sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cidades sem qualidades? (continuação)



Esta notícia, surgida na edição online Rostos de ontem, apresenta uma questão pertinente, que em nada se afasta da opinião já aqui veiculada a partir do blogue de José Teófilo Duarte.
Nestas coisas de ordenações e de rankings baseados em apreciações pessoais e pontuais, há que ter reservas. Um amigo que participou neste inquérito promovido pela Deco como inquirido dizia-me hoje que não se admirava dos resultados, sobretudo se se pensar que estaria ao alcance de qualquer inquirido denegrir a apreciação. “Não me admira que tenha havido gente que respondeu como oportunidade para derreter a imagem de Setúbal”, dizia-me ele.
Nestas coisas, como nos comentários abertos que pululam aí pela net, há que manifestar reservas. Liberdade de opinião, sim; seriedade nas abordagens, também; justificações certas e comprovadas para as opiniões, indispensáveis. O resto pode dar misturas em que, no final, ninguém se revê – nem os próprios inquiridos, nem os opinadores, que, juntos ou separados, julgavam ter uma visão representativa!...
Já agora, os resultados do inquérito intitulado “Qualidade de vida em 124 cidades de 5 países” podem ser vistos aqui.

Cidades sem qualidades?


É assim que se inicia o postal do José Teófilo com data de ontem, com o título que para aqui adoptei, a propósito de um "estudo" publicado que põe Setúbal na rota das piores cidades para se viver em Portugal. Vale a pena lê-lo para se perceber o alcance destes "estudos" ou a nossa adesão aos mesmos. Vale a pena lê-lo para se aprender a sentir a cidade, a (re)construir a cidade. Li e gostei.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Para a agenda - "vINHO rASGADO" com poetas, em Setúbal

Um lote de bons poetas, em interpretação de João Brás, numa sessão promovida na Sociedade Musical Capricho Setubalense. Em 30 de Junho, pelas 22h00. Serve de roteiro...

Para a agenda - Rui Zink, pelo TAS, em Setúbal, à 6ª e Sábado


Mais informação disponível aqui.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Parabéns, Selecção Nacional...


... pelo trabalho desempenhado, pelas alegrias dadas, pela "garra" demonstrada, pelo espectáculo de hoje! São vencedores da nossa confiança! Parabéns!

Máximas em mínimas (88) - Salvador Peres


Ser (e parecer) – “Nunca se é diferente daquilo que se é (…). Acontece algumas vezes que parecemos aquilo que não somos (…)! E essa mudança é enganadora, pois não só se engana o outro, como, às vezes, também nos enganamos a nós próprios, que amamos muito ser enganados.”
Esperar – “Uma longa espera é ocasião para uma profunda reflexão filosófica.”
Vida – “Nem sempre a vida nos corre da forma que mais gostaríamos. Mais tarde ou mais cedo, ventos contrários vêm varrer, com a violência das tempestades tropicais, a harmonia e a temperança da nossa existência.”
Salvador Peres. A vingança da ferramenta (1991)

Para a agenda: o terceiro livro de Salvador Peres

O seu primeiro livro data de 1991 e intitula-se A vingança da ferramenta. Quase uma década depois, em 2000, editou O armazém de palavras. Ambos são livros de contos. Agora, vem o terceiro, a ser apresentado no sábado, 30, pelas 18h00, no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, intitulado A travessa dos bispos escarlates e outras histórias. Autor comum aos três títulos? Salvador Peres, setubalense, 58 anos, artista acima de tudo. Serve de convite.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Para a agenda: "O Azeitonense" (1919-1920) em edição facsimilada



O primeiro número saiu em 3 de Agosto de 1919, um domingo, e tinha indicado o preço de 4 centavos ou de 40 réis. Chamava-se O Azeitonense e tinha como máxima afirmar-se como “órgão independente defensor dos interesses de Azeitão e arredores”. Dirigido por Gastão Faria de Bettencourt e administrado por Manuel Faria de Bettencourt, tinha como proprietária a Empresa Azeitonense e como editor Frederico Valido. A redacção e administração funcionavam em Lisboa, na Rua da Procissão. Publicava-se aos domingos e, no cabeçalho, era o leitor advertido de que não se aceitavam “comunicações anónimas”.
Circulou este jornal pelos anos de 1919 e de 1920. Objecto raro, tem agora a oportunidade de se dar a recordar aos leitores através do trabalho de Rui Peixoto que, com a colaboração do Jornal de Azeitão, promoveu a sua edição facsimilada. Vai ser apresentado na noite de 28 de Junho. É um convite.

domingo, 24 de junho de 2012

Marchas Populares de Setúbal 2012 - resultados finais


O Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” venceu as Marchas Populares de Setúbal 2012, em decisão tomada pelo júri após os desfiles a concurso, realizados nos dias 22 e 23, na Praça de Touros Carlos Relvas.
A colectividade, vencedora do concurso pelo segundo ano consecutivo, arrecadou ainda o prémio de apreciação global.
O Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça, além do segundo lugar na classificação geral, conquistou o prémio de coreografia, enquanto o Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, na terceira posição, teve a melhor cenografia.
A União Desportiva e Recreativa das Pontes, em quarto lugar, obteve os prémios de figurino e música. Viu ainda a madrinha da sua marcha, Inês Pereira, ser considerada a melhor.
Já o Grupo Desportivo Independente, sexto classificado, foi distinguido com o prémio de melhor letra.
As colectividades participantes ficaram assim ordenadas: 1.º - Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” // 2.º - Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça // 3.º - Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau // 4.º - União Desportiva e Recreativa das Pontes // 5.º - Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense // 6.º - Grupo Desportivo Independente // 7.º - Núcleo de Bicross de Setúbal // 8.º - União Futebol Comércio e Indústria // 9.º - Associação de Moradores do Bairro da Anunciada // 10.º - Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão.

Actualização em 6 de Julho
Em reunião entre a Câmara Municipal de Setúbal, o Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau e o Presidente do Júri, houve o consenso de o primeiro lugar ser atribuído conjuntamente ao Grupo Desportivo Setubalense "Os 13" e ao Núcleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, pelo que a classificação das restantes marchas ficou assim ordenada: 2.º - Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça // 3.º - União Desportiva e Recreativa das Pontes // 4.º - Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense // 5.º - Grupo Desportivo Independente // 6.º - Núcleo de Bicross de Setúbal // 7.º - União Futebol Comércio e Indústria // 8.º - Associação de Moradores do Bairro da Anunciada // 9.º - Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão. Ver fonte.

sábado, 23 de junho de 2012

Em Setúbal, o Bairro de Tróino tem poesia na parede

No Bairro de Tróino, um dos mais característicos bairros de Setúbal, há paredes que se têm oferecido à poesia, aí sendo semeadas quadras assinadas por Alice Ramos, versando as marcas, as figuras, o típico do local. Surgem numeradas, por aqui e por ali, surpreendendo o passante e evocando histórias da cidade. Aqui ficam algumas...








quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Visto prévio" nos exames e outras derrapagens...


O excerto é da edição online do Público e os acontecimentos revelam o extraordinário país em que estamos. Se o que é relatado foi verdade, adeus credibilidade do sistema! Se o que é relatado foi verdade, há que pensar nas penalizações para os responsáveis pela fuga de informação e para os coniventes.
As associações são sempre perigosas e arriscadas, mas, há uns anos, houve uma história com atestados médicos de alunos do secundário em tempo de exames também ali para as mesmas coordenadas geográficas… Coincidências, claro! Mas tristes coincidências!
Neste caso, como nas “derrapagens” anunciadas da Parque Escolar – que terá sido uma “festa”, como há uns tempos Maria de Lurdes Rodrigues disse –, tem de haver responsáveis responsabilizados. Se assim não for…

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aí estão os exames nacionais...

Começou na manhã de hoje o período dos exames nacionais, aberto com o exame de Língua Portuguesa do 9º ano. Prova acessível, equilibrada, pertinente, respeitando o programa, diversificada, culta, trabalhosa, valorizando mesmo a prática da leitura.
Tinha dito aos meus alunos que estivessem preparados para uma prova mais exigente do que nos anos anteriores, um pouco porque estava convencido desta necessidade, um pouco porque não se pode dar a ideia de facilitismo ou de menosprezo relativamente ao acto dos exames e do estudo.
Como muitos colegas, tenho estado convencido de que os resultados dos exames vão baixar, sobretudo depois de toda a onda de facilitismo nas transições e de facilidade nas provas a que a sociedade tem assistido. Veremos…
Nesta mesma manhã de exames, o jornal Público “descobriu” um eventual novo responsável pelos também eventuais maus resultados dos exames: o professor corrector. Depois do título “Resultados dos exames não dependem só do que os alunos sabem”, o lead respectivo na página do jornal (em suporte papel) adianta: “Falta de fiabilidade entre os correctores dos exames nacionais pode pôr em causa a equidade destas provas, alerta especialista em avaliação.” “Fiabilidade” em quê ou em quem?, perguntará o leitor, depois de ter sido levado a crer que será nos professores correctores.
Lê-se o texto e, afinal, qual é o problema? Carlos Barreira, universitário de Coimbra, “chama a atenção para a falta de fiabilidade entre os correctores, que considera ser um aspecto preocupante, pois também deste modo se pode questionar a equidade dos exames”. De facto, a questão está na qualidade dos critérios de correcção, ponto abordado por uma outra entrevistada ligada à área da Matemática. E na fiabilidade dos critérios de correcção. E na adequação dos critérios de correcção às provas. Recordo o exemplo dos critérios de correcção das provas de Língua Portuguesa de 9º ano do ano lectivo passado, que desfaziam o equilíbrio que a prova parecia apresentar… e os resultados foram o que se viu.
O "lead" do Público é, assim, menos correcto ou menos fiável e... verdade, verdadinha, não era necessária essa falta de cuidado. No final, o que ressalta da leitura dos comentários dos entrevistados é a necessidade de os critérios de correcção serem bem construídos e adequados. Bem pensados, é claro. Mesmo para que, depois, não se conjuguem no mesmo texto questões tão sérias (como a da qualidade dos critérios de correcção) com outras tão demagógicas como, por exemplo, quando Albino Almeida (das associações de pais) vem dizer que "os exames estão a avaliar o que as escolas não ensinam e o que os alunos não puderam aprender"... diatribe que me escuso de comentar.

domingo, 17 de junho de 2012

Parabéns, Selecção Nacional!


Com o percurso até aqui feito, depois de tudo, depois de todos... parabéns a toda a equipa, parabéns à Selecção Nacional! Parabéns!

Para a agenda - Marchas Populares de Setúbal 2012

As marchas populares de Setúbal, na sua edição de 2012, saíram à rua na noite de ontem, desfilando na Avenida Luísa Todi. No próximo fim de semana, a 22 e 23, desfilarão na Praça de Touros Carlos Relvas, cinco em cada dia. Um espectáculo de cor, de música e de imaginação! Registe na agenda...

Marchas Populares de Setúbal 2012 (10) - Grupo Desportivo Setubalense "Os 13"


O Grupo Desportivo Setubalense “Os 13” reuniu o comércio ambulante nas figuras dos cauteleiros e das floristas, ambos com característicos pregões, ambos a reunir os matizes da sorte e do amor.
Refrão: “Olha o cauteleiro / com o seu pregão / olha a lotaria / que é de S. João / Setúbal cidade / toda enfeitada / pelo Santo António / danças animada / olha a florista / vende um manjerico / compra a sorte grande / ganha um namorico / e o S. Pedro / abre a janela / para ver passar / a marcha que é mais bela.”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (9) - União Futebol Comércio e Indústria


A União Futebol Comércio e Indústria associou o seu aniversário (S. João de 1917) ao evento dos santos populares, apelando às memórias do que são as festas e a magia sãojoaninas.
Refrão: “Ora salta meu amor / ora dá cá um beijinho / em troca eu dou-te uma flor / qu’eu rezo ao meu santinho / ora viva para aqui / vamos saltar à fogueira / paixão eu quero-te a ti / mesmo que o teu pai não queira / outra volta vamos dar / pra terminar a marchinha / com balões a enfeitar / coração tu serás minha.”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (8) - Núcleo de Amigos do Bairro Santos Nicolau


O Núcleo de Amigos do Bairro Santos Nicolau aproveitou a onda do fado como património mundial para a sua motivação e recriou-o na sua cenografia.
Refrão: “Anda daí / ó cidade do rio Sado / a marcha que vês aqui / vem de mão dada com o fado / com a certeza / de nos mais simples recantos / veres a alma portuguesa / na marcha do Bairro Santos!”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (7) - Núcleo de Bicross de Setúbal


O Núcleo Bicross de Setúbal recordou as águas furtadas dos bairros tradicionais de Setúbal, ambiente de trabalho e de histórias de amor.
Refrão: “Da minha janela / ouço o assobiar / é o rapaz namoradeiro / com o seu jeito de andar / vem todo gingão / o moço solteiro / com sua boininha ao lado / sempre alegre e matreiro / aqui do teu bairro / eu quero levar / a moça namoradeira / para comigo dançar / tem nas lindas mãos / dom de bordadeira / na noite de São João / canta e dança a noite inteira.”



Marchas Populares de Setúbal 2012 (6) - União Desportiva e Recreativa das Pontes


A União Desportiva e Recreativa das Pontes seleccionou para tema da sua marcha a história da tourada em Setúbal, tomando como referência a criação da praça de touros Carlos Relvas em 1889.
Refrão: “Setúbal vaidosa / coloca uma rosa / no teu penteado / as saias aos folhos / realçam os teus olhos / e o xaile encarnado / o povo acena / e dentro da arena / já vai começar / a festa bravia / com muita alegria / que nos faz gritar / olé olé olé olé.”



Marchas Populares de Setúbal 2012 (5) - Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão

O Centro Cultural e Desportivo de Brejos de Azeitão procurou tema histórico relacionado com D. Afonso V e com a sua jornada em África, já que, para esse feito, navios houve que partiram de Setúbal.

Refrão: “Quando esta marcha passa / grita o povo e com razão / quando esta marcha passa / grita o povo: é Azeitão / quando a caravela desce / na avenida garrida / quando a caravela desce / diz o povo: é destemida / quando a caravela passa / grita o povo e com razão / quando a caravela passa / diz o povo por chalaça: / é destemida é Azeitão.”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (4) - Grupo Desportivo Independente


O Grupo Desportivo Independente tomou para tema a personificação da cidade sadina, chamando-lhe “Setúbal Maria, Maria do Mar”.
Refrão: “Ai ai Setúbal / és mulher varina / cidade sadina / rainha do mar / ai ai Setúbal / quem te descobriu / bem juntinho ao rio / jura cá voltar / ai ai Setúbal / cidade orgulhosa / de gente formosa / que diz a cantar / meu grande amor / varina peixeira / mulher verdadeira / Setúbal Maria / Maria do Mar.”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (3) - Associação de Moradores do Bairro da Anunciada


O tema da marcha da Associação de Moradores do Bairro da Anunciada contempla o ambiente das peixeiras e pescadores que diariamente convive com o quadro do Sado e da Arrábida, alicerçado numa história do pescador Manel com a peixeira Maria.
Refrão: “Vejam quem passa / garrida e altaneira / com ar de graça / bem ladina a peixeira / de mão na anca / grita pró seu Manel: / Meu amor tu vai pró mar / eu cá te serei fiel!/ Vejam quem passa / d’arquinho e balão / com ar de graça / o pescador que é gingão / de voz erguida / grita prá sua Maria: / Meu amor eu vou de noite / mas venho dar-te um bom dia!”


Marchas Populares de Setúbal 2012 (2) - Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça


O tema da marcha do Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça está relacionado com a vivência em torno dos festejos dos santos populares pelas populações dos bairros, lembrando antigas ruas da cidade que se enfeitavam para receber a festa.
Refrão: “Venham todos ver passar / esta marcha popular / os beijos são as cantigas / pra despertar emoções / traz a luz de mil balões / nos olhos das raparigas / na noite de S. João / bate forte o coração / vamos lá cantar até ser dia / toda a gente vai bailar / com os Ídolos a cantar / viva a festa, haja alegria.”



Marchas Populares de Setúbal 2012 (1) - Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense

O tema da marcha da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense é a evocação do ambiente romântico da época em que a associação foi fundada - Abril de 1882, num evento de rua em que as raparigas puseram perpétuas na lapela da farda dos músicos.
Refrão: "Ó Azeitão / aqui vais tu a mostrar / numa canção / esta história de encantar / tens orgulhosa / Filarmónica na aldeia / és preciosa / quando a arte se enleia / bem animada / tocas tangos, tocas valsas / e na arruada / São João quer ver as moças / deixas no ar / um perfume a manjerico / e vais marchar / daqui para o bailarico."




quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entre o dia "não" e o futebol que nos cega...


Não sou propriamente um adepto da Selecção Nacional na medida em que também não sou um adepto do futebol. Acompanho estas competições na medida do possível e o possível é pouco.
Vi o primeiro jogo de Portugal (com a Alemanha), mas não vi o jogo de ontem (de Portugal com a Dinamarca). Fui acompanhando o resultado porque me iam noticiando os golos por sms. Não tenho, pois, opinião sobre o jogo.
Hoje, na rádio, ouvi intervenções do público ouvinte sobre o jogo de ontem; ouvi também os títulos das primeiras páginas dos jornais. E, de facto, Camões tinha razão, muita razão, ao ter começado a sua obra maior – Os Lusíadas – com a glória dos portugueses e ao acabá-la com a palavra “inveja”, evolução (!) que ilustra bem, ainda hoje, o que é esta nossa maneira de ser…
A Selecção Nacional merece ser apoiada, incentivada e até criticada; não merece ser insultada. Os jogadores, colectiva ou individualmente, merecem ser apoiados, incentivados e até criticados; não merecem ser insultados. Muitas das vozes que hoje ouvi invectivaram Cristiano Ronaldo com frases próximas do insulto pelo dia de azar que terá tido no jogo de ontem. Se, no próximo jogo, Ronaldo for um bom marcador, as mesmas vozes cantarão hinos de glória ao atleta madeirense. Ou, pela mesquinhez, continuarão a dizer mal, porque o dever dele é… porque lhe pagam para…, etc., etc. Não gostava de ver toda esta gente de palavra desbocada em dia “não”!
Cristiano Ronaldo, como os seus companheiros, merece o nosso apoio, o nosso entendimento humano. Uns e outros têm dado alegrias em momentos diversos aos adeptos. Não se está sempre na mó de cima, todos o sabemos. Porque é que só aceitamos esta verdade para nós e não para os outros?
É este espírito mesquinho, de raiva e de ódio (frequentemente), que nos mata. E que me leva a não nutrir paixão pelo futebol. Mas a Selecção Nacional, pelos altos e baixos que tem tido, merece o meu aplauso. Mesmo sabendo que ganhar o campeonato pode ter a configuração da utopia…

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mia Couto - cinco excertos sobre a língua portuguesa (que nos une)


Na edição da revista Tempo Livre deste mês (Lisboa: Fundação Inatel, nº 238, Junho de 2012), é publicada entrevista de Mia Couto a Humberto Lopes em que são abordadas questões da literatura, da lusofonia, de Moçambique, do acordo ortográfico e da identidade. Aqui registo alguns excertos.
CPLP – “Qualquer organização que junta países que estão tão distantes tem que enfrentar [um] processo [que] tem que ser olhado com verdade. O que me faz aflição é que há quem pense que ela já está criada… E ainda não está, tem que nascer… Falta nascer no sentido em que essas organizações têm que nascer várias vezes… e têm que estar no lugar certo. Por exemplo, acontece qualquer coisa na Guiné ou em qualquer um desses países da comunidade e tem que se perceber como é que ela é útil e que conquistou um lugar.”
Países de língua portuguesa – “Esses países têm uma expressão diversa, são países que, sendo de língua portuguesa, têm outras línguas, têm outras maneiras de respirar e de pensar que têm de ser consideradas de forma inclusiva, que não se podem marginalizar. E isso significa pensar de todas as maneiras possíveis, económica, etc… Como fazer dicionários, como fazer trocas em que estas línguas falem realmente com o português, dialoguem com o português para que qualquer cidadão destes países possa saltitar entre as duas línguas, a materna e a língua portuguesa.”
Acordo Ortográfico – “O Acordo Ortográfico mexe com uma coisa tão pequenina, mexe com a ortografia, e a minha reinvenção não se opera exactamente aí… É um acordo que unifica tão pouco que não me parece que seja motivo para eu me preocupar… Acho que foi pena, sim, não se ter discutido coisas que eram bem mais importantes, como aquilo que são os nossos laços culturais e as distâncias das políticas culturais.”
Escrever – “As explicações que eu dou sobre as razões por que é que eu escrevo são sempre inventadas. E eu estou sempre a pensar em coisas novas porque não só uma explicação, há várias explicações disso que é a apetência de eu escrever, de criar e de fazer poesia. Mas eu acho que eu sou um escritor do território da poesia, essa é a minha casa. A prosa é uma viagem que eu faço para voltar, para sair de casa e voltar a casa.”
Linguagem – “A linguagem não serve só para descrever o mundo. A linguagem deve ter também uma função de o criar, uma vez que o mundo é sempre o resultado de um olhar, e de um olhar que é muito pessoal, que é sempre uma obra de reinvenção.”

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Para a agenda - literatura de viagens sobre a região de Setúbal no séc. XVIII


A região de Setúbal, Palmela e Azeitão vista por estrangeiros na época de Bocage. Um trabalho organizado por Daniel Pires, em edição do Centro de Estudos Bocageanos. Um encontro connosco e com a identidade, através do olhar de estrangeiros que nos conheceram e ajudam a conhecer...
No sábado, 16 de Junho, na Biblioteca Municipal de Setúbal, pelas 16h00. Um convite para mais uma presença. Para uso próprio e para passar aos amigos...

Para a agenda - um livro de José Francisco Costa


Mais uma actividade cultural promovida pela livraria Culsete, na sua já longa história de animação da leitura e do livro, que tem levado a cabo nas margens do Sado.
É no domingo, 17 de Junho, pelas 16h30.
Em foco estará a obra Ficou-me na alma este gosto..., de José Francisco Costa.
Leonor Simas-Almeida apresentará esta obra do escritor açoriano que, na década de 1970, chegou a Setúbal.
É um convite...

domingo, 10 de junho de 2012

O discurso de António Nóvoa no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas



António Sampaio da Nóvoa, presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, discursou hoje, mostrando a necessidade de conciliar o presente com todos nós e com Portugal, povoando a sua intervenção com vários nomes grados da cultura portuguesa, sobretudo ligados ao pensamento. Desse discurso, que pode ser lido na íntegra aqui, ficam excertos:
«Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização. Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também. (…)
Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos. (…)
No final do século XIX, um homem da Geração de 70, Alberto Sampaio, explica que as nossas faculdades se atrofiaram para tudo que não fosse viajar e mercadejar. Nunca nos preocupámos com a agricultura, nem com a indústria, nem com a ciência, nem com as belas-artes. As riquezas que fomos tendo “mal aportavam, escoavam-se rapidamente, porque faltava uma indústria que as fixasse”, e o património da comunidade, esse, “em vez de enriquecer, empobrecia”. Nos momentos de prosperidade não tratámos das duas questões fundamentais: o trabalho e o ensino. Nos momentos de crise é tarde: fundas economias na administração aumentariam os desempregados, e para a reorganização do trabalho falta o capital; falta o tempo, porque a fome bate à porta do pobre. Então a emigração é o único expediente: silenciosa e resignadamente cada um vai partindo, sem talvez uma palavra de amargura. Este texto foi escrito há 120 anos. O meu discurso poderia acabar aqui. Em silêncio. (…)
É esta fragilidade endémica que devemos superar. O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino. Parece pouco, mas é muito, o muito que nos tem faltado ao longo da história. (…)
Nas últimas décadas, realizámos um esforço notável no campo da educação (da escola pública), das universidades e da ciência. Pela primeira vez na nossa história, começamos a ter a base necessária para um novo modelo de desenvolvimento, para um novo modelo de organização da sociedade. É uma base necessária, mas não é ainda uma base suficiente. (…)
Existe conhecimento. Existe ciência. Existe tecnologia. Mas não estamos a conseguir aproveitar este potencial para reorganizar a nossa estrutura social e produtiva, para transformar as nossas instituições e empresas, para integrar uma geração qualificada que, assim, se vê empurrada para a precariedade e para o desemprego. (…)
25 anos depois, não esqueço José Afonso: Enquanto há força, cantai rapazes, dançai raparigas, seremos muitos, seremos alguém, cantai também. Cantemos todos. Por um país solidário. Por um país que assegura o direito às coisas básicas e simples. Por um país que se transforma a partir do conhecimento. Não podemos ser ingénuos. Mas denunciar as ingenuidades não significa pôr de lado as ilusões, não significa renunciar à busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo (Sophia).
Foi esta busca que me trouxe ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.»

Memória: Maria Keil (1914-2012)


Maria Keil morreu. Assim entra na memória uma das ilustradoras de referência da literatura dedicada à infância e juventude. Creio que um dos seus últimos trabalhos foi a ilustração do livro Florinda & o Pai Natal, publicação póstuma de Matilde Rosa Araújo (Lisboa: Calendário, 2010), área a que se dedicou depois de, na década de 1960, ter ilustrado a obra Páscoa feliz, de José Rodrigues Miguéis.
Em 2004, a Biblioteca Nacional organizou uma mostra bibliográfica sobre Maria Keil, com exposição de cerca de 160 referências. No catálogo, um texto de Matilde Rosa Araújo contava uma história que começava assim: “Maria fica sempre fora de todos os discursos. Há algo de imponderável, de não tocável ou que possa ser descrito na pessoa física, na personalidade tão rara de Maria Keil.” A história-testemunho avançava. E concluía desta maneira: “Maria, obrigada de todo o coração. Encontrar seu voo em livros meus foi, para mim, um raro presente da vida que a sua generosidade nunca me recusou. (…) Maria sábia em sua varanda.”
Provavelmente, muitos outros autores poderiam dizer o mesmo. Os desenhos de Maria Keil ficaram a enriquecer ainda obras de nomes como Alexandre Honrado, Alice Vieira, Álvaro Magalhães, Aquilino Ribeiro, Esther de Lemos, Graça Vilhena, Irene Lisboa, Maria Cecília Correia, Maria Isabel César Anjo, Maria Lúcia Namorado, Sophia de Mello Breyner e Teresa Balté, entre outros.
Fica-nos a alegria desses desenhos (bem como as outras múltiplas obras em que se desdobrou, designadamente a azulejaria). E a consciência do que é desenhar para crianças: “Não se deve entreter as criancinhas com as nossas fantasias, pois o trabalho é para elas. Não se deve minimizar, nem fazer coisas que os miúdos não possam entender. Eles percebem tudo, não é preciso estar a deformar uma figura…”, dizia Maria Keil numa entrevista a João Paulo Cotrim, publicada no Expresso em 2004 (“Maria Keil – A linha e o traço”. Expresso – supl. “Actual”: 28.Agosto.2004, pp. 18-19).

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lígia Figueiredo - a homenagem

Na manhã de hoje, houve lançamento de balões nas escolas que constituem o Agrupamento Vertical de Escolas Barbosa du Bocage, primeira manifestação da homenagem à professora Lígia Figueiredo, diretora do Agrupamento, falecida em 4 de Janeiro.
A homenagem vai prosseguir amanhã, envolvendo várias actividades:: missa campal, aberta a toda a comunidade, no pátio da escola-sede (Escola Básica 2, 3 de Bocage, em Setúbal), pelas 10h00; sessão solene, no auditório da Escola, reservada a representantes institucionais, pelas 11h00; cerimónia de descerramento de uma placa com a atribuição do seu nome ao auditório da Escola, pelas 12h00; visita à exposição evocativa do seu percurso pessoal e profissional, pelas 12h15.
Gesto simpático e merecido, organizado pelo Agrupamento, com convite à comunidade escolar para participar na cerimónia.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Para a agenda: Gestão "bipolar" do espaço urbano ribeirinho na zona central de Setúbal


Na zona urbana ribeirinha central, em Setúbal, a gestão do espaço público está repartida entre o Município de Setúbal e a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra. Convidamo-los a reflectir sobre a forma como a cidade se vai construindo tendo como base esta gestão ”bipolar”. A visita será feita pelos limites da gestão destas duas entidades e será guiada pelo Engº Francisco Silva Alves. Em vez de discutirmos este assunto entre quatro paredes, vamos para a rua ver como se passa.
Não é necessária inscrição prévia, basta aparecer.

É no sábado, 9 de Junho, acontecendo a concentração para a partida pelas 9h30, na sede da LASA (Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão), entidade organizadora, situada na Travessa do Garim, 6 (perto da capela de Santo António).


Rostos (177)

O leitor (no Palais Medina & SPA Hotel) em Fez (Marrocos)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A reorganização da vida na escola e o Despacho Normativo 13-A/2012


O Despacho Normativo 13-A/2012, do Ministério da Educação e Ciência, ontem publicado, provocou um bombástico título na imprensa de hoje: o dito normativo iria revolucionar a vida das escolas no próximo ano lectivo, graças a novas regras de organização do serviço docente.
Vale a pena ler o Despacho mencionado e ver até que ponto a imaginação pula e avança no sentido de tornar tudo algo estranho e muito complicado. É a reorganização da escola ou é a desconfiança sobre a escola? É a autonomia ou o controlo sem peias? É a igualdade de oportunidades ou é a dificuldade na organização do trabalho, com desconfianças sobre o trabalho dos professores?
Lê-se o normativo e fica-se a perceber o porquê de já ter sido anunciado que os directores das escolas vão ter reuniões com as direcções regionais de educação para explicação do normativo… É suposto que a lei careça de explicações adicionais para se saber o que quer dizer e como é aplicada? Onde fica o cidadão que deve conhecer a lei e usá-la convenientemente?
As escolas serão incompetentes ou o normativo está feito para criar dificuldade?
Termino com as palavras aqui lidas, devidas a José Alberto Quaresma: «Evoco, com nostalgia, um académico sensato e presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática durante sete anos, que parecia transpirar segurança em furtivas aparições televisivas e saber de um rumo para a Educação. Agora, não sei se por maus conselhos, de ministros, aplica receitas autocráticas, não ouve ninguém, e despacha à pressa.»

terça-feira, 5 de junho de 2012

Depois do "Prós e Contras"...

Acabado de ouvir o “Prós e Contras” na RTP-1, desta vez dedicado ao tema “gestão das escolas”, com a particularidade de o assunto serem as agregações.
Pensava vir a perceber as razões de tais decisões…
Assisti a intervenções sem interlocutores, a um discurso frágil no que às razões para tais decisões respeita, a perguntas sem resposta e a supostas respostas para perguntas que não figuraram no cenário.
Percebe-se que a educação não é uma pasta fácil, que é preciso muito mais do que participar no jogo político, que as escolas continuam a ser realidades olhadas à distância.
E a educação permanece o laboratório em que as experiências se acumulam ao ritmo de cada equipa que chega… sem que haja um projecto nacional para um caso tão sério como é o de educar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Máximas em mínimas (87) - Júlio César Machado


Amor – “O primeiro amor é muito cantado, mas não lhe fazem nisso favor nenhum, porque realmente o merece; basta ser o único tão isento de amor próprio quanto o amor pode chegar a sê-lo!”
Casamento – “Se quase toda a gente se casa moça, muito moça, é provavelmente por ser essa a idade da audácia, da coragem – estavam com medo que eu dissesse ‘das loucuras’? Nunca!”
Inveja – “A inveja é talvez o único sentimento engenhoso dos portugueses: frouxos de imaginação para tudo mais, são, nesse ramo da sagacidade humana, vivos, espertos e intrépidos.”
Observação – “O espírito de observação desenvolve-se visitando alternadamente as diversas camadas sociais; é necessário ter um pé nas salas e outro nas caixas de teatro: de uma vez na sociedade, de outra na folia; hoje pintores, amanhã burgueses; e principalmente, indispensavelmente, mulheres; quantas mais se conhecerem, melhores auspícios para o observador; a observação vem sobretudo delas, por elas.”
Júlio César Machado. “Prefácio”.
Álbum de caricaturas – Frases e anexins da língua portuguesa (de Rafael Bordalo Pinheiro), 1876.

domingo, 3 de junho de 2012

Rostos (176) - Adolfo Simões Muller

Adolfo Simões Muller (1909-1989), em Lisboa, na Praça das Amoreiras