quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Primeiro-Ministro citou "Os Lusíadas"...


O Primeiro-Ministro citou ontem Os Lusíadas numa homenagem a Adriano Moreira, dizendo que há “ventos favoráveis” a soprar nas velas portuguesas. A metáfora é bonita, mas não sei se haverá muita gente convencida disso…
É que, mesmo n’Os Lusíadas, os ventos favoráveis são atribuídos à ajuda de Vénus, a deusa protectora dos Portugueses. Questão de literatura, como se sabe, artística, pois! Nem os navegadores acreditavam em Vénus; pediam, isso sim, a protecção da “divina guarda”; o resto – o pormenor dos ventos, das calmas, das tempestades – era um assunto da Natureza.
Talvez o Primeiro-Ministro tenha lido o Público de ontem, que iniciou uma série de artigos sobre a relação dos Portugueses com o mar. E justamente o texto ontem publicado expunha como título “Continuamos esmagados pelos Descobrimentos?” Hoje, estaremos mais esmagados por todo este cenário de crise sobre crise que nos invade – e não me parece que seja só uma questão de vento…
No referido artigo ontem saído no Público, Vasco Graça Moura, um dos entrevistados sobre o tema, lembrava que “no discurso político há sempre um macaquear do discurso cultural”, pois fica sempre bem demonstrar a ligação das orientações políticas à identidade cultural de um povo. Resta saber se a viagem ajudada pelos ventos vai ser apenas uma aventura… É que o momento histórico que o Primeiro-Ministro escolheu para citar também teve muito de aventura e – é sabido! –, mesmo apesar dos “ventos favoráveis” que nos levaram ao Oriente nessa altura, Portugal não ficou economicamente mais rico depois dos Descobrimentos (e é de economia ou de dinheiro que se tem andado a falar)… 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Rostos (184)

António Augusto da Costa Simões (1819-1903), no Luso
[foto: Quaresma Rosa]

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Rostos (183)

Monumento a Nicolau Copérnico, em Varsóvia

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Uma outra leitura da história da cigarra - diferente da do ministro Macedo


A gente percebeu o que queria dizer o ministro Miguel Macedo na sua resposta de hoje, quando lembrou algo do género: há cigarras a mais e formigas a menos... Só que, como todas as histórias com um fundo de moralidade, a leitura não é apenas uma... E ir buscar a fábula para explicar que os portugueses andam a viver acima das suas possibilidades é algo caricato.
Na verdade, o discurso da vida acima das possibilidades foi uma motivação que tem carecido de demonstração. Os portugueses têm andado a viver acima das possibilidades ou as políticas seguidas quiseram pôr Portugal acima das possibilidades? E quem lucrou em qualquer dos cenários? Era a modernização do país, era a corrida desenfreada aos euros, era o alcatroamento da terra, era... era... era...
Mas vamos a uma outra interpretação do papel da cigarra, de todo diferente da que o ministro lhe atribuiu, mais apaziguadora e mais convergente com as diferenças. Foi contada por Sebastião da Gama no Diário, corria o dia 18 de Fevereiro de 1949... e veja-se como a interpretação é muito mais interessante.
«Pertinho da sala 19 mora um pintassilgo (ou pássaro que o valha... ). Volta não volta lá se põe ele a cantar e é um gosto ouvi-lo: há alegria, há ternura na sua cantiga. Por importante ou urgente que seja o que estou dizendo, é muito mais importante e muito mais urgente ouvir o pintassilgo: quebro, mal o oiço, ou a frase ou a palavra ao meio. Todos escutam. E o Américo, que tem uns olhos profundos e marotos, ou o Poeta ou qualquer outro, diz logo: «Por isso é que eu não gosto da Formiga.»
E sabem os senhores de onde nasce a observação? Nada mais nada menos do que do julgamento da Formiga e do elogio da Cigarra, que constituíram o corpo desta aula. Que me perdoem 'os amplos e maçudos livros morais de exemplos e de estudos'. Eu não posso admitir que seja louvada junto de crianças a crueldade, a ironia ruim e sem coração de Dona Formiga. E não admito também que se chame inútil à Cigarra — quando a Cigarra vive para alegrar os outros. Mas vamos ao prato do dia...
Chamei o Aragão, para ser ele a fechar a Semana do Animal. Encontrei, como esperava, um colaborador inteligente e sensível. O diabo do moço punha entusiasmo no que dizia, vibrava na defesa, em que me acompanhou, da pobre Dona Cigarra.»
Afinal, a cigarra também deve merecer a nossa admiração!...

domingo, 23 de setembro de 2012

Seremos parvos?


