrativa intitula-se “A minha rua” e constitui a chave que permite a entrada no livro e a viagem até à infância em Torres Vedras – “foi nela que nasci, cresci e brinquei”. E é um desfiar de lembranças de amigos, de familiares, de intimidades.
O grupo de escritos dedicados a Torres Vedras tem ainda espaço para lembrar a história das Termas dos Cucos (narrativa em que descobri uma afinidade com a minh

Os outros pontos desta cartografia do tempo assentam em Coimbra (com histórias do tempo da formatura universitária e das visitas ali feitas depois, a propósito das reuniões de curso), Peniche (local de férias, com histórias vividas de descoberta) e Setúbal (ponto de fixação profissional nos hospitais – primeiro, da Misericórdia e, depois, de S. Bernardo –, com referências múltiplas à história local e a episódios passados com os respectivos pacientes).
Neste itinerário descontínuo e seleccionado de vida, há também lugar para identificações e preferências, aliando as sensibilidades de outros à descoberta própria, conjugando arte e saber, como surge neste exemplo que relembra uma viagem à Arrábida: “Eu não sou poeta. Não tenho esse dom, mas ninguém me impede de subir ao cimo da imponente Serra da Arrábida, imitando nessa caminhada o príncipe dos poetas setubalenses que se chamou Sebastião da Gama. Ninguém como ele conhecia os seus segredos que o convidavam à meditação.”
Quando Paulino Pereira fala de pessoas, são-lhes enaltecidos os dotes, que podem entrar para o lote de valores a preservar. Assim, surgem referências de apreço a mestres ou a figuras que foram importantes para a formação do próprio narrador por características como o trabalho em equipa, a formação humanista, a competência, a disponibilidade para os outros, a relação próxima e afectiva entre médico e doente. O humor está também presente, seja por alguns momentos relembrados e pelo cómico da situação que constituíram, seja pelo tom com que, à distância, são evocados. As qualidades das personagens e o sentido de humor conjugam-se bem nos quatro contos que constituem a última parte do livro, de tal forma que nem parece que se entra no registo da ficção, antes se continua no da memória…
Ao longo destes textos, o leitor vai ainda convivendo com a coerência do homem e do profissional, que não deixa margem para dúvidas depois de uma crónica como “Decisão na hora certa”, em que, a propósito da facilidade com que se põem em causa as práticas dos profissionais de alguns serviços, nomeadamente da saúde, Paulino Pereira relata a decisão que teve que tomar, ao levar um doente para o hospital, à sua própria custa, contra a vontade da família mas com o acordo do paciente, numa situação que poderia ser decisiva. A intervenção acabou por ter sucesso e a crónica conclui com a seguinte reflexão: “O êxito foi total. Mas, se o desfecho fosse outro, o que me teria acontecido? Os homens que me julgassem. Perante o tribunal da minha consciência ficaria absolvido.”
A escrita de Paulino Pereira neste Bisturi do tempo é simples, acessível e directa, parecendo que se está perante um contador de histórias de vida. Os retratos que ressaltam são os da disponibilidade e do prazer no exercício médico, quase nos surgindo pela frente um João Semana, distante do que Júlio Dinis nos apresentou no séc. XIX pelas mudanças operadas pelo tempo, mas próximo pela sensibilidade e pela humanidade no trato e na vida, marcas que popularizaram e notabilizaram essa personagem como médico.
[A obra, cuja chegada às livrarias (em 12 de Maio) aconteceu cerca de uma semana após o falecimento do seu autor (4 de Maio), vai ser apresentada, numa sessão que também será de homenagem a Paulino Pereira, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, em 31 de Maio, pelas 16h00.]
Etiquetas:
Alvarães,
livro,
medicina,
memória,
Paulino Pereira,
Setúbal,
Torres Vedras
sábado, 15 de março de 2008
sábado, 13 de outubro de 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)