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sábado, 21 de dezembro de 2013

Máximas em mínimas - Almada Negreiros

Depois de reler Almada Negreiros, em Nome de guerra (escrito em 1925 e só publicado em 1938)...

Amar – “Quando se gosta de alguém, gostar, gostar a valer, a gente não sabe mais nada neste mundo senão que gosta dessa pessoa. (…) Vão os dois para toda a parte, com ou sem dinheiro, andam juntos. Gostar é gostar.”
Autobiografia – “O trabalho para a autobiografia não é mais do que evitar aquilo a que outros nos quiseram forçar.”
Família – “Temos todos as nossas árvores genealógicas do mesmo tamanho. Lá no tamanho das árvores somos todos iguais. Mas é precisamente nas árvores que está a nossa diferença. Vê-se perfeitamente que a cada um aconteceu qualquer coisa que não se passou com mais ninguém. E aconteceu-nos antes ainda de nós termos nascido. É a árvore genealógica. Esse segredo do nosso segredo. Esse mistério do nosso mistério. Nós somos hoje o último fruto dessa árvore secular, secularmente secular!”
Lealdade – “Quando os inimigos se igualam, e igualadas as forças dos adversários, já não há outras esperanças senão as que ficam fora do terreno da lealdade.”
Mulher – “A mulher sabe perfeitamente melhor o efeito que produz nos homens do que o homem nas mulheres.”
Palavra – “O número de palavras não é infinito, mas é infinito o número de efeitos, conforme a disposição das palavras. Com vinte e seis letras do alfabeto escrevem-se todos os idiomas e não ficam escritas todas as palavras nem definitivos os dicionários.”
Realidade – “Não há mestre mais categórico do que a realidade a seco.”
Separação – “Quando duas pessoas separam as suas coisas que estiveram juntas, o que é de cada um é tão pouco que ainda é menos do que antes de conhecer aquele de quem se separa.”
Sinceridade – “Ninguém no mundo se pode queixar de ter sido vítima da sua sinceridade. O que pode é cada um ficar surpreendido com o facto de a sua sinceridade o ter levado mais longe do que lho permite a sociedade.”
Solidão – “O horror de estar só no mundo apenas o podem sentir aqueles que já perderam o melhor que tinham e não conseguem a certeza de nada.”
Verdade – “Aqueles que pretendem ver a verdade e não tiram os olhos de cima dela acabam por esquecer-se que a querem ver e ficam só a olhar para ela; mas os que fazem por esquecê-la, quanto mais se esforçam por distrair-se mais a verdade os agarra pelos pulsos e lhes fala cara a cara.”
Verdade – “Quem pensa sozinho não quer senão a verdade, as justificações são por causa dos outros.”
Vida – “Há vidas que é preciso encher com qualquer coisa de vez em quando.”
Vida – “São tão diferentes as idades da vida de cada um que quem não vai por essa diferença é porque parou numa delas. As idades da vida não se passam por alto; ou se vivem ou ficam por viver.”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Máximas em mínimas (75)

Sinceridade e política
«A sinceridade é indisciplinada; não transige. E eu, como sincero, sou intransigente, e seria sempre, por isso, um mau partidário - fosse do que fosse e de quem fosse.»
Trindade Coelho, em carta a Luís Derouet
(citado por Rogério Fernandes, em Ensaio sobre a obra de Trindade Coelho, 1961)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Entre o copianço e a ética

De vez em quando surgem as notícias sobre o plágio ou sobre o "copianço" e, por vezes, a explicação para tais casos - um texto que estava no computador, a sobreposição com as fontes, etc. Há bem pouco tempo, foi o caso de uma tese de doutoramento que terá sido decalcada a partir de uma outra defendida no estrangeiro; há dias, um investigador debruçava-se sobre o acto de copiar, puxando o assunto para trabalho académico e apresentando resultados avassaladores; há uns anos, foi o caso de uma colunista que, num artigo para uma revista, inseriu, sem indicar a proveniência, parte de um texto de outro autor publicado no estrangeiro... No quotidiano, na escola, vamos assistindo ao confronto entre o copianço e a seriedade, nem sempre saindo a última como vencedora. A net tem dado uma ajudinha nesta tentação, mas também tem servido para pôr a descoberto as quedas... Na última edição do Correio da Educação (da editorial ASA), o seu director, J. Esteves Rei, docente universitário, aborda o assunto de uma forma que merece a nossa atenção. De lá transcrevo.