A ver vamos no que vai dar. Isto é: veremos quais as operações de engenharia que vão suceder... Independentemente disso, estas afirmações tomam os portugueses por tolos. Reconciliar com as instituições? Quem estava zangado com elas? De tudo o que se tem passado, a responsabilidade é das instituições? Ou dos arrufos de algumas pessoas que as integram? E já agora: o Conselho de Estado "reconciliou" os portugueses com as instituições ou os governantes com os portugueses?
As voltas que a linguagem da política dá!...

sábado, 22 de setembro de 2012

João Miranda: "Não há duas equações iguais"


No “Prólogo” a este Não há duas equações iguais (Lisboa: Chiado Editora, 2012), de João Miranda, a primeira quadra lança o leitor perante um enigma quando diz: “Larguei de vez a poesia, / deixei de andar sempre / acompanhado por um caderno / de versos que me faz acreditar.” Paradoxal nos parece esta declaração de abandono da poesia para abrir um livro que é de poesia!...
Continuando, a segunda estrofe justifica a decisão do poeta: “Já não vale o esforço, / apenas me faz sofrer / e acreditar que tudo / irá mudar é apenas / uma ilusão.” A dor e o sofrimento causados pelo momento da escrita são o parto do próprio poema. Os versos alinham-se porque o poeta tem algo a exprimir, são apenas o seu olhar e sentir, não são uma pedra para mudar o mundo, tão-só um pretexto para o poeta se conhecer.
Significativamente, o primeiro grupo de poemas alinha-se pelo título “o mundo”, onde mais é dito sobre o “eu” do que a propósito do que cerca este “eu”. Veja-se, por exemplo, o poema dedicado a Setúbal, que se inicia de forma contundente: “Confesso-te minha amada Setúbal, / és um desgosto no meu olhar”. Depois, há justificações para esta desolação e um final que apazigua: “mas és a cidade que me viu crescer / e pouco a pouco me fez feliz.”
Poemas de contrastes são estes, que correspondem a momentos, aos tais excertos do tempo que se registam no caderno, numa tentativa de fazer justiça ao princípio que o próprio poeta estabelece, em jeito de máxima: “Vive e escreve a tua vida, / enquanto sabes escrever, / enquanto podes viver.” É que, como o próprio título anuncia, “não há duas equações iguais”, verdade que surge a fechar um poema em que o poeta se confronta consigo mesmo no desenho de um auditório em que se fala do universo, ficando ao poeta a amargura de não se explicar “o universo / de que somos feitos”.
Parodiando um título de Rilke, este livro de João Miranda bem poderia responder ao título de “cartas de um jovem poeta”, cujos poemas são reflexos e registos de momentos, de procuras, de lutas contra o vazio e a solidão, de homenagem aos gestos de alguns seres que na sua vida se têm cruzado.
O agrupamento destes poemas por títulos tão diversos quanto “mundo”, “vazios”, “momentos”, “a força”, “amores de verão”, “ecos da distância”, “a ideia de ti”, “combustão”, “pessoas” e “definições de mim” dá ao leitor a ideia dessa fragmentação, desse todo multifacetado, sempre desigual e constante na sua evolução, desse tempo que ultrapassa a noção de cronologia mas que se relaciona com a intensidade dos instantes, sejam eles de euforia ou de vazio.
Rapidamente o leitor conclui que aquelas verdades de rejeição enunciadas no “Prólogo” podiam ser discutíveis, sobretudo à luz de uma lógica que Pessoa tão bem apresentou a propósito do fingidor que o poeta é e a propósito da dor do poeta. Esse eco pessoano é, de resto, adoptado por João Miranda no final do livro, sugestivamente num texto intitulado “Arte poética”, onde são cantados os prazeres da vida e é reelaborado o papel da palavra escrita: “Enquanto a veia da poesia correr em mim, / não posso negar tal alegria.”
Muito forte é, aliás, este último grupo, convenientemente intitulado “Epílogo”, espaço único para uma “Autobiografia poética”, texto que glorifica o nível de conhecimento e de saber que ao poeta é dado, que compromete o ser que se revelou com a própria poesia, que apazigua quem fala com quem é imaginado ouvir – um “tu” sempre presente, sempre a fazer o mesmo caminho de versos. Esta “autobiografia poética” põe em igualdade o efeito de todas as experiências, venham elas do manejo da palavra ou do saber sobre o mundo. Vale a pena determo-nos, por isso, na leitura deste poema que, propositadamente, ficou para o fim, qual chave de ouro que permite o acesso ao essencial do “eu”: “É bonita a estrada / que nos segue, não é? // Sabes, sou estudante do engenho, / sou músico e, / acima de tudo, poeta. // (…)”
Finalmente, o derradeiro texto vale pela sua afirmação: “Vivo de escrever, / escrever é  o meu ar, / nunca te abandonarei poema.” É o fecho do livro, porque é também a resolução da equação.
Como Rilke escreveu ao seu “jovem poeta” em 1904, “toda a exaltação é boa, desde o momento que não seja simples perturbação ou embriaguez, mas alegria clara e transparente.” Com este “epílogo”, a escrita afigura-se como exaltação para João Miranda. Uma entrega que lhe rende este segundo livro, com um título a resvalar na arte da matemática, aberto ao infinito que procura o sentido para “as reticências de mim” (como é dito numa tentativa de definição do “eu”), por onde passa o amor, o outro, a vida, as dúvidas… tudo graças à exposição que a palavra e a poesia alimentam neste Não há duas equações iguais.
Duas equações estão, pois, resolvidas (este livro e o anterior, As palavras varrem-se do meu pensamento tão depressa como eu as ia dizer, de 2007). Agora, porque não há duas sem três, venha a próxima!

