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quarta-feira, 24 de abril de 2019

António Correia: o cidadão, o professor, o amigo



Conheci o António Correia como professor na Escola Secundária de Palmela, quando lá fui colocado, em 1989. Foi meu colega, foi director da Escola (Conselho Directivo), foi meu orientador durante a profissionalização em serviço, foi (é) meu amigo.
O António Correia é sempre um mestre. Sem favor! Tive o privilégio de trabalhar com ele. Tenho o privilégio de o ter como amigo. Tenho tido o privilégio de aprender com ele. O discurso que ouvi neste filme é o mesmo que me contou noutras alturas. Sem ser pretensioso, sem ultrapassar o que lhe é devido. Excelente testemunho, António Correia! Obrigado por tudo.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ler prazer, ler pra ser - Aluna de Palmela ganha prémio - intervenção



Ontem, pelas 15h00, no auditório da APEL, na Feira do Livro, em Lisboa, aconteceu a entrega dos prémios do concurso "Ler prazer, ler pra ser", promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL), em cerimónia presidida pelo Ministro da Cultura (Luís Filipe Castro Mendes), pela Comissária do PNL (Teresa Calçada) e por representante da Rede de Bibliotecas Escolares.
A vencedora do prémio no escalão do 3ª Ciclo do Ensino Básico foi Adriana Martins Ferreira da Costa Rodrigues, aluna do 8º ano na Escola Secundária de Palmela, que, ao agradecer, referiu que um livro pressupõe sempre uma diversidade de leituras e que a escola não pode incentivar a leitura com uma visão única sobre um livro, porque "uma história nunca é a preto e branco".
Adriana Rodrigues esteve acompanhada pelos pais, pela professora responsável da Biblioteca da Escola (Maria José Ribeiro) e por mim (por delegação da Direcção). Aqui reproduzo a intervenção que fiz no momento de atribuição do prémio à jovem palmelense (era suposto cada professor representante intervir num tempo máximo de três minutos):

Deixem-me começar com três versos sobre poesia: “A poesia é uma conversa / que só tem lugar quando ninguém está a ouvir. / É talvez uma dança ante o silêncio de Deus.” Estes versos, do livro Outro Ulisses Regressa a Casa, são de Luís Filipe Castro Mendes e creio que não os despersonalizamos se aplicarmos a magia que deles irradia à leitura, ao prazer de ler. Todos os livros esperam por leitores para se afirmarem, para com eles dialogarem, para nos acompanharem.
A leitura deve ser um imperativo de cidadania, algo que contribui para a nossa autonomia e para a construção de um mundo mais aprazível. Ler prazer, ler p’ra ser. Não por acaso, Sebastião da Gama, poeta e professor, no seu Diário, registou as experiências que considerava fundamentais com os seus alunos nas aulas de Português – além da questão do relacionamento, intensa era a relação com a escrita e com a leitura. Levar os alunos ao ato de ler, de saberem ler, era uma forma de ajudar o bem-estar deles, de os fazer descobrir valores, de os levar à descoberta do mundo.
Foi o mesmo Sebastião da Gama que, nesse Diário, transcreveu um magnífico poema do chileno Rafael Heliodoro Valle, intitulado “Oração ao Livro”, em que, a dado passo, diz: “Dá-nos, Senhor, o livro que todos podem ler, que seja para todos como o sol e todos o entendam como a água, que nos ilumine neste longo caminho que se chama vida – queremos luz –, que nos levante desta terra em que nos arrastamos – queremos asas.”
A história que a Adriana da Costa Rodrigues, aluna de 8º ano da nossa Escola, nos conta em 14 segundos consegue transmitir toda esta magia, toda esta capacidade que a leitura tem. E é por esse caminho que tentamos ir – o de incentivar a leitura (mesmo sabendo que a concorrência é difícil) e o de levar os alunos a experimentarem a literatura nos seus trabalhos de escrita (e é por isso que editamos anualmente uma antologia dos melhores textos dos nossos alunos). O contributo da Adriana dará, por certo, uma ajuda neste caminho. Por isso, parabéns, Adriana, em nome da Escola! E parabéns também ao Plano Nacional de Leitura pela missão de ajuda que tem tido com as escolas ao longo dos tempos!

