Na revista que acompanha o Público de hoje, Daniel Sampaio escreve sobre "Autismos". Partindo de uma frase do líder da oposição, para definir o autismo e para exigir a discussão antes da adopção de medidas, Sampaio não esquece as opiniões do Primeiro-Ministroperante uma manifestação de professores, assim como não esconde o mal-estar que se sente na escola:
"(…) É evidente que eram dispensáveis as considerações de José Sócrates sobre as intenções dos manifestantes, com uma atribuição a origem partidária a lembrar, tristemente, o passado: o direito à manifestação é uma das grandes conquistas da democracia e nunca deverá ser posto em causa; e a facilidade das comunicações dos dias de hoje (sms, internet) tornam depressa viáveis encontros de manifestantes que outrora demorariam dias preparar. Há, no entanto, uma característica totalitária nos manifestantes que o Primeiro-Ministro detectou (embora não a tivesse denunciado com clareza): as vaias para os professores que entravam na reunião (colegas de ofício dos manifestantes) revelam incapacidade para aceitar opiniões diferentes e, por isso, merecem crítica.
Não ignoro o mal-estar de muitos docentes, facto que tenho denunciado, por escrito e oralmente, em múltiplos contextos onde intervenho: as escolas estão a ser transformadas em escritórios de papelada burocrática, com os professores a terem cada vez menos tempo para falarem com os alunos; a indispensável avaliação dos professores e o imprescindível estatuto do aluno foram transformados em mais fichas cheias de alíneas, com a agravante de porem professores uns contra os outros, com alguns a espreitarem as aulas de colegas, num ambiente de desconfiança apressada que não terá bons reflexos no clima escolar. Sei, no entanto, que há professores, sobretudo aqueles que pertencem às direcções das escolas, a apoiar algumas medidas actuais e que se apressam a cumpri-las: têm todo o direito de pensar desse modo e de se reunir a propósito! (…)
Temos sobretudo de denunciar o "autismo" de membros do governo que, todos os dias, nos querem fazer crer que tudo caminha pelo melhor, quando a realidade do quotidiano de muitas famílias mostra o contrário. A solução para esse "autismo" só pode ser uma: ouvir muitas opiniões, sobretudo daqueles que não têm acesso aos média nem às estruturas do Largo do Rato. E José Sócrates não precisaria de criticar professores que se manifestam se, lado a lado com os dirigentes do Ministério da Educação, se dispusesse a falar com professores de várias zonas do país, sem agenda prévia nem resumos dos assessores.”
Não ignoro o mal-estar de muitos docentes, facto que tenho denunciado, por escrito e oralmente, em múltiplos contextos onde intervenho: as escolas estão a ser transformadas em escritórios de papelada burocrática, com os professores a terem cada vez menos tempo para falarem com os alunos; a indispensável avaliação dos professores e o imprescindível estatuto do aluno foram transformados em mais fichas cheias de alíneas, com a agravante de porem professores uns contra os outros, com alguns a espreitarem as aulas de colegas, num ambiente de desconfiança apressada que não terá bons reflexos no clima escolar. Sei, no entanto, que há professores, sobretudo aqueles que pertencem às direcções das escolas, a apoiar algumas medidas actuais e que se apressam a cumpri-las: têm todo o direito de pensar desse modo e de se reunir a propósito! (…)
Temos sobretudo de denunciar o "autismo" de membros do governo que, todos os dias, nos querem fazer crer que tudo caminha pelo melhor, quando a realidade do quotidiano de muitas famílias mostra o contrário. A solução para esse "autismo" só pode ser uma: ouvir muitas opiniões, sobretudo daqueles que não têm acesso aos média nem às estruturas do Largo do Rato. E José Sócrates não precisaria de criticar professores que se manifestam se, lado a lado com os dirigentes do Ministério da Educação, se dispusesse a falar com professores de várias zonas do país, sem agenda prévia nem resumos dos assessores.”
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