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domingo, 10 de maio de 2015

Máximas em mínimas: António José da Silva, o Judeu




Depois de ler António José da Silva (1705-1739), o tal que foi vítima no mesmo auto-de-fé que acabou com a personagem Baltasar Sete-Sóis de Memorial do Convento, de José Saramago, o tal que foi cognominado "Judeu", ficam algumas verdades retidas a partir de Anfitrião, que tem o subtítulo de "Júpiter e Alcmena" (Col. “Clássicos Inquérito”, 14. Lisboa: Editorial Inquérito, s/d):

Amor – “Amor é como a Fénix que, para renascer mais belo, é preciso que, de quando em quando, se abrase nas chamas de um arrufo.”
Ausência – “Não há pior mal que o da ausência, pois ao mesmo tempo que acrescenta a saudade também acrescenta o tempo.”
Casamento – “Marido sem ser amante é o mesmo que corpo sem alma. Que importa que o matrimónio ligue o corpo se o amor não une as almas?”
Desejo – “Sempre a boca fala tarde quando madruga o desejo.”
Impossível – “Os impossíveis só se fizeram para os que verdadeiramente amam.”
Juiz – “Um juiz, para ser bom, há-de ser como um espelho: aço por dentro e cristal por fora. Aço por dentro para resistir aos golpes das paixões humanas e cristal por fora para resplandecer com virtudes.”

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Miguel Esteves Cardoso: Sobre o casamento


Na edição do Público de hoje, Miguel Esteves Cardoso é autor de um texto lindo sobre o casamento. Reproduzo-o, porque o subscreveria. Obviamente, com outra destinatária. Bonito! A ler e a sentir! 


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Máximas em mínimas (87) - Júlio César Machado


Amor – “O primeiro amor é muito cantado, mas não lhe fazem nisso favor nenhum, porque realmente o merece; basta ser o único tão isento de amor próprio quanto o amor pode chegar a sê-lo!”
Casamento – “Se quase toda a gente se casa moça, muito moça, é provavelmente por ser essa a idade da audácia, da coragem – estavam com medo que eu dissesse ‘das loucuras’? Nunca!”
Inveja – “A inveja é talvez o único sentimento engenhoso dos portugueses: frouxos de imaginação para tudo mais, são, nesse ramo da sagacidade humana, vivos, espertos e intrépidos.”
Observação – “O espírito de observação desenvolve-se visitando alternadamente as diversas camadas sociais; é necessário ter um pé nas salas e outro nas caixas de teatro: de uma vez na sociedade, de outra na folia; hoje pintores, amanhã burgueses; e principalmente, indispensavelmente, mulheres; quantas mais se conhecerem, melhores auspícios para o observador; a observação vem sobretudo delas, por elas.”
Júlio César Machado. “Prefácio”.
Álbum de caricaturas – Frases e anexins da língua portuguesa (de Rafael Bordalo Pinheiro), 1876.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Dia "histórico"

"Dia histórico" é expressão do agrado do Primeiro-Ministro. Já era no seu anterior Governo; continua a sê-lo agora. E, como se não bastasse um acontecimento para a "historicidade" do dia, desta vez houve dois eventos fartamente noticiados: de madrugada, o acordo entre o Ministério da Educação e as organizações sindicais dos professores, depois de quatro anos de questiúnculas e de teimosias; durante o dia, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo votada na Assembleia da República, depois de muitas discussões públicas em que o saldo continua a ser o "porque não" e o "porque sim", que estas coisas têm a ver com convicções íntimas, com crenças, com valores, com a vida privada. A relatividade das coisas ganhou também com este dia "histórico" - o que é verdade num dia pode deixar de o ser noutro. Questões de efemeridade, que nada parece ser definitivo! As consequências deste dia "histórico" estão para vir e oxalá resultem em benefício da sociedade, que não é pedir muito... Se assim não for, a "história" pregou-nos uma partida, mais uma vez.