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Ler Prazer Ler P'ra Ser - Aluna de Palmela ganha primeiro prémio



O primeiro prémio do concurso “Ler Prazer, Ler p’ra Ser”, na modalidade “trabalho individual do 3º Ciclo do Ensino Básico”, inserido na 11ª Semana da Leitura, promovido pelo Plano Nacional de Leitura, foi atribuído a Adriana Martins Ferreira da Costa Rodrigues, aluna do 8º ano na Escola Secundária de Palmela, e será entregue em cerimónia a ter lugar em 14 de junho, no pavilhão da APEL, na Feira do Livro de Lisboa.
O trabalho apresentado pela jovem palmelense, intitulado “O prazer de ler em todos os momentos e em todos os lugares”, consiste numa animação de 14 segundos, ilustrativa da descoberta do prazer de ler, resultante de 84 desenhos originais (seis imagens por segundo de animação), contendo fundo musical inspirado em compositores clássicos como Mozart, Schubert e Brahms.
A candidatura do trabalho da Adriana Rodrigues foi acompanhada pela professora Maria José Ribeiro, que, na Escola, dirige o Centro de Recursos e Biblioteca Escolar. Com este galardão, a biblioteca escolar receberá também livros para renovação do seu acervo documental no valor máximo de 500 euros.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Petição pública - Escola Secundária de Palmela




Caros Amigos,
Acabei de ler e assinar a petição: «Por um pavilhão desportivo na Escola Secundária de Palmela» no endereço http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PavilhaoAPEE-ESP
Pessoalmente concordo com esta petição e cumpro com o dever de a fazer chegar ao maior número de pessoas, que certamente saberão avaliar da sua pertinência e actualidade.
É necessária a solidariedade de todos para que os poderes deixem de fazer orelhas moucas perante um problema que criaram. Um Escola Secundária sem instalações desportivas condignas, sem um pavilhão desportivo há mais de uma década, com aulas de Educação Física a decorrerem ao sabor do clima e, muitas vezes, dentro de salas de aula normais... Assine e partilhe! Um dever de cidadania, apenas!
Uma 3ª fase das obras adiada e sucessivamente esquecida desde há 13 anos, faltando ainda sala de alunos, laboratórios e espaços de disciplinas específicas... Assine e partilhe! Um dever de cidadania, apenas!
Agradeço que subscrevam a petição e que ajudem na sua divulgação através de um email para os vossos contactos.
Obrigado.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Golfinho Parade, em Setúbal (01)

"Sado Adentro"
Maria Irene Pereira (professora), Fábio da Silva Leitão, Patrícia Alexandra Guerreiro
(Escola Secundária de Palmela)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Do Jogo ao Texto - Quando os alunos se encontram com a literatura

Ontem, na minha Escola, foi a apresentação da antologia de textos literários escritos por alunos intitulada Do Jogo ao Texto, alusiva a este ano lectivo, sessão que contou com alguns dos autores a lerem os seus próprios textos e com as intervenções de três grupos musicais participados por alunos da Escola.
Do Jogo ao Texto nasceu há 20 anos, perfeitos em Maio passado. Nessa altura, Maio de 1990, saiu o primeiro volume desta antologia, reunindo colaborações de meia centena de jovens. Depois, anualmente, até 1993, saíram mais três volumes. Dez anos passados, em 2003, surgiu a quinta edição deste projecto. E, volvidos mais sete anos, agora, foi a vez do sexto. No total, até hoje, 430 alunos deixaram palavras de criação neste suporte, em cerca de 400 páginas, alguns deles nunca tendo chegado a pensar que iriam ter o seu nome num livro por edição escolar que fosse.
Ainda agora isso aconteceu: quando enviei um mail aos alunos autores a dizer o que ia acontecer, uma aluna pensou que seria uma piada que o professor estava a fazer e não quis acreditar… e teve de certificar a informação com outras pessoas e, depois, comigo. “Não imaginava ser possível, professor!”
Nutro um certo carinho por este projecto, porque lhe dei início, tendo, nos anos seguintes, passado a responsabilidade de o manter a uma equipa que partia do seguinte princípio: aproveitar os textos de qualidade literária produzidos pelos alunos para que, no final do ano lectivo, houvesse uma antologia dessas mesmas peças. E assim tem sido, com envolvimento de professores, de turmas, da Escola, com entradas pela fruição estética e pelo aprender a desvendar os segredos que a literatura insiste em guardar e revelar.
Por esta selecta passam trabalhos amadurecidos, nuns casos, trabalhos surgidos de repente, noutros casos. Há textos que foram produzidos, revistos, demoradamente elaborados; há textos que surgiram em momentos especiais, como em testes ou trabalhos feitos na lufa-lufa das aulas. Há textos individuais e textos colectivos, uns e outros agora dados à partilha. Todos valem pela criatividade, pela mensagem, pelo tema, pelo esforço, pela experiência, pela estética.
A edição deste ano aloja 60 páginas por onde passam poemas e prosa, diários simulados, cartas a personagens, continuações de textos literários lidos em aula, recriações sobre a vida, sobre o amor, sobre a felicidade e sobre as dores, em português, em inglês e em moldavo.
É uma gota, eu sei. Mas que valeu a pena pelas alegrias que transpareceram nos rostos dos alunos ao lerem-se e ao lerem o que os outros escreveram. E também nos olhares dos pais que, na tarde de ontem, assistiram à apresentação.
A edição deste ano lectivo, a sexta, teve ainda a colaboração de uma dezena de professores e da Câmara Municipal de Palmela, através do Programa de Apoio a Projectos de Escola.