«(…) É estranho que os alunos cheguem às universidades sem conhecerem claramente a dimensão ética da aprendizagem ou a relação entre o aprendente e aprendizado, tal como entre a fonte e a recepção da informação e do conhecimento.
Olhada a situação do lado do docente, também se estranha que, à primeira falta de clareza dessa relação, o professor não alerte o aluno dessa falha ética, apontando-lhe os riscos que corre perante a lei.
Do lado dos princípios, há que considerar os pressupostos e as grandes linhas de acção. Entre os primeiros, tenhamos presente que não há comportamento humano, individual ou colectivo, sem uma dimensão ética a envolvê-lo. Daqui decorre que cada indivíduo deverá identificar os princípios lógicos ou a razão ética, subjacentes às suas decisões, condutas ou comportamentos.
Na constituição desse conjunto de princípios há quem tome como ideia central o dever, ou o uso da razão, que no momento de agir se transforma em dever moral. As dificuldades na aceitação desta perspectiva nascem da impossibilidade de hierarquizar princípios quando surge o conflito entre dois deveres. Exige-se, então, ao indivíduo que saiba ponderar a importância de optar por um ou pelo outro.
Há, porém, quem escolha os princípios em função da utilidade das acções, em ordem a satisfazer o bem-estar dos agentes envolvidos e da sociedade, hoje ou no futuro. Neste caso, as reservas perante um princípio advêm da dificuldade em quantificar os riscos, danos e prejuízos, ao determinar a sua aceitação ou rejeição.
Como princípios gerais de uma ética aplicável a estudantes e professores, destacam-se os seguintes. A exigência de formação humana, intelectual e profissional deve ser timbre de qualquer escola, confrontando com ela o jovem, de qualquer idade. Por outro lado, não é possível crescer e agir humanamente sem pautar a sua vida por valores, assumidos pelo próprio e reconhecidos pela sociedade.
Num segundo patamar, situa-se a responsabilidade de aprender, pelo aluno e pela escola. Sem ela, não existem, nem esta nem aquele. A escola foi sempre uma zona franca para o espírito, um lugar amigável de encontro e descoberta do saber. Mas para isso exigem-se tolerância, abertura de espírito e respeito perante as dúvidas, as diferentes apreciações, os interesses e os ritmos de aprendizagem do outro, cujos limites se situam no dogmatismo, parcialidade, violência e falso consenso.
Por último, é indispensável a liberdade de opinião, método e pensamento. Tal atitude, a valorizar pedagogicamente, é propiciadora de soluções positivas para a resolução da maior parte dos problemas da sociedade. Todavia, a sua plena actualização tem como verso de medalha a solidariedade perante o outro e as regras aceites e sempre em reavaliação.»
J. Esteves Rei. “Quando copiar é uma fraude - Ética no ensino e na aprendizagem”. Correio da Educação. ASA: 17.Junho.2010.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Exames: Três em cada quatro alunos copiam na universidade

Este texto, que pode ser lido no Diário Digital de hoje, só surpreenderá os incautos ou quem viva num mundo tão virtual que não tenha qualquer semelhança com aquele em que vivemos. E quem diz "copianço" pode ainda dizer outras situações de favor para serem obtidos resultados positivos nos estudos, ainda que ambos comunguem da mesma característica - a fraude.
O que espanta é o ar de que tudo isto é normal. Aliás, na continuação da peça, é dito que os alunos não reconhecem o "copianço" como acto ilícito...
Há dias, tive uma prova disso: quando uma aluna tentava obter uma resposta para o teste, perguntando a solução a uma amiga, chamei-lhe a atenção. No final, veio falar comigo, dizendo: "Ó professor, vou ser sincera consigo. Só copiei a resposta X... Pode perguntar a Y..." Apenas comentei: "Porque queres ser sincera se já mentiste, pondo como tua uma resposta que não te pertence?" Ficou a olhar, embasbacada, porque nunca tinha pensado nisso... e eu fiquei a pensar que a sua prática irá continuar!...