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domingo, 11 de março de 2018

Bocage: A primeira edição em livro em italiano




Intitula-se Importuna Ragione e é uma antologia de 40 poemas bocagianos (Bergamo: Edizioni Lemma Press, 2017). O título é tomado do primeiro verso do soneto “Importuna Razão, não me persigas” e o conjunto de poemas resulta de escolha de Daniel Pires na obra editada em e-book Da Inquietude à Transgressão: Eis Bocage (Biblioteca Nacional de Portugal, 2016).
Daniel Pires, estudioso e divulgador da obra de Bocage e diretor do Centro de Estudos Bocageanos, é também autor do prefácio, em que considera ser a poesia o “elemento vital do quotidiano de Bocage”, poeta que cultivou uma pluralidade de géneros e se assumiu como revolucionário, sendo “autenticidade e originalidade dois atributos” do poeta setubalense.
A antologia está dividida em dez partes: “Poemas autobiográficos” (cinco textos, em que não falta o “Magro, occhi azzurri, faccia scura”), “Poemas líricos” (quatro, aí constando o soneto que dá título ao livro), “Poemas de intervenção política” (seis, incluindo o soneto “Libertà, dove sei? Chi ti trattiene?”), “Poemas de intervenção social” (quatro), “Poemas do cárcere” (quatro), “Poemas eróticos” (quatro), “Poemas satíricos” (três), “As sete partidas do mundo” (quatro, com o inesquecível “Io mi assento da te, mio patrio Sado”), “A religião” (três) e “Doença e morte” (três).
Ada Milani teve a seu cargo uma nota biográfica sobre o poeta, bem como a tradução, que pretendeu ser coerente não só nas linhas de sentido, mas também no plano da sonoridade, do ritmo, da rima e do espírito. A obra contém ainda um texto posfacial devido a Vincenzo Russo, que considera Bocage “um poeta de transição, um poeta em trânsito”, afirmando, a propósito da designação de “pré-romântico” normalmente associada ao poeta sadino, tratar-se de uma “etiqueta” que permite “encontrar na obra de Bocage mais elementos do ‘novo’ que do ‘velho’”, assim salientando o carácter inovador da poesia bocagiana.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Para a agenda - "DiVersos", nº 18





Com a presença de três dos poetas incluídos (José Manuel Teixeira da Silva, Luciano Moreira e Teresa Ferro), naturais do  Porto ou fixados na região, e dois dos tradutores (José Carlos Marques e Teresa Ferro), também aqui fixados, será apresentada a série DiVersos - Poesia e Tradução, a propósito da publicação do seu n.º 18. Na sexta-feira, 17 de maio, às 18:15, no Porto, no Palacete Viscondes de Balsemão, à praça Carlos Alberto n.º 71.
Fundada em 1996 por quatro poetas e/ou tradutores naturais do Porto ou ao Porto ligados, a DiVersos é já hoje em Portugal uma das publicações de poesia mais longevas. A sua ligação ao Porto em nada impede que seja também decididamente universal, tendo até hoje traduzido mais de 130 poetas de 16 línguas diferentes e inserido poemas em língua portuguesa de mais de 130 autores, incluindo numerosos poetas do Brasil, e alguns de outros países de língua oficial portuguesa ou a eles ligados (Angola, São Tomé, Moçambique).
Obviamente… para a agenda!


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tolstoi: Guerra e Paz em edição comemorativa