OS ROSTOS DAS EDIÇÕES ANTERIORES

Capas de Do Jogo ao Texto, de 1990, 1991 e 1992

Capas de Do Jogo ao Texto, de 1993 e 2003

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

António Fontinha contou histórias na Escola

“Vocês conhecem histórias tradicionais?” E foi a medo que um dos alunos respondeu: “Capuchinho Vermelho”. “Muito bem! E sabes quem é o seu autor?” Que não, disse o jovem. “E quem ta contou?” Já não sabia. “Eu também não sei quem é o seu autor ou quem ma contou.”
Quem assim conversava com os alunos era António Fontinha, contador de histórias tradicionais portuguesas, que ontem esteve na Escola a animar duas sessões com alunos do 7º ano. Receosos a princípio, apesar de saberem ao que iam (alguns até tinham lido a reportagem da revista “Única” do Expresso sobre contadores de histórias, saída na semana passada), os alunos foram, pouco a pouco, deixando que o envolvimento do fantástico tomasse conta deles. Ouviam “A lavadeira e o cágado”, seres dialogantes, história que desconheciam. “Vocês sabem que os contos tradicionais portugueses são muito pouco conhecidos?” E a história continuou até ao momento em que o pai da lavadeira a surpreendeu, pensativa, no quarto, na manhã seguinte. “Mas os contos tradicionais portugueses são muito curiosos e têm despertado muito interesse.” E a história acabava com agrado, depois de uma narração com trejeitos de diversas personagens, variações de voz (dando vozes), marcas de espanto e de surpresa, numa pluralidade sobre o palco a partir de um actor apenas, aquele mesmo, António Fontinha.
Depois, foram as adivinhas. Da mais simples à mais complexa. “As adivinhas são sempre exactas.” E Fontinha demonstrava, explicando e fazendo concordar os passos da adivinha com as características da solução. E alguns, usando a lógica que sabiam, aventavam soluções. E algum até acertou.
Foi uma sessão em cheio. “Só foi pena ser tão pequena”, diziam-me. Pois. Três quartos de hora cheios de magia e de passeio no reino da fantasia tinham voado. De António Fontinha ficou uma boa recordação e a vontade de verem, lendo ou ouvindo, algumas das histórias que constam no livro que a Câmara Municipal de Palmela editou há uns anos, recolhidas pelo próprio Fontinha no concelho (Contos populares portugueses ouvidos e contados no concelho de Palmela, 1997). Iremos ler algumas, claro, que o apetite ficou aberto!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Ondjaki, depois de uma leitura

Depois da leitura de algumas narrativas de Momentos de aqui (Lisboa: Editorial Caminho), fomos até Ynari- A menina das cinco tranças (Lisboa: Editorial Caminho, 2004), ambos de Ondjaki. Antes de lhes mostrar as ilustrações que Danuta Wojciechowska fez para este último, pedi-lhes que fizessem um desenho a propósito de um momento da história de Ynari. Eis sete propostas, de alunos de 7º ano, que partilho com gosto.
Adriana Santos e Joana Reis, Ynari, a menina das cinco tranças
Joana Simões, Quando o Homem Pequenino sai do capim
Carlota Paulino, Ynari encontra o Homem Pequenino
Beatriz Fortuna, Ynari encontra o Homem Pequenino
Joana Miranda, Ynari, o encontro
Luana Pinto, Ynari conversa com o Homem Pequenino
Catarina Barreiros, O Homem Pequenino leva Ynari à sua aldeia

