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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Máximas em mínimas (94) - A escola e a casa

«Eu, durante todo o meu percurso escolar, esforcei-me por manter separados o mundo da escola e o da minha casa.  Se um dos mundos começasse a verter-se no outro, o mundo da minha casa ficaria contaminado. Deixaria de ter um lugar de refúgio. Ainda hoje me sinto contrariado quando se fala em 'colaboração entre os pais e a escola'. Também entendo que esta minha separação dos dois mundos conduziu, por sua vez,  a uma diferenciação de princípio entre a esfera privada e a sociedade. (...) O que vivemos na escola projecta-se numa imagem da sociedade.»
Tomas Tranströmer, in As minhas lembranças observam-me (Porto: Sextante Editora, 2012)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tomas Transtromer, Nobel da Literatura 2011


Lisboa

No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.

“Mas aqui!”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.

Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”

Tomas Tranströmer (poema de 1966)
(21 Poetas Suecos. Lisboa: Vega, 1980. Tradução de Vasco Graça Moura)