Com o Público de ontem foi posto em distribuição o primeiro volume de Guerra e Paz, de Lev Tolstoi, com ilustrações de Júlio Pomar e prefácio de António Lobo Antunes, em tradução a partir do russo devida a Nina Guerra e a Filipe Guerra.
A obra, que vai ter uma dezena de volumes e assinala o centenário da morte do escritor russo, reproduz as ilustrações que Júlio Pomar fez para uma outra edição, em 1956-1958, com a particularidade de reproduzir também os estudos que as originaram. Em nota introdutória, o ilustrador considera que este romance “é declaradamente uma obra em aberto, (…) com a desmesurada ambição de pensar o mundo, característica maior dos grandes frescos de toda a literatura.”
António Lobo Antunes, que contextualiza o aparecimento e a recepção de Guerra e Paz (publicado em folhetins entre 1865 e 1869), conclui o prefácio com afirmações poderosas, considerando-o um “livro pantagruélico, devorador, desigual, (…) uma assombrosa manifestação da grandeza do espírito humano, produto de um canibal de génio que tudo engole e transforma segundo as suas leis pessoais”. Muito mais do que um “bom” romance, Lobo Antunes defende que o leitor está perante “a viagem indispensável ao interior de nós mesmos, pela mão de uma criatura tirânica e implacável, o espelho desmesurado e frequentemente arbitrário da nossa condição”.
Uma excelente oportunidade para o leitor acompanhar as campanhas napoleónicas e um retrato da Rússia oitocentista, pois!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

"Diário" de Sebastião da Gama editado em Itália

Sobre o Diário de Sebastião da Gama e sobre a recepção que ele tem tido, escreveu um dia Maria de Lourdes Belchior: "Este Diário se tivesse sido escrito em francês ou inglês já teria dado ao seu autor jus a ser conhecido em largos sectores do mundo da educação." (in Resendes Ventura. Papel a mais. Lisboa: Esfera do Caos, 2009, pg. 191).
De facto, a importância dada a esta obra de Sebastião da Gama tem variado ao longo dos tempos, mas mantenho que deveria ser de leitura obrigatória para professores, educadores, pais e políticos (pelo menos, os ligados à área da educação, independentemente do lugar que ocupem na política).
Por cá, isto é, por Portugal, pode haver quem goste mais de citar os pedagogos estrangeiros, dando razão a esse traço que nos caracteriza de imitarmos o que chega de fora, mesmo que o seu grau de qualidade seja inferior ao que se faz por cá... Mas outros nos descobrem, felizmente.
Pois é! Em Itália, na Università degli Studi della Tuscia, em Viterbo, uma edição de excertos do Diário vai ser apresentada publicamente, trabalho preparado por Maria Antonietta-Rossi (Frammenti di "Diario". Viterbo: Sete Città, 2010). Ver mais pormenores aqui.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Camões, grande Camões...

Os leitores de língua inglesa vão ter ao alcance a poesia lírica de Camões através da obra Collected Lyric Poems of Luís de Camões, com tradução de Landeg White, professor britânico que exerce a docência na Universidade Aberta, em Lisboa. A obra é editada pela americana Princeton University Press.
Transcrevo parte da nota de imprensa da Universidade Aberta sobre o acontecimento: «A antologia está organizada de acordo com as viagens de Camões, “o que permite a leitura do livro como uma viagem”, enfatiza Richard Howard, editor da série Lockert Library of Poetry in Translation. Howard sublinha também que a colectânea agora publicada é “um tesouro” que, “pela primeira vez, em inglês, contém uma colecção única de poesia do Renascimento e uma obra clássica da literatura ocidental”. Segundo um comunicado da Princeton University Press, a lírica de Camões é suficiente para o poeta ser colocado “entre os grandes poetas, mesmo se nunca tivesse escrito Os Lusíadas”. “Luís de Camões é famoso em todo o mundo como autor da grande épica do Renascimento, Os Lusíadas, mas a sua enorme e igualmente importante obra de poesia lírica é praticamente desconhecida fora de Portugal”, assinala a editora.»
A obra vai ser apresentada em Lisboa, no salão nobre da Universidade Aberta, em 25 de Setembro, pelas 17h30.
Gosto de ler Camões, sempre me deixei entusiasmar com a sua poesia lírica (manancial de descobertas e inesgotável fonte de formas de dizer o “eu”, o amor e a vida). Não podia, pois, ficar insensível a mais esta iniciativa que passa a alargar a leitura camoniana e a mostrar aos interessados um dos contributos da cultura portuguesa para o Renascimento. (Como estamos em mês de Bocage, tive que lhe pedir emprestado o título deste postal, parte de um dos seus versos...)
[foto: Camões visto por Casquilho, in Camões. Dir.: Óscar Lopes. Lisboa: Editorial Caminho, nº 1, Julho/Agosto.1980, pg. 20]