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

José Fanha veio à Escola

Hoje, foi dia de José Fanha na Escola. Já lhes tinha lido vários textos do poeta, designadamente de A porta (Alfragide: Gailivro, 2009) e de Diário inventado de um menino já crescido (4ª ed. Alfragide: Gailivro, 2009), excertos que mexeram com eles, na ondulação dos sentimentos e da leitura. Hoje, foi dia de José Fanha na Escola, uma década depois de aqui ter estado com Francisco Fanhais (em Junho de 1999) numa actividade que celebrava o 25º aniversário da instituição.
José Fanha veio à Escola com o Pedro Reizinho (setubalense, com dois livros infantis publicados, editor de obras de sucesso). Ouviram-no com atenção e participaram nos desafios. O poeta contou histórias, leu poemas (seus e de outros – de António Lobo Antunes, de António Ramos Rosa, de António Jacinto, de João Roiz de Castelo Branco, de Ary dos Santos, de Lawrence Ferlinghetti). E os alunos riram, ouviram, participaram. E Fanha aconselhou sobre necessidade de ler, de ler, de ler (e também de ter cuidado com as informações da net, muitas delas falsas). E houve palmas. E sempre poesia. E houve apontamentos biográficos – “Vou contar-lhes a história deste livro, de um jovem de um tempo em que não se mamava e não se comia a ver televisão”, a lembrança da avó, as pinturas do filho parecido consigo “30 quilos atrás”. E houve atenção e sorriso. E autógrafos. E alunos contentes e surpreendidos.
À noite, a mensagem de uma mãe (de um jovem que não é meu aluno) para o telemóvel: “Obrigada pelo momento proporcionado hoje na escola. O meu filho não pára de falar dos poemas, das histórias e da maneira diferente de as contar.” Ora ainda bem! A poesia faz disto: imiscui-se, infiltra-se e faz com que se manifestem. Com a ajuda do artista, claro! E o agradecimento vai direitinho para o José Fanha… Creio que muitos destes alunos recordarão com prazer o tempo em que estiveram no anfiteatro a ouvir literatura.

domingo, 8 de novembro de 2009

Depois da leitura de "Homenagem ao Papagaio Verde", de Sena

O conto “Homenagem ao Papagaio Verde”, de Jorge de Sena [integrado na sua obra Os Grão-Capitães, disponível também na antologia Homenagem ao Papagaio Verde e outras histórias de animais (Col. "1001 Livros", 8. Lisboa: Lisboa Editora, 2006)], foi proposta de leitura. Quase no final da narrativa, o leitor “assiste” à morte do Papagaio Verde, depois de se ter apercebido do que significara esta personagem para o narrador. Foi pedido aos alunos para imaginarem que, nos últimos dias de vida, o Papagaio Verde tivera necessidade de deixar uma mensagem escrita para a criança que o acompanhara, relembrando a relação entre os dois e manifestando os seus sentimentos quanto ao que ambos viveram. Aqui deixo sete dessas abordagens, devidas aos meus alunos de 8º ano, com a contingência de ter sido um trabalho feito em aula, sem tempo para outros pensamentos e aperfeiçoamentos que pudessem acontecer fora desse espaço.
1) Ana Sofia Simões
Amigo:
Decidi deixar este documento escrito para te lembrares sempre de mim. Para que não te esqueças dos nossos passeios pela casa, dos nossos concertos ao piano e até do truque que me ensinaste com a vassoura. Nunca te esqueças que, sempre que precisares de um amigo, há um, algures no teu coração. Esse amigo é verde e voa.
Eu estou a morrer, disso já sabes. Os papagaios têm uma vida curta. A minha pode ter sido curta, mas foi óptima ao teu lado, companheiro. Por estes dias, parece que tenho alucinado, dizendo tudo o que me vem à cabeça, o que aprendi ou o que ouvi.
Eu sei que vais sentir a minha falta, mas a vida é mesmo assim. Uns nascem, outros morrem. Tu foste o único em quem confiei. Só me aguentei mais tempo porque me obrigavas a comer e porque dizias à tua mãe para me fazer o curativo…
Só te peço uma coisa: não te vás abaixo com a minha morte. Cuida do Papagaio Cinzento. Sê feliz por mim. Sei que não estarei a teu lado, mas também sei que vais ser feliz. A morte não é o fim do mundo… Talvez arranjes outro papagaio para o meu lugar na gaiola, mas eu sei que o do coração estará sempre reservado para os nossos dias de alegria e diversão.
Serás sempre o melhor amigo que alguma vez um papagaio teve.