[Na apresentação do livro, na tarde de hoje, no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal]

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"Comissão de acompanhamento à coligação"?


‎"PSD e CDS criam grupo de acompanhamento da coligação" é o título de notícia na edição online do Público. Os "grupos de acompanhamento" são a versão politicamente correcta para assinalar que uns desconfiam dos outros, não é?
A política dos últimos tempos tem feito justiça à palhaçada! Pena que sejamos obrigados a assistir!... Agora dá para perceber que todo o barulho se esvai com o salto de uma coligação para as autárquicas...
Será que a "troika" não tem também um pacote que obrigue à ética na política e ao respeito pelos cidadãos e pelos eleitores?
Desde muito cedo acreditei que era nosso dever votar e participar na política. No presente, cada vez mais dou importância àqueles que dizem que não mais irão votar porque se sentem enganados, defraudados, abandonados! Estes são mais sensíveis...

domingo, 16 de setembro de 2012

Bonfim, estádio do Vitória Futebol Club, 50 anos


Crachá alusivo ao Estádio do Bonfim, vendido no dia da inauguração, em 1962

Inaugurado em 16 de Setembro de 1962, o Estádio do Bonfim, em Setúbal, constituiu para a cidade e para o Vitória Futebol Clube um momento histórico. Na primeira página de O Setubalense do dia seguinte, passava o entusiasmo sentido na cidade que vestira as cores do clube local: "Foi ontem que a cidade mais plenamente se identificou com o Vitória que seu nome tem, saindo para a rua mal desperto o sol, numa sinfonia de verde-e-branco, pura, espontânea, quente; foi ontem que nesta terra, subitamente, toda a população não entendia outra linguagem que não fosse a linguagem vitoriana, que só o Vitória e o seu Estádio do Bonfim contaram, que nada, naquelas horas, maior importância tinha. Música, foguetes, vivas, abraços, lágrimas e risos, bandeiras e bandeirinhas, balões, pombos, orgulho, Vitória-Vitória, verde-branco, verde-branco, verde-branco, Estádio, festa, homens, mulheres, crianças, aplausos, aplausos, mais aplausos... Foi ontem a Festa do Vitória, a Festa do Estádio. Ai, se ela pudesse ser de novo!..." O cronista prosseguia, levado pela sua costela vitoriana, dizendo que a multidão estava "delirante, ébria de felicidade, louca de alegria, fantasticamente rendida".
O Estádio do Bonfim surgiu numa época áurea da história do clube sadino e coroou o envolvimento de várias equipas de dirigentes, de diversas figuras locais, dos adeptos vitorianos de várias gerações e de uma cidade que, em massa, aderiu à ideia da construção daquele parque de jogos.

PRÓ-ESTÁDIO  DO  VITÓRIA

