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terça-feira, 16 de novembro de 2010

As árias (com) que Luísa Todi (en)cantou

O grupo “Os Músicos do Tejo”, dedicado à música antiga, teve a sua primeira apresentação há cinco anos, em Setúbal. Passado este tempo, uma figura da cultura setubalense deu o mote ao mais recente trabalho discográfico do grupo: falo do cd As árias de Luísa Todi, que reúne algumas das peças que a cantora lírica sadina interpretou quando corria o último quartel do século XVIII.
O texto introdutório do booklet que acompanha esta obra é da autoria de Mário Moreau, estudioso da biografia e da obra de Luísa Todi (1753-1833), que considera ter este trabalho enriquecido “de modo significativo o património musical português”, uma vez que ele dá a conhecer, “pela primeira vez, nove árias e duas aberturas de óperas do repertório da nossa grande cantora”.
A justificação para a importância de Luísa Todi dá-a Moreau nos seguintes termos, em que evidencia a força da dupla que cruza o canto e a cena, marcas fortes da artista lírica de Setúbal: “Outros cantores e cantoras houve, no decurso desse século, que possuíram dotes vocais de excepção, alguns, porventura, até nalguns aspectos superiores aos de Luísa Todi. Mas o artista lírico, no sentido mais lato da palavra, não se deve limitar a cantar, por muito bem que o faça. Ao pisar o palco para interpretar uma personagem, ele terá também de ter dotes cénicos condizentes com a sua interpretação musical. Era essa componente histriónica que a Todi possuía no mais elevado grau, sobejamente reconhecida e enaltecida pela crítica de toda a Europa e numa época em que o aspecto cénico da interpretação operática era considerado de importância secundária. (…) Mas não se infira destas palavras que ela era uma intérprete cénica máxima mas que vocalmente era apenas ‘suficiente’. Pelo contrário, a sua técnica vocal era igualmente superlativa e só teria, talvez, equivalente numa Mara, numa Bastardella, numa Saint-Huberti e em muito poucas mais. Foi, pois, este binómio canto-cena que colocou a Todi no lugar mais elevado da arte lírica da sua época e que nenhum outro artista conseguiu então igualar.”
O projecto apresentado pel’ “Os Músicos do Tejo”, patrocinado pela Amarsul, tem a direcção musical de Marcos Magalhães e a soprano Joana Seara empresta a voz à interpretação de Luísa Todi. As dezasseis faixas do cd contêm interpretações de Florian Gassman (1729-1774), Bernardino Ottani (1736-1827), Niccolò Pissinni (1728-1800), Giovanni Paisiello (1740-1816), Antonio Sachinni (1731-1786) e David Perez (1711-1779).

sábado, 6 de novembro de 2010

Luísa Todi - Ouvir as suas árias

O leitor nunca ouviu Luísa Todi cantar, mas sabe que ela foi importante cantora lírica do seu tempo (1753-1833), sendo apreciada nos salões europeus, de Madrid até S. Petersburgo, ainda que ostracizada em Portugal. A memória tem tratado de manter o nome de Luísa Todi, seja em Setúbal (com registo em monumento, na toponímia, num espaço de espectáculos, num prémio de canto), seja em bibliografia adequada (podendo referir-se, além do clássico de Joaquim de Vasconcelos, as biografias elaboradas por Mário Moreau – Lisboa: Hugin, 2002 – ou por Victor Luís Eleutério – Lisboa: Montepio Geral, 2003).
Ouvir Luísa Todi vai ser possível, ainda que por interpostas vozes – em 13 de Novembro, no Teatro Municipal de Almada, vai ser apresentado o cd As árias de Luísa Todi, numa realização do grupo “Músicos do Tejo”, com a soprano Joana Seara e a direcção musical de Marcos Magalhães. Para já, alguns números correm no You Tube.