2) Ana Veloso
Querido Amigo,
Sei que já não me restam muitas horas de vida e, por isso, quero deixar-te uma última recordação.
Em cada dia que passa, sinto-me cada vez mais fraco e a perder a minha grande beleza, mas tu estás sempre lá para carinhosamente me tratares e me dares a comida que eu próprio já nem consigo comer, embora logo de seguida, num movimento rápido e leve, me deite no canto da gaiola a desfalecer…
As músicas que tocas para mim no piano… confesso que me consolam, pois são as minhas músicas preferidas. Sei também que já faltaste à escola para ficares a cuidar de mim e a dar-me o teu ombro amigo e que, quando não faltas à escola, mal ela acaba, vens a correr para casa.
Sinto-me o papagaio mais privilegiado do mundo por te ter conhecido. Um grande obrigado por tudo.
Quando chegares, pressinto que já cá não estarei. Cuida bem de ti.
PS: Nunca te esquecerei. Foste o melhor amigo que alguma vez poderia ter arranjado.

3) Bárbara Arrojado
Querido rapaz:
Sei que estás triste por eu estar a morrer, mas quero que saibas que eu estou muito contente pelo que passámos juntos – as brincadeiras que fizemos dentro de casa, as visitas que fizemos ao Papagaio Cinzento e também por me teres cuidado assim tanto!
Espero que tenhas entendido o que é a amizade.
Não quero partir sabendo que vais continuar só e triste, porque eu sou um papagaio que gostou muito de ti, que te queria acompanhar por mais tempo, ensinar muitas mais coisas boas.
Mas também tens de perceber que não é por causa de uma “pessoa” que não vais ser feliz. A vida continua em frente.
Também não quero que te aborreças muito com a tua família. Como eu te disse, é a tua família.
Gosto muito de ti, não te vou esquecer (espero que não te esqueças de mim).
Papagaio Verde

4) Maria Antunes Marques
Querido e fiel amigo,
Agradeço-te tudo o que fizeste por mim. Agradeço-te por me teres deixado de fazer o curativo, porque, apesar de eu saber que era para meu bem, causava-me um enorme sofrimento.
Adorei aqueles momentos passados ao lado do piano em que eu, com as minhas garras (já sem força), agarrava a tua mão esquerda e tu, com a tua mão direita, tocavas as melodias que eu adorava, as mais belas, as mais pacíficas… Aquelas em que eu dançava mas que, naquela altura de sofrimento, estava incapacitado de fazer.
Agradeço-te por me teres tratado como um rei. Por me teres dado água e alimento, apesar de eu normalmente os recusar. Mas, de vez em quando, lá fazia um esforço, só para te agradar.
Agradeço-te por teres ouvido o meu reportório final. Aquele que era igual a todos os outros. As frases que eu costumava dizer, os palavrões que tu não devias ouvir e até aquelas palavras em línguas que tu nem sequer conhecias.
Sei que a última frase que me ouviste dizer não foi a mais agradável mas peço-te que me guardes na tua memória e no teu coração como um fiel amigo… Não! Como um fiel melhor amigo!
Bicadas Carinhosas
Papagaio Verde
P.S.: Vou guardar-te na memória e no coração até à eternidade.

5) Paolla Moura
Quando cá cheguei, sentia-me sozinho e amargurado. Passei por muitos lugares, navios, terras, florestas, mas nunca estive num sítio como esta varanda e eu sabia que ia ser para durar. Não tinha confiança em ninguém e as empregadas eram muito importunas. Ainda me lembro das vezes em que me deixavam encharcado e me aleijavam com a vassoura de modo a tentar irritar-me! Mas isso foi passando com o tempo, aquele ódio doentio pelos humanos, porque tinha de arranjar um espacinho no meu coração para ti. Continuava a odiar, mas a nossa amizade era mais importante e para mim marcou um novo ciclo na minha vida, um ciclo de amizade.
Lembro-me das malandrices e planos maldosos, porém divertidos, que fazíamos, passando por insultar os vizinhos com os mais variados e cómicos palavrões e a acanhar o Cinzento, aquela sombra da qual não gosto nem vou gostar. A monotonia foi desaparecendo e as divertidíssimas melodias ao piano tornaram-se habituais.
Eu ficava à tua espera, contando as horas, minutos e segundos, pois a minha única alegria eram as nossas brincadeiras. Mas o destino foi cruel e quis que eu apanhasse esta doença. Mas quero que saibas que, onde quer que esteja, vou sempre lembrar-me de ti e a nossa amizade vai sempre sobreviver ao tempo e até ao ímpeto da morte.
Obrigado, amigo.