Em Novembro de 1952, a Comissão Administrativa do Vitória tocou a reunir pelas 22 horas de uma quarta-feira. Segundo O Setubalense, de 8 desse mês, o convite fora extensivo a "todos os Presidentes das Direcções e da Assembleia Geral que pelo Clube [tinham] passado nos seus 42 anos de existência". O motivo de tal encontro estava relacionado com as obras da primeira fase, que deveriam ter início brevemente, havendo a insistência na necessidade da colaboração de todos - o curto texto terminava, de resto, com um apelo dirigido a um público-alvo muito vasto, que implicava o envolvimento do próprio jornal: "é preciso, pois, e desde já que todos, sem excepção, se vão habituando à ideia de que o Estádio só será possível se todos nos unirmos em torno da Comissão Administrativa do Vitória, para, no momento oportuno, podermos afirmar sem hesitações que 'Estamos Prontos'!"
Cerca de uma semana depois, no dia 14, a Comissão Administrativa, presidida por Mário Ledo, foi recebida pelo Ministro do Interior, Trigo de Negreiros, que prometeu colaborar na concretização do "desejado" parque de jogos sadino logo através da publicação de uma portaria, que sairia no dia 20, a conceder a cedência do terreno para tal efeito. Começava assim uma onda de entusiasmo que levaria o clube a divulgar, na edição de O Setubalense de 22, juntamente com a reprodução do ante-projecto do estádio, um público "reconhecimento" ao Governo: "O momento grandioso que em breve se irá construir - o parque de jogos do VFC - ficará, no futuro, a assinalar o esforço dos setubalenses, como padrão de glória e afirmação concreta ao Governo, de que o representante de Setúbal no Futebol Nacional saberá honrar e dignificar através dos tempos a confiança nele agora depositada". Dois dias depois, como se ainda fossem precisos mais argumentos para envolver a cidade, António Alves da Mota assinava um artigo de opinião no mesmo jornal, lembrando: "Quem faz ainda melhor a propaganda da nossa cidade? É o Vitória, quando alcança com denodo e fulgor os seus triunfos!"
A marcha em prol da construção do estádio já começara e, nessa mesma edição do dia 24, O Setubalense noticiava o "içar da bandeira do Vitória nos terrenos do futuro Parque de Jogos", perante uma multidão que engrossara ao longo de um desfile que passara pela Rua de Bocage e Avenida 22 de Dezembro. Para içar a bandeira foi convidado "o mais antigo Presidente das Direcções do clube, Mariano Coelho, o qual desempenhou fielmente, no meio da maior comoção e das lágrimas que lhe corriam pelo rosto". A partir daqui, todo o tipo de ajuda foi chegando, fosse através da oferta e transporte de materiais, fosse por meio de disponibilização de trabalho, fosse por via dos potes-mealheiros espalhados pela cidade para angariação de fundos "pró-estádio do Vitória", tudo pelo apego ao clube, no respeito pela mensagem que constava em faixas de cortejos de ofertas - "Se tens amor a Setúbal ajuda o Vitória".

