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domingo, 18 de outubro de 2009

A "Nova Águia" em torno de Pascoaes, com a sua voz

O quarto número da revista Nova Águia (Sintra: Zéfiro, nº 4, 2º semestre 2009), sob a direcção de Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio, já está na rua. O tema de capa é “Pascoaes, Portugal e a Europa”, que reúne abundante e diversificada colaboração, podendo considerar-se conjunto de bibliografia indispensável para o entendimento do pensar de Pascoaes.
Outro contributo importante deste número da revista para o conhecimento do poeta do Marão é a inclusão de um cd reproduzindo a leitura do texto “A alma ibérica” pelo próprio autor, Teixeira de Pascoaes, boa oportunidade para conhecer a voz do poeta que faleceu há mais de meio século (1952) e para ouvir um texto bonito sobre a Ibéria, onde, a dada altura, é dito: “A Ibéria é um corpo e uma alma. (…) O osso ibérico deu o esqueleto de Cervantes; a carne lusitana deu o coração de Mariana e o misticismo panteísta de Fr. Agostinho da Cruz, uma espécie de Francisco de Assis, em ingénua miniatura ou do tamanho da Arrábida.” E, quase no final da gravação, a Arrábida e o poeta de Ponte da Barca (que faleceu em Setúbal) voltam à voz de Pascoaes, depois de falar do sentimento de Unamuno relativamente a Portugal e à identidade ibérica, dizendo que “a expressão elegíaca da Ibéria, a mesma que recebemos na leitura de Fr. Agostinho” é a Arrábida, “olimpo místico e saudoso”.
Deste fascínio de Pascoaes pela Arrábida já nos testemunhara Sebastião da Gama em texto publicado no Jornal do Barreiro (nº 73, 11.Outubro.1951), sob o título “Carta de Setembro – Visita a Teixeira de Pascoaes” (depois incluído na obra O segredo é amar). Em 14 de Setembro desse ano, com Joana Luísa, sua mulher, Sebastião da Gama viajara até Amarante com a intenção de visitar Pascoaes, a quem ia oferecer os seus livros. Regressado desse encontro, em 23 de Setembro, ainda com a memória fresca, Sebastião da Gama redigiu a crónica para o periódico barreirense, testemunhando: “Na semana passada fui ver o Tâmega e o Marão. Fui ver S. Gonçalo de Amarante (…) Ali a dois passos ficava Pascoaes, o cantor do Marão e do Tâmega. Quis conhecê-lo. Tinha obrigação de conhecê-lo. (…) Era a gratidão pela sua poesia. Era mais: que eu fui à sua casa como um peregrino (…). E Pascoaes apareceu. (…) De repente, estávamos a conversar como velhos amigos. (…) Eu levava só a credencial de vir da Arrábida. Mas tanto bastava para aquele homem simples me receber de braços abertos. (…) E mais ainda ouvi-lo dizer: A Arrábida é que é o altar da Saudade. Eu pu-lo no Marão porque sou do Norte. Foi quando tive pena que Pascoaes não tivesse nascido na Arrábida. (…)”
Em torno do tema que a revista escolheu para este número, estão presentes os seguintes autores: Pinharanda Gomes (“Pascoaes e a alma da Europa”), Pedro Teixeira da Mota (“Da actualidade de alguns ensinamentos de Teixeira de Pascoaes”), Pedro Martins (“Da Terceira Idade à Segunda Vinda: Algumas notas sobre o Messianismo de Pascoaes”), Paulo Borges (“Índias espirituais e ilusão em Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa”), Miguel Real (“O perfil de Portugal segundo Teixeira de Pascoaes”), Maria Luísa de Castro Soares (“Ser Português e Ser Universal na obra de Teixeira de Pascoaes”), Manuel Ferreira Patrício (“A saudade e a pátria no Livro de Memórias de Teixeira de Pascoaes”), Luís Loia (“A arte de ser Português e a necessidade da educação para a Portugalidade”), Luís G. Soto (“A metade da vida na estrada de Europa”), José Lança-Coelho (“Teixeira de Pascoaes no Diário de Torga”), Fátima Valverde (“Teixeira de Pascoaes e René Char face à grandeza universal do teatro”), Dirk Hennrich (“A terra tardinha em Teixeira de Pascoaes”), César António Molina (“Teixeira de Pascoaes, poeta filósofo”), Celeste Natário (“Teixeira de Pascoaes: Uma metafísica da saudade”), António Telmo (“O passeio que ficou por contar”), António José Borges (“Idealismo e ética: Saudades futuras da nova arte de ser português”), António Cândido Franco (“Nota corrida sobre o pensamento geo-estratégico de Teixeira de Pascoaes”), Samuel Dimas (“Regresso ao paraíso celestial”), Rui Martins (“Pascoaes: Um testemunho vivo das maleitas e dos tormentos do Portugal de ontem e de hoje”), Risoleta C. Pinto Pedro (“A Europa como reflexo da imagem verdadeira”), Renato Epifânio (“Entre Portugal e a Europa: Cinco notas e uma interrogação”), Paulo Feitais (“Portugal, o rosto da Europa? Para uma ética do encontro e da perdição”), José Eduardo Franco (“Polónia, país gémeo de Portugal na Europa”), José Telles de Menezes (“Muros e sebes: Da cidade murada às aldeias a oeste do éden”), Joaquim Miguel Patrício (“Portugal e a Europa numa era global”), João Bigotte Chorão (“Europa, Europas”) e Adriano Moreira (“Europa, a matriz do Ocidente”).
[Fotos: capa do nº 4 da revista Nova Águia e encontro de Sebastião da Gama com Pascoaes em Setembro de 1951.]