6) Sara Santos
Querido Amigo:
Lembro-me bem daquela vez em que as criadas queriam lavar-me a gaiola, coisa que eu odeio, e me molharam. Tu foste ter comigo e limpaste-me docilmente as penas. Percebi nesse momento que não teria de ser reservado contigo. Ou de quando eu saí da “prisão” para melhor ver o céu, fazendo um alvoroço cá em casa, e tu apareceste lá com uma cara sorridente!…
Sabes?, adoro quando me levas para ao pé do piano e me tocas a minha música preferida. Nesse momento, sou uma abelha que encontra uma rosa pela primeira vez, sou uma mãe que vê o filho crescer…
O tempo que me resta é escasso, mas quero que saibas que só a tua presença me tira da sonolência, que só como para te fazer feliz.
Metade de mim já partiu, o exterior, e em breve partirei completamente. Guarda-me no lugar a que chamam “coração”.
O teu sempre amigo,
Papagaio Verde
PS: Cá fora, o tempo está agradável. Às vezes, vem uma brisa que me despenteia as penas.

7) Sofia Azevedo

Carta para o meu Amigo e Companheiro de sempre

Sim, sou eu, o Papagaio Verde, aquele que muitos desprezaram, ignoraram e fingiram nem sequer existir.
De todas as viagens que fiz, de todas as pessoas que conheci, tu foste o único que me acolheu, falou comigo, chorou comigo e até tocou para mim aquelas músicas de que eu gostava. Sim, as músicas, como eu as recordo! Alegravam-me e libertavam-me das angústias, sofrimentos, más recordações e, por vezes, até daquelas malditas alucinações.
Tanta coisa te queria eu dizer, mas só tenho estas linhas para te escrever… Vou, por isso, adiantar-me.
Lembro-me de quando te vi pela primeira vez. Eu pensei: “Mas que raio! Um pirralho agora para me puxar as penas e fazer-me arreliar!” Na verdade, eu pouco me engano, posso quase dizer que esta foi a única vez. Enganei-me redondamente. Foi pena só ter descoberto naquela tarde, a pior tarde da minha vida! Malditas empregadas, malditos banhos, estava eu tão nervoso, às voltas na gaiola, a pingar das penas e do bico!... Pensei não resistir, afinal a idade não perdoa e tão encharcado que eu estava!... Foste tu quem me acudiu, quem me enrolou num pano, quem me secou as penas e me disse palavras bonitas com uma calma voz. Nesse momento, olhei-te de forma diferente e vi-te não como miúdo mimado, mas sim como pessoa meiga e solitária. Tu completavas-me, eras o único humano que para mim merecia respeito!
Estiveste desde então sempre a meu lado, até ao fim, e digo bem “fim”, pois esse chegou. Deixo-te aqui as minhas palavras escritas. Com tudo isto só te queria dizer: adoro-te!
Saudades do Papagaio Verde

sábado, 10 de outubro de 2009

A República na minha Escola

Alunos da turma D de 12º ano da minha escola, orientados pela professora de História, apresentaram ontem à comunidade uma sessão sobre os 99 anos da República. Foram cerca de 60 minutos de evocação, de saber, de divulgação, de criatividade, de trabalho, de arte. Por ali passou o esforço de investigação sobre personagens ligadas à implantação da República; por ali passou a evocação do primeiro Presidente da República; por ali passou a poesia vinda das palavras de Antero de Quental, de Miguel Torga e de Manuel Alegre; por ali passou a música que interpretou e recriou "A Portuguesa" (que emocionou muitos dos presentes); por ali passou a generosidade de um grupo de alunos que fez encher um auditório para mostrar resultados do seu trabalho. Foi simpático, instrutivo, bonito e útil.
Não podia deixar de registar esta forma de, através do trabalho dos / com os alunos, a nossa contemporaneidade e o nosso passado serem vividos na Escola. Momento alto no (quase) início do ano lectivo, pois!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Marcelo Rebelo de Sousa explica aos jovens o conflito na educação

