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domingo, 29 de março de 2009

Há 200 anos, no "desastre das barcas", Luísa Todi poderia ter sido uma das vítimas

Passam hoje 200 anos sobre o desastre da “Ponte das Barcas” havido no rio Douro, no Porto. A ponte, assente sobre barcaças, fora inaugurada três anos antes. Em 29 de Março de 1809, pareceu ser a salvação de muitos portuenses para passarem para o outro lado, em fuga, quando as tropas de Soult, na segunda invasão francesa, atacavam a cidade. Milhares de vítimas terão perecido.
Na confusão instalada, estava a setubalense Luísa Todi, então a viver no Porto. Ao biografá-la, em 1872, Ribeiro Guimarães evoca o episódio passado com a cantora: “Dirigiu-se à praia para embarcar. Levava consigo um saco com dinheiro e no acto de entrar para o barco, atrapalhada com o saco, escorregou e caiu ao rio. A criada teve a feliz lembrança de imediatamente lhe atirar um remo, a que se agarrou, e assim escapou à morte, perdendo todavia o saco com o dinheiro. Quando iam fugindo, uma bala francesa feriu a filha Maria Clara num joelho. Ela, sua filha e muitas outras pessoas acolheram-se ao lazareto, onde se viam desprovidas de todos os recursos, e a filha da nossa cantora sem nenhum tratamento. Era necessário alguém ir pedir ao general francês, ou a alguma autoridade, socorros e facultativo. Foi a própria Todi, que falava perfeitamente a língua francesa, quem se dirigiu ao general, que a tratou com extrema afabilidade e logo mandou um facultativo e socorros para o lazareto.”, conforme citação por Victor Eleutério, em Luiza Todi – A voz que vem de longe (Lisboa: Montepio Geral, 2003). Luísa Todi viveria ainda por mais 24 anos, até 1833, data em que faleceu com 80 anos.
O acontecimento de há duzentos anos está perpetuado em bronze, nas “Alminhas da Ponte”, na Ribeira do Porto, em obra de Teixeira Lopes, datada de 1897.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Há pouco mais de um quarto de milénio...

... em Setúbal, nascia uma criança que viria a receber o nome de Luísa Rosa de Aguiar. Aquela que se supõe ter sido a casa dos primeiros anos dessa menina ainda hoje existe, com lápide evocativa. Fica na zona de Tróino, na Rua da Brasileira, que, em 1753, data do nascimento da futura cantora, se chamava Rua de Coina.
O dia 9 de Janeiro desse ano foi o início do percurso para mais uma celebridade sadina, Luísa Todi. Entrava-se, aliás, num meio-século que viria a ser de ouro para Setúbal, devido às figuras que aqui surgiram e foram contempladas com a fama - dois anos antes, nascera o que viria a ser o poeta Santos e Silva; doze anos depois, era a vez de nascer o poeta Bocage; em 1785, começava a viver Teotónio Banha, militar e pintor; por aqui andou também, nesta época, o pintor José António Benedito Soares da Gama de Faria e Barros, que ficou conhecido por "Morgado de Setúbal" (que, tendo nascido em Mafra em 1752, passaria parte significativa da sua vida na cidade do Sado, onde faleceu em 1809).
Voltando a Luísa Todi, cuja casa tem sido objecto de notícias como futuro museu dedicado à diva, o seu percurso biográfico pode ser conhecido através de três importantes estudos: Luísa Todi - Estudo Crítico, de Joaquim de Vasconcelos (2ª ed. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1929); Luísa Todi, de Mário Moreau (Lisboa: Hugin Editores, 2002); Luísa Todi - A voz que vem de longe, de Victor Luís Eleutério (Lisboa: Montepio Geral, 2003). Para os mais novos, em biblioteca, pode ainda ser encontrada obra A vida fascinante de Luísa Todi, de Maria Isabel Mendonça Soares (Lisboa: Verbo, 1967).
[foto: na Pastelaria "Bambu", em Setúbal, na Fonte Nova]