FESTA  EM  VERDE-BRANCO

Ao longo de uma década, a cidade de Setúbal trabalhou para o estádio. Como referia Machado Pinto num artigo publicado em Junho de 1962, na revista Portugal d'Aquém e d'Além-Mar, tinha havido um primeiro grupo, constituído por Mário Ledo, Manuel Antunes, Leitão Ferreira, Ramos da Costa e Júlio Mourato, que promoveu "a aquisição dos terrenos, a elaboração dos projectos, os aterros, as drenagens, o arrelvamento e a construção das instalações dos chamados desportos pobres", enquanto uma outra comissão, composta por Magalhães Mexia, Humberto Ferreira da Cunha, Jorge Sequeira, Gonçalo Vaz Pinto e Marc Velge, "removeu os obstáculos de ordem vária que protelavam o acabamento, ergueu as bancadas e tornaram o estádio naquela feliz e bela realidade".
O ano de 1962 viu o Vitória ser finalista da Taça de Portugal, tal como já acontecera nas épocas de 1942/43 e de 1953/54. A festa dos resultados inebriava os adeptos de uma equipa que, coordenada por Fernando Vaz, tinha no plantel Galaz, Pompeu, Mateus, Herculano, Quim, Jaime Graça, Suarez, Mourinho, Carriço, Dimas, Alfredo, Manuel Joaquim, Emídio Graça, Polido e Faustino. O técnico Fernando Vaz levara a equipa à 1ª Divisão e, em entrevista a O Setubalense, de 25 de Julho, dizia: "Devo aos jogadores mais que um simples aceno de simpatia, devo-lhes o respeito pelo esforço generoso que realizaram". Simultaneamente, o Presidente da Direcção, Virgílio Saraiva Fernandes, informava que os associados eram dois milhares e meio, um número que, dizia, "não se ajusta nem às necessidades nem à categoria do Vitória".
O grande dia desse ano de 1962 aproximava-se. Por meados de Agosto, o clube divulgou um comunicado anunciando os preços a serem praticados no novo estádio - para lugares cativos (cuja procura estava a ser grande), uma quota mensal de 30$00 e um cartão anual de 200$00; para o topo sul, a quota era de 15$00 mensais.
Finalmente, no dia 16 de Setembro, a cidade vestia-se de verde-branco para inaugurar o estádio, com a presença do Presidente da República, Américo Tomás, e dos ministros das Obras Públicas, Arantes Oliveira, e da Educação Nacional, Lopes de Oliveira. "Mais de 300 mastros com bandeiras davam um ar verdadeiramente de festa, naquele estádio, cuja grandeza é a prova mais evidente do bairrismo de todos os vitorianos", escrevia O Setubalense do dia seguinte. O festival de inauguração rendeu cerca de 200 contos e, no desfile, participaram cerca de milhar e meio de atletas de vários clubes, destacando-se os da região, como Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, Clube de Futebol "Os Sadinos", Clube Naval Setubalense, Grupo Desportivo de Palhavã, Clube Boavista de Setúbal, Grupo Desportivo Setubalense "Os 13", Juventude Azeitonense, Palmelense Futebol Clube, Comércio e Indústria e as secções do Vitória, além de agremiações nacionais como o Sporting, o Benfica, o Porto, o Farense e o Olhanense, encerrando com "um grupo constituído pelo respectivo empreiteiro e todos os operários que construíram o estádio".
O jogo da inauguração pôs frente a frente a equipa vitoriana e a Académica, tendo o visitante vencido a partida por 1-0, com golo marcado por Jorge no segundo minuto do encontro. "Não foi a equipa da casa que venceu o jogo da inauguração", escrevia O Setubalense. A desforra vitoriana aconteceria poucos anos depois, quando, no final da "Taça de Portugal" de 1966/67, os setubalenses venceram a Académica por 3-2, assim se sagrando vencedores da "Taça" pela segunda vez.
in Histórias da região de Setúbal e Arrábida
(Setúbal: Centro de Estudos Bocageanos, 2003)
[foto: António Cunha Bento]

sábado, 15 de setembro de 2012

Bocage no seu dia

Bocage, em parede na Rua General Daniel de Sousa, em Setúbal

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rostos (182) - Luísa Todi no Forum Municipal