Três jovens, leitores da Forum Estudante em idade de ensino secundário, entrevistaram Marcelo Rebelo de Sousa, trabalho que teve publicação na revista de Fevereiro. A conversa abordou temas como a juventude, o estudo, a política, as Associações de Estudantes, os professores e também facetas do entrevistado. No final, os jovens entrevistadores testemunharam sobre o seu interlocutor nos seus dotes de comunicação, humor e clareza, vertentes que alunos da minha escola puderam testemunhar há cerca de um ano, quando Marcelo Rebelo de Sousa aqui esteve para falar da Europa, numa sessão que acabou por ser também sobre a vida, sobre a política, sobre o futuro, com muita pedagogia, ensinamentos e recomendações para o público. E os jovens estudantes da minha escola, população do ensino secundário, encantaram-se também com o discurso e com as recomendações feitas.
A revista está por aí disponível. A entrevista apela à responsabilidade social que os jovens também têm. E, como não podia deixar de ser, a educação foi também tema, mesmo pela origem dos entrevistadores... Quando Maria da Cunha, estudante do 12º ano do Colégio São João de Brito, perguntou qual a avaliação do papel da Ministra da Educação relativamente aos professores e aos alunos, a resposta de Marcelo Rebelo de Sousa foi: «O caso da Ministra da Educação foi um pouco surpreendente. Era uma pessoa desconhecida, não vinha do universo político, portanto uma pessoa com competência técnica interessada em resolver problemas urgentes do ensino em Portugal. A Ministra prometeu muito, avançou com algumas boas ideias. O pior é que ao lado dessas boas ideias se instalou, desde o início, uma ideia muito errada de tentar conquistar a opinião pública à custa do ataque aos professores, o que é uma coisa muito sedutora, mas muito perigosa. As pessoas aderiram, porque andavam sempre à procura de um bode expiatório e o 'bode expiatório' dos professores foi boa ideia, porque não podiam ser os pais (apesar de, em muitos casos, cada vez menos ligarem aos filhos), nem podiam ser os alunos (apesar de, nalguns casos, eles estudarem cada vez menos). A ideia de serem os professores repetida à saciedade, dramatizada e exagerada com manifesta injustiça teve várias consequências, sendo a primeira delas afastar os professores, colocando-os praticamente desde o início contra a Ministra. Os próprios pais começaram a cair em si e a achar a explicação de que a culpa era dos professores uma explicação muito simplista e que às tantas deixou de justificar tudo o que se faz e o que se deixa de fazer. O que é facto é que os alunos também se sentiram muito desmotivados pelo clima de guerrilha que se instalou nas escolas, porque a partir de certa altura o confronto não foi apenas com os professores, foi com os alunos e com uma parte dos encarregados de educação.»
Estas consequências de que fala Marcelo Rebelo de Sousa não passaram ainda, como se sabe. E teria sido importante, desde sempre, um pensamento como o que, hoje, a propósito de negociações com os enfermeiros e com os médicos, a Ministra da Saúde expressou: é que o ambiente de guerrilha não é bom para o exercício de uma profissão. Nem para o progresso do país, claro.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Força, Simone!

Há uns tempos, numa entrevista ao jornal Record, Simone Fragoso dizia: “uma boa classificação em Pequim seria melhorar os meus tempos e tentar chegar a uma final”. Hoje, quando vi a Simone no desfile da equipa portuguesa dos atletas para-olímpicos, do alto do seu metro, às cavalitas e a filmar, senti uma satisfação grande ao reconhecer a alegria, o optimismo, a energia e a boa disposição que sempre lhe vi enquanto aluna na minha escola. Força, Simone!
[foto no Expresso de hoje]

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Dos carrinhos de rolamentos

A turma apresentava um rendimento diferente das outras e havia que ir ao encontro de motivações que fossem propícias a conteúdos a leccionar, a trabalho em equipa, a participação na vida quotidiana da escola, a valorização dos jovens estudantes.
Na aula de Educação Tecnológica, surgiu a ideia dos carrinhos de rolamentos. E a construção começou. Com apuros nas sessões de aula, com ajudas em casa, com investimento da turma, com alegria, aplicando conhecimentos.
Hoje, foi a prova. Em pista improvisada, que aproveitou as condições físicas existentes. Equipados pela segurança. Com treinos. Com garra. Com participação. Em equipa. Com carrinhos decorados a preceito. E companheirismo. Sentiram o prazer da construção. E cumpriram as regras da aula, da segurança. E viveram a experiência de um tempo diferente, com o seu esforço e a correspondente valorização.
Ficam imagens dos bólides, em que elas e eles se lançaram na corrida das competências, em que eles e elas demonstraram que até numa prova deste tipo é necessária a solidariedade e o risco.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alice Vieira com o seu público