sábado, 19 de dezembro de 2009

D. Manuel Clemente, prémio "Pessoa 2009", em entrevista

O suplemento “Actual”, publicado com o Expresso de hoje, reproduz entrevista com D. Manuel Clemente, bispo do Porto a quem recentemente foi atribuído o prémio “Pessoa 2009”. Homem de fé, de cultura, de dúvidas e de ideias, aqui reproduzo cinco tópicos dessa entrevista, todos eles cruzados com debates que estão na ordem do dia.
Trabalho – “O trabalho não é algo exterior à pessoa. Não é um simples meio ou expediente de sobrevivência. A realização de uma sociedade feliz é a realização de uma sociedade com trabalho. Não tenho dúvidas nenhumas de que a infelicidade que muita gente sente na sociedade portuguesa passa muito pelas dificuldades na obtenção de trabalho.”
Portugal – “Portugal é um país crítico. Não tem nenhuma razão de auto-suficiência e, no entanto, é o país com fronteiras definidas mais antigo da Europa. Mas nunca teve possibilidade de se sustentar sozinho. As nossas crises cerealíferas da Idade Média são endémicas. Nunca teve possibilidades, até humanas, quando foi da expansão ultramarina, de garantir uma imensidão como aquela por onde se espraiou. Não tinha possibilidade, no século XVII, de garantir, só por si, a sua independência. Depois do ouro do Brasil, o país fica destroçado. Demorou 50 anos a recompor-se, quando grande parte da Europa já estava mais à frente. Mesmo no século XX, tivemos situações de pobreza muito difíceis de ultrapassar em todos os campos. Portugal, como estudo de caso, é uma coisa apaixonante, porque é um país que não tinha nenhuma razão para subsistir e subsiste. Os portugueses subsistem apesar de Portugal.”
Família e casamento – “Desde que o homem tem consciência de si próprio, com uma enorme variedade, desde as grandes famílias de clãs até à família nuclear dos nossos dias, desde as famílias poligâmicas até às monogâmicas, há sempre um ou dois factores comuns: homem e mulher. A complementaridade masculino e feminino, bem como a possibilidade e a previsão da geração e da educação da prole. As sociedades depois constituídas como Estado reconheceram a família como factor básico de sociabilidade, de educação, de geração… Outras realidades que as pessoas livremente queiram ter e que até possam ser institucionalizadas terão outro nome, porque são realmente diferentes. Outra coisa é outra coisa.”
Liberdade – “Adiro e integro-me na sociedade liberal contemporânea que desde o final do século XVIII se tem sedimentado entre nós e que se conjuga em termos de liberdade. Isto é, da disponibilidade de cada um em levar a sua vida por diante de acordo com o seu próprio projecto. Mas não extravaso para a deriva libertária a que temos assistido desde a última guerra mundial, em que basta eu desejar para isso ser a razão suficiente para avançar, independentemente do que os outros pensam ou do que as instituições me peçam.”
Mistério – “Gostaria de perceber a relação da religião, e concretamente do cristianismo, com dois sentimentos básicos e dificilmente conjugáveis, na Humanidade e na Igreja, que são a segurança e a liberdade.”

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Minudências (29)

Ser plural
Ouvi nas notícias da noite, na televisão, um deputado socialista que dizia ter sido decidida a disciplina de voto na bancada do seu partido quanto ao casamento entre indivíduos do mesmo sexo, tema que vai ser discutido na Assembleia. Até aqui, nada de novo, que a gente já sabe como é que as votações se fazem - é mais a disciplina partidária, mandada por alguém, do que a disciplina de consciência individual. No entanto, fiquei incrédulo com o resto da argumentação do deputado: é que também foi decidido que apenas um deputado socialista, que já presidiu à organização da respectiva juventude partidária, tinha liberdade de voto, em virtude de já ter sido o rosto desta questão. E concluiu o deputado, dizendo que esta abertura provava que havia pluralismo no partido! Nunca tinha pensado no pluralismo como um fenómeno de excepção, mas a gente está sempre a tempo de aprender...