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Padre António Vieira no voo da "Nova Águia"

Depois de ter dedicado o seu número inaugural à ideia de Pátria, a revista Nova Águia (Sintra: Zéfiro, nº 2, Outubro de 2008) traz para tema “António Vieira & o futuro da lusofonia”, bem pertinente, quer pelo aniversário vieirino que decorre, quer pela essência da lusofonia em si mesma.
A colaboração é vasta, diversa e rica. Sobre António Vieira escrevem: Adriano Moreira (“O centenário de Vieira”), Aníbal Pinto de Castro (“Vieira, uma personalidade e um texto de perene marca barroca”), Arnaldo do Espírito Santo (“O corpo e a sombra”), Carlos Dugos (Metáforas do V império e outras utopias”), Cátia Miriam Costa (“O verbo vieirino”), Dione Barreto (“O Sermão do Espírito Santo e a individuação: As vozes de Padre António Vieira e C. G. Jung”), Dirk Hennrich (“As lágrimas de Vieira e a tristeza tropical”), Pinharanda Gomes (“Uma ‘arte de pregar’ à sombra de Vieira”), Jorge Martins (“O filo-semitismo de António Vieira”), José Eduardo Franco (“O padre António Vieira e a Europa”), Lélia Parreira Duarte (“A arte irónica de Vieira e o Quinto Império de Portugal”), Luís Loia (“O padre António Vieira e o conhecimento dos futuros”), Maria Cecília Guirado (“Notícias do Brasil no século XVII: Vieira e a globalização”), Miguel Real (“O cabalismo do ano de 1666 em padre António Vieira”), Nuno Rebocho (“Memória de António Vieira na Cidade Velha”), Paulo Borges (Padre António Vieira: Génio e loucura”), Samuel Dimas (“A história escatológica do padre António Vieira: As três vindas de Cristo”), Sérgio Franclim (“A vida e o quinto imperialismo de padre António Vieira”), António Saias (“Um papo com Vieira”), texto colectivo intitulado “Valeu a pena?” e Manuel Ferreira Patrício (O padre António Vieira, a lusofonia e o futuro do mundo”).
Sobre a lusofonia assinam: Rui Martins (“Do futuro da lusofonia”), Ana Margarida Esteves (“Portugal e a lusofonia como propulsores da inovação social: a necessidade faz o engenho”), Mara Ana Silva (“A língua portuguesa é o mar que une a terra: a aliança entre homem e Deus”), Artur Alonso Novelhe (“Uma perspectiva galega do futuro da lusofonia”), Cristina Leonor Pereira (“2008: é novamente a hora!”), Eurico Ribeiro (“Portugal, que missão?”), Flávio Gonçalves (“Lusofonia, o pan-latinismo e a Eurásia como alternativas ao atlantismo”), Joaquim M. Patrício (“Realidades, desafios e futuro da lusofonia”), Paulo Feitais (“Das flores aos frutos: o futuro do mundo lusófono”), Renato Epifânio (“A língua-filosofia portuguesa como uma via aberta”), Rita Dixo (“Da língua portuguesa como imagem da nossa alma”) e Carlos Magno (“Lusofobia”).
Há ainda espaço para mais rubricas (poesia, crítica, pensamento), aí não esquecendo vários retratos sobre a revista, em que intervêm Miguel Real, Pedro Teixeira da Mota e Renato Epifânio, com textos que serviram para apresentação da revista e que relatam a história mais recente deste projecto. Entretanto, o tema do terceiro número da revista surge anunciado como “O legado de Agostinho da Silva 15 anos após a sua morte” (a sair em Abril de 2009).