A escritora Alice Vieira esteve hoje na minha Escola. Pretextos: o facto de a Biblioteca da Escola ter editado uma antologia de poemas de alunos, concorrentes a um prémio no Dia Mundial da Poesia no ano lectivo passado; o facto de, recentemente, ter sido publicado o livro O meu primeiro álbum de poesia, selecção de poetas portugueses feita por Alice Vieira e ilustrada por Danuta Wojciechowska (Lisboa: Dom Quixote, 2008).
A escrita de Alice Vieira entusiasma os jovens, seja pelos retratos da adolescência traçados nas histórias, a que os jovens leitores se colam, seja pela busca da identidade que esses adolescentes-personagens sempre demandam, seja pelo quadro de referências relacionais que anima as narrativas, seja pelo humor que por ali transborda. Com facilidade encontramos leitores de Alice Vieira, nem que seja de uma obra apenas, independentemente de género.
Alguns alunos leram poemas por eles mesmos produzidos; outros leram poemas da antologia apresentada. Depois, Alice Vieira falou sobre poesia, contou histórias, riu-se, aproximou-se. E, depois ainda, no contacto com a escritora, brotaram perguntas sobre as obras, revelando curiosidade simples ou demonstrando algum conhecimento dos textos por ela assinados. Saltaram referências a Rosa, minha irmã Rosa (1979), a Graças e desgraças na corte de el-rei Tadinho ou a Viagem à roda do meu nome (ambos de 1984), a Flor de mel (1986), entre outros. Mas os leitores quiseram mais: Porque decidiu optar pelo jornalismo? Qual o livro que lhe deu mais gozo a escrever? Como lhe surgiu o título X…? Onde vai buscar imaginação para todas estas histórias? Porque começou a escrever?...
No final, a sessão de autógrafos. Inevitável. Alguns, leitores já conhecidos, traziam os livros que rebuscaram lá por casa. Outros, em descoberta recente, adquiriam os livros na bancada ali ao lado. Outros ainda, sem possibilidades de chegar aos livros, aproveitavam o desdobrável de apresentação da escritora que a Biblioteca fez para lhe pedirem um autógrafo e uma dedicatória… O contacto com a escritora era merecido. Falou-se e exerceu-se a leitura de uma maneira diferente. E gostaram!
No prefácio da antologia organizada por Alice Vieira, fica a recomendação: “Lembra-te que um bom poema nunca é aborrecido, nunca é banal, nunca te deixa indiferente. Como escreveu um dia um poeta (e grande professor) português chamado Sebastião da Gama: Poesia / para quê buscar-te para além dos astros / se andas tão perto da gente?

quarta-feira, 30 de abril de 2008

No seu último dia de Escola

Tenho uma amiga que leccionou hoje as suas últimas aulas na minha Escola. Olhando para trás e cavaqueando com o passado, recordo que sempre pensei que esta era a professora que não queria pensar na aposentação, que vivia também em função da Escola e, sobretudo, dos alunos. Muitas provas disso deu ela ao longo dos cerca de 20 anos em que trabalhámos na mesma Escola. Da “velha guarda”, daquelas que entrou no ensino e o praticou por convicção, por sentimento e por sensibilidade, crente numa Escola alicerçada sobre os princípios da liberdade, do fazer, do respeito, do partilhar com os alunos, seguidora das ideias de Sebastião da Gama, disponível para fazer tudo o que exigisse envolvimento, tudo o que implicasse novidade, manifestando sempre o ponto de vista resultante de leitura sua, pondo na actividade da Escola o mesmo cuidado (diria: carinho) que poria numa coisa “sua”… a Margarida foi mais uma das que não aceitou a imagem que, nos últimos tempos, se fez do professor e da Escola e, mesmo com algum prejuízo, embarcou no pedido de aposentação, que teve resposta rápida e a impediu de concluir o ano lectivo (que ela esperava levar até ao fim, mesmo por razões de estabilidade das turmas e dos cargos em que estava envolvida).
Reconheço o que partilhámos ao longo destes anos, o que aprendi com ela, o pilar que em muitas circunstâncias foi para a Escola e mesmo para mim. É justo que o testemunhe e o agradeça, quer pelos momentos bons, quer pelos mais difíceis e mesmo pelos que nem sempre foram de concordância.