Luísa Todi, por Sérgio Vicente, no Forum Municipal Luísa Todi (com abertura agendada para amanhã), em Setúbal (escultura doada pela Fundação Buehler-Brockhaus)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Segunda carta de Eugénio Lisboa - desta vez "aos governantes de Portugal"

Eugénio Lisboa reincidiu nos destinatários de mais uma carta aberta, ontem publicada por Eduardo Pitta no blogue "Da Literatura". Cáustico (como só se pode ser neste tempo), irónico (como só se pode ser neste tempo), lúcido (como se precisa de ser neste tempo), Eugénio Lisboa recorre a Swift (sécs. XVII-XVIII), o criador de Gulliver, que cita abundantemente, para incentivar os governantes na prossecução dos cortes. Na sequência da carta que já ontem aqui mencionei, vale a pena ler esta segunda... não tão cheia de ensinamentos quanto a primeira, mas demolidora. Cáustica, irónica e lucidamente demolidora!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eugénio Lisboa escreve carta aberta ao Primeiro-Ministro

Corre na net uma carta aberta dirigida ao Primeiro-Ministro português, subscrita por Eugénio Lisboa. É um documento a ler - pela qualidade literária, é certo; mas, sobretudo, por essa transmissão que resulta do saber ("de experiência feito"), da sensibilidade, da cultura, da humanidade e também pela ausência de todas essas referências neste período que nos vai invadindo.
Muitos de nós subscreveríamos aquela carta, independentemente dos efeitos de Cronos; muitos de nós aplaudimos o gesto de Eugénio Lisboa, que partilhou o sentir, num acto de cidadania e de verticalidade, sem as amarras justificadas pelas globalizações, venham elas de onde vierem.
É comovente a carta. Vale a pena lermos e vale a pena comovermo-nos.

Para a agenda: o 2º livro de João Miranda

O João Miranda é engenheiro mecânico e cultor de poesia. Nasceu em Lisboa, mas foi em Setúbal que cresceu e construiu os alicerces da vida. Tem um quarto de século e publica agora o seu segundo livro de poesia. O primeiro foi em 2007 e intitula-se As palavras varrem-se do meu pensamento tão depressa como eu as ia dizer (Corpos Editora); o de agora diminui no título mas acrescenta-lhe o enigma - Não há duas equações iguais (Lisboa: Chiado Editora, 2012).
A título de amostra, um excerto do derradeiro poema do livro, curiosamente intitulado "Autobiografia poética": «É bonita a estrada / que nos segue não é? // Sabes, sou estudante do engenho, / sou músico e, / acima de tudo, poeta. // (...) // Vivo de escrever, / escrever é o meu ar, / nunca te abandonarei poema / mesmo que por vezes te despreze / ou te incrimine. // De ti vivo! / Rendo-me à tua força e vontade, / faz de mim teu servo / porque sem mim também não o és.»
A apresentação vai acontecer em Setúbal, em 22 de Setembro, pelas 18h00. Serve de convite.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro, duas vezes



11 de Setembro de 1973, em Santiago; 11 de Setembro de 2011, nos Estados Unidos. Como escreve o blogoperatório de hoje: "É preciso recordar, nestes tempos em que tudo parece desabar à nossa volta."

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Setúbal antologiada em poemas


A poesia para ser bonita não precisa de grandes espaços; num livro de formato quadrado, com dez centímetros de lado, cabe muita poesia, mesmo que seja em duas dúzias de páginas… tal como acontece em Setúbal em poemas, recentemente posto à venda (Setúbal: Liga dos Amigos do Forum Luísa Todi, 2012), projecto coordenado por Alexandrina Pereira e pelo franciscano Frei Miguel.
Pela referência bibliográfica percebe o leitor a finalidade desta edição – um contributo para a conclusão das obras do Forum Luísa Todi, em Setúbal, cuja inauguração está prevista para 15 de Setembro, dia da cidade e feriado municipal devido ao nascimento de Bocage, ele próprio homem de poesia intensa.
Onze são os autores antologiados – Fernando Paulino, José Raposo, Alexandrina Pereira, Maria do Carmo Branco, Eduarda Gonçalves, Ilídio Gomes, Maria Fernanda Reis Esteves, Linda Neto, Carlos Rodrigues, Manuel Raimundo e Manuela Matos Silva, quase todos eles com obra já publicada em livro próprio, alguns deles apenas tendo passado por antologias poéticas.
Outros tantos são os poemas, que passam por marcas tão distintas quanto o Sado (“Escrevo com o teu olhar o rio”, diz Fernando Paulino, ou “Olho-o / das muralhas do castelo / correndo para o mar / muito mansinho”, na serenidade dos versos de Maria do Carmo Branco), a cidade (“Tens razão quando dizes / Que os teus filhos são felizes / Por viverem junto ao Sado / Cidade de encantos tais / de frondosos laranjais / Rainha do peixe assado”, desabafa José Raposo), a aguarela da paisagem (“Balouçam suavemente / os barquinhos multicores / dançando ao sabor da vida / são a promessa cumprida / no olhar dos pescadores”, matiza Alexandrina Pereira), as recordações (“A luz revela a miragem do sonho / Ternos laranjais / Guardados na memória”, lembra Eduarda Gonçalves), a Arrábida (“A serra dá-lhe o cheiro a rosmaninho”, no deslumbramento de Carlos Rodrigues).
O leitor passa por estes versos que povoam tão diferentes escritas e não tem a certeza se é Setúbal que se vê em poemas ou se são cantos de amor a Setúbal coados por poetas atentos, felizes numa paisagem feliz.
Uma iniciativa de solidariedade com uma obra necessária para a cidade. Um gesto que o Forum merece. E o agradecimento numa mão-cheia de versos e de poesia.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Memória: Francisco Finura (1929-2012)

Conhecida figura setubalense, Francisco Finura desencontrou-se da vida aos 83 anos. Na foto, Francisco Finura, em 15 de Setembro de 2010, quando foi agraciado pela Câmara Municipal de Setúbal com medalha de mérito.
[Foto cedida por Quaresma Rosa]

Prémio Literário Bocage 2012 já tem vencedores


Foram cerca de 500 os candidatos ao Prémio Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage, promovido pela Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA), na sua 14ª edição, nas modalidades de Poesia, Revelação e Conto.
O júri, reunido na noite de ontem, decidiu premiar os seguintes trabalhos:
- na modalidade de Poesia, a obra A Bocage, subscrita pelo pseudónimo “Tiago”, correspondente a António José Barradas Barroso (n. 1934), oficial reformado, natural de Vila Viçosa e a residir na Parede, autor já conhecido pelos prémios literários conquistados noutros certames;
- na modalidade de “Conto”, a obra O dia em que a Augusta morreu e depois merendou com as amigas, apresentada sob o pseudónimo Ana Isménia de Malaca, correspondente a Maria de Fátima Clemente Bica (n. 1966), professora, natural de Mira, a residir em Coimbra;
- na modalidade de “Revelação”, a obra Princesa da Gama, assinada por Eda Paixão, correspondente a Vânia Maria Rebola Pimenta (n. 1991), desempregada, natural de Redondo, que já obteve o prémio “Especial Juventude” da edição de 2008 do Prémio Literário Hernâni Cidade, promovido pelo município do Redondo.
A entrega do prémio terá lugar no final da tarde de 15 de Setembro, feriado municipal de Setúbal, dia em que se celebra também a data de nascimento de Bocage, o patrono do prémio.

sábado, 1 de setembro de 2012

Setembro, mês de Bocage

Bocage, na Rua Francisco José da Mota (Bairro de São Domingos), em Setúbal