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domingo, 2 de novembro de 2014

Casa dos Estudantes do Império - do 70º aniversário até à reedição de marcos da literatura de expressão portuguesa



A criação da Casa dos Estudantes do Império (CEI) data de 1944. O ano de 2014 constitui, por isso, uma data redonda, a dos 70 anos desta organização. Viveu até 1965 e, cumprindo a sua função de unir em Lisboa e Coimbra os estudantes do que foi entendido como sendo o império português, mais certo foi que afirmou os alicerces de uma intelectualidade que viria a ter intervenção na política, na sociedade, na cultura daqueles que são hoje os países lusófonos a partir de África.
Uma das suas vertentes foi a da edição, na área da literatura e do ensaísmo sobre os países africanos de língua portuguesa. Obras esgotadas e procuradas de há muito, bastantes delas apenas com edição a cargo da CEI, o leitor de língua portuguesa tem agora a possibilidade de aceder a parte significativa do “corpus” editorial de autores ligados a esta organização, por onde passam muitos dos autores fundadores das literaturas africanas de expressão portuguesa.
A propósito da data, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em parceria com o semanário Sol, começou na sexta feira a reedição (a partir das primeiras edições) de um conjunto de 23 obras que integram o património editorial de autores ligados à CEI. Tais publicações, em distribuição pelos vários países de língua oficial portuguesa, são oferecidas na aquisição do periódico e, com a edição de sexta feira, foram apresentados dois títulos, justamente os dois primeiros que formam a fortuna editorial da CEI – Linha do horizonte (1951), do cabo-verdiano Aguinaldo Fonseca (1922-2014), e Godinho e outros contos (1952), do moçambicano João Dias (1926-1949).
O título de Aguinaldo Fonseca foi o único publicado em livro que o seu autor nos legou. Obra de poesia, em que predomina o lirismo da cabo-verdianidade, tem o seu primeiro poema intitulado “Círculo”, que define o sonho – “O fim dum sonho é o começo doutro, / Cada horizonte outro horizonte aponta / E uma esperança morta outra esperança aquece… / Há mágoas, alegrias, desesperos… / E a gente, insatisfeita, / Enquanto ri ou chora ou canta ou fica triste, / Vai nascendo, morrendo e renascendo, / Cada dia, cada hora, cada instante, / Noutra vida, noutro sonho, noutra esperança.” Imagens como a da revolta ou a da identidade, figuras como a do povo, do vagabundo ou a da “mãe negra”, o papel do poeta e a função do poema, entes queridos como a mãe (em “Poema vazio”) ou o anúncio da “nova poesia” ou da esperança (“Bate, bate, bate / O meu coração / Pela estrada longa da minha esperança!”) constituem eixos de leitura de uma expressão forte.
O que a obra agora editada de Aguinaldo Fonseca contém de lírico tem a de João Bernardo Dias de denúncia. Godido e outros contos é um conjunto de narrativas dominado pelo título homónimo de “Godido”, retrato intenso do sofrimento pela humilhação devida ao racismo, cujo narrador não está isento de uma acesa tomada de posição quanto à exploração de que a personagem e o seu povo são vítimas.
Até 27 de Março de 2015, o jornal Sol vai, pois, oferecer livros de autores que estiveram ligados à CEI (um por cada edição semanal), constando na colecção (designada como “Autores da Casa dos Estudantes do Império”) nomes, além dos dois já republicados, como os de Agostinho Neto, Luandino, Craveirinha, Alfredo Margarido, Mário António ou Viriato Cruz, entre outros. A não perder, mesmo porque constitui uma excelente oportunidade de se conhecer muito do que de melhor foi produzido no âmbito dos países da CPLP.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Catorze obras para 800 anos de literaturas em português



“800 anos de literaturas em português” é o título da colecção de obras literárias que o jornal Público vai passar a ter a partir de 21 de Outubro, assim pretendendo assinalar os 800 anos sobre o documento mais antigo escrito em português.
Característica comum a essas obras é o facto de esta série reunir fac-símiles de primeiras edições pertencentes a um tempo que vem desde o século XVI até ao século XX, como se pode ver pelos títulos que sairão: Menina e Moça, de Bernardim Ribeiro (1554); Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto (1614); Camões, de Almeida Garrett (1825); Os Maias (2 volumes), de Eça de Queirós (1888); Flores de Coral, de Alberto Osório de Castro (1908); Pau Brasil, de Oswaldo de Andrade (1925); Ilha de Nome Santo, de Francisco José Tenreiro (1942); A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade (1945); Chiquinho, de Baltasar Lopes (1947); Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa (1956); A cidade e a Infância, de Luandino Vieira (1960); Karingana ua Karingana, de José Craveirinha (1974); Entre o ser e o amar, de Odete Costa Semedo (1996); Cantigas de Trovadores.
Passam, assim, textos que atravessam a história da língua portuguesa desde a lírica galego-portuguesa, com motivos e autores de Portugal, de Timor (Osório de Castro), do Brasil (Oswaldo de Andrade, Drummond e Guimarães Rosa), de São Tomé e Príncipe (Francisco José Tenreiro), de Cabo Verde (Baltasar Lopes), de Angola (Luandino), de Moçambique (Craveirinha) e da Guiné (Odete Semedo).
O primeiro título a chegar ao público sai no dia 21 – o primeiro volume de Os Maias.

domingo, 13 de outubro de 2013

Edições facsimiladas da Biblioteca da Universidade de Coimbra



O diário Público começou a editar a colecção "Primeiras edições facsimiladas" a propósito da passagem dos 500 anos da Biblioteca da Universidade de Coimbra. O primeiro número da colecção foi essa obra que é fundacional em termos de identidade e que continua a obra magna da cultura e da literatura portuguesa que é Os Lusíadas, de Camões, pela primeira vez editada em 1572, saída na 3ª feira passada. Para 15 de Outubro, 3ª feira (dia em que saem os vários títulos da colecção), será a vez do Padre António Vieira e do seu livro "anteprimeiro" da História do Futