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sábado, 3 de setembro de 2011

Memória: Gonçalo Freire dos Santos (1983-2011)

Na noite de 31 de Agosto para 1 de Setembro, num acidente na A2, ali para os lados do Fogueteiro, num despiste seguido de atropelamento, o Gonçalo despedia-se da vida. Aos 27 anos.
Desaparecia o sorriso com que recebia as pessoas e acabava-se o modo de ser interessado e atento a tudo. Findava um trajecto dinâmico e uma alegria que contagiava. Terminava uma relação boa com a vida.
Impressionante foi o testemunho do padre José Gusmão, pároco de S. Paulo (Setúbal), ao relembrar a inquietação do Gonçalo, há uns anos, perante a morte de um jovem, um final semelhante ao seu; mais impressionante foi o testemunho do irmão nas cerimónias fúnebres de hoje. Marcos Santos assinalou a juventude, a utopia, a alegria, as convicções e a boa disposição do irmão, elementos cativantes e cinzeladores do seu trajecto, levando todos os participantes a sentirem a memória de um modo feliz, antevista na “Oração de Santo Agostinho” – “Não estou longe, somente estou do outro lado do caminho. Já verás, tudo está bem. Redescobrirás o meu coração e nele redescobrirás a ternura mais pura. Seca as tuas lágrimas e, se me amas, não chores mais.”
E que dizer das palmas que irromperam à passagem do carro fúnebre? Uma saudação à memória, por certo, mas também um acto de agradecimento pelo testemunho que a vida terá sido. O gesto de aclamar foi instantâneo e rapidamente se alastrou, numa onda de solidariedade. Exemplar maneira de assinalar a memória!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pavarotti visto por Marcos Santos

"Luciano Pavarotti foi, sem dúvida, um dos maiores tenores e vozes do século, dotado de um timbre seguro, único, com uma emissão clara em todos os seus registos. De salientar o registo agudo, sendo considerado o Rei dos Agudos, especialmente dos famosos Dós de Peito – nome designado para cantar o DÓ, mas em voz segura e não em falsetto, como os tenores do séc. XVIII o faziam, pois a técnica vocal ainda não estava desenvolvida a esse ponto.
Tive o prazer de o ouvir ao vivo em Nova Iorque várias vezes, de que saliento uma audição da
Tosca em 1999, no Metropolitan Opera House. Estava eu tão curioso por saber como seria ouvi-lo ao vivo… Como seria a sua voz? Seria pequena? Mais feia do que nos cds? (hoje, nos estúdios de gravação, fazem-se tantas alterações às vozes!...) Mas, quando entra a personagem Cavaradossi em palco e canta as primeiras palavras, eu não podia acreditar!!! A voz era cem vezes mais bela ao vivo!!! Era impossível sair aquele som prodigioso de uma garganta dita normal! Fiquei todo arrepiado! Lembro-me de que foi uma das noites gloriosas que tive na ópera ao longo da minha vida de cantor. A sua voz tinha uma projecção fantástica, uma cor única e um brilho natural e impressionante. E era Bellissima a voz!
Pavarotti, de facto, não se mexia muito em palco nem era um grande actor, mas, com a sua voz, transmitia tudo – paixão, raiva, ciúme, alegria, nostalgia. Todos estes sentimentos, associados a uma técnica prodigiosa e a uma voz única, fizeram dele uma voz
Gloriosa.
O seu timbre de voz era único. Para além de ter uma dicção clara, era daqueles cantores que, assim que ouvíamos duas notas, sabíamos imediatamente de quem se tratava – era Pavarotti que estava a cantar.
De facto, quando ouvimos a famosa canção “
O sole mio”, só nos podemos lembrar de Pavarotti, pois na sua voz podemos visualizar um sol cheio e brilhante e cheio de força.
Bem haja,
Maestro Pavarotti!
"
Marcos Santos (tenor setubalense, 33 anos)

Pavarotti no desempenho de Cavaradossi (em Tosca, de Puccini), contracenando com Raina Kabaivanska [foto de www.abmusica.com]