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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Para a agenda: Ventura Terra, o arquitecto em Setúbal



Absolutamente imperdível! Foi inaugurada hoje, na Galeria Municipal do 11, na Avenida Luísa Todi, a exposição "Ventura Terra - O Arquitecto em Setúbal", quando se completa o ano em que foram celebrados os 150 anos sobre o seu nascimento, uma mostra que pode ser visitada até 26 de Agosto.
O visitante confronta-se com o tempo, com marcas da história da arquitectura em Portugal, com a obra de um dos mais inovadores arquitectos portugueses, com a delicadeza do traço que se estendeu um pouco por todo o país, englobando casas de habitação, construção religiosa, edifícios institucionais.
Através desse passeio no tempo e na obra do arquitecto de Seixas (que viveu 53 anos, com uma obra vasta que lhe ocupou apenas 26 anos), o visitante chega a Setúbal, que recebeu dele o estabelecimento balnear da Empresa Setubalense de Banhos, com começo de utilização em 1903, uma obra que teve pouco tempo de vida e que hoje só podemos "ver" através da documentação que a suportou e divulgou.
Retrato de uma obra e de uma época, esta exposição é de visita obrigatória. Pela história da arquitectura do século XX, pelo conceito de cidade, pelo percurso de um nome incontornável, pela marca na história local de Setúbal. Para a agenda!

domingo, 9 de julho de 2017

Para a agenda: Ventura Terra em Setúbal




O arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919) vai ter exposição em Setúbal, a inaugurar em 14 de Julho, pelas 18h00, na Galeria Municipal do antigo Quartel do 11 (Escola de Hotelaria e Turismo), sob o título "Ventura Terra - O Arquitecto em Setúbal".
A anteceder a abertura da mostra, haverá um ciclo de palestras, pelas 16h00, sob a responsabilidade de Fernando António Baptista Pereira, Ana Isabel Ribeiro, Inês Gato de Pinho e Alda Sarria Terra, e a apresentação do livro juvenil Açor - O Cão do Miguel Ventura Terra, de Gisela Silva, por Fernando Capela Miguel.
Arquitecto nascido em Seixas, no concelho de Caminha, Ventura Terra Deixou espalhadas muitas obras em Portugal, depois de ter estudado no Porto e em França, cujo governo reconheceu oficialmente o valor do arquitecto caminhante devido ao sucesso obtido no país que o acolheu.
A reconstrução do Palácio de S. Bento, a que Ventura Terra não assistiu devido a morte prematura, poderá ser a sua maior obra, mas outras atestam o seu mérito. Lisboa parece ser a cidade que mais património dele recebeu: quatro prédios galardoados com o Prémio Valmor em 1903, 1906, 1909 e 1911, além de uma Menção Honrosa em 1913; os liceus Camões (1907) e Pedro Nunes (1908); a Maternidade Alfredo da Costa (1908) e o Teatro Politeama (1912). No Minho, há o santuário de Santa Luzia (1903), em Viana do Castelo, e o restauro do Palácio da Brejeira, em Monção. Sobre a obra de Ventura Terra, afirmou Rui Mário Gonçalves que contém "uma renovação da linguagem arquitectónica, partindo de ultrapassados elementos neo-românticos e neo-clássicos, para tentar pô-los ao serviço de novos objectivos."
Setúbal teve também a marca de Ventura Terra no estabelecimento de banhos levantado a partir de projecto do arquitecto seixense no início do século XX, obra que foi estudada por Inês Gato de Pinho no livro Vilegiatura Marítima em Setúbal (Setúbal: LASA, 2010).

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Inês Gato de Pinho, "Vilegiatura Marítima em Setúbal"

O que poderia ser Setúbal se tivesse sido dada continuidade àquilo que, no início do século XX, se prefigurava na margem do Sado como uma estância balnear? A resposta pertencerá a uma espécie de história virtual, mas a pergunta pode ser feita com toda a legitimidade se pensarmos no complexo que ali existiu a cargo da Empresa Setubalense de Banhos e se quisermos especular a partir da forma como se conclui o livro Vilegiatura Marítima em Setúbal (Setúbal: Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão, 2010), de Inês Gato de Pinho, quando a autora regista: “Resta-nos reavivar a memória de um período pouco documentado e deixar em aberto a reflexão sobre o futuro que Setúbal teria como estância balnear.”
No final do século XIX, Setúbal era um destino de férias, motivado por condições climáticas e pelas suas praias (umas e outras excelentes), recomendado pela medicina e pelos publicistas (destacando-se, neste último grupo, o nome de Ramalho Ortigão, autor de obras como Banhos de Caldas e Águas Minerais, de 1875, e As Praias de Portugal, de 1876, ambas sugerindo sítios saudáveis de Portugal).
Sendo esta vocação sadina uma área mal conhecida na história setubalense, Inês Gato de Pinho consultou autores da época, como Arronches Junqueiro ou o próprio Ramalho Ortigão, leu recortes jornalísticos da Gazeta Setubalense ou de A Folha de Setúbal, cruzou informações trazidas pelas investigações de Rogério Peres Claro e de Carlos Mouro, por fotografias e postais da época, verificou processos e projectos de arquitectura, e reconstruiu o que seria Setúbal enquanto cidade acolhedora de turistas nesse início do século XIX.
O leitor pode assim circular no Passeio do Lago, ao mesmo tempo que lê os conhecimentos da altura ou que passa os olhos pelos escritos de Paulino de Oliveira, pode contemplar a paisagem já centenária e sentir o olfacto invadido pela labuta piscatória, venha ela do afã com que as redes são tratadas ou dos odores que ressaltam das fábricas de conservas de peixe, pode mirar as páginas da revista social Ilustração Portuguesa, pode penetrar no luxo que dominaria o Cais do Trindade ou vaguear pelas alas do estabelecimento de banhos que a Empresa de Banhos Setubalense levantou a partir do projecto do arquitecto seixense Ventura Terra. Tudo suficientemente documentado e ilustrado. Simultaneamente, o leitor pode ainda ver como a cidade de Setúbal tem sido um ponto de encontro (ou de choque) entre modas nem sempre conciliáveis com uma visão de ordenamento da cidade, antes preferencialmente sujeitas àquilo que no momento mais dá….
E termino quase como comecei. “Um momento supôs-se que, desde Setúbal até ao Portinho da Arrábida, se estenderia, em poucos anos, uma linha de construções marginais, chalets de luxo e vivendas formosas, em volta das quais iriam tomando vulto povoações de recreio e de repouso. Viriam a finança e a aristocracia semear o seu ouro fecundo, transformando a encosta inútil em uma admirável estação marítima, que só teria rivais na margem do Tejo, de Lisboa a Cascais, e na margem do Douro, do Porto a Leça da Palmeira.” Quem assim escrevia era Câmara Reis, na já referida Ilustração Portuguesa, em Junho de 1918, citado pela autora. Desse sonho, algo visionário, ficou o palacete da Comenda, mandado construir pelo representante da França em Portugal, o Conde Armand, e projectado por outro arquitecto português de renome, Raul Lino. O resto… pertence às memórias que a autora percorreu e à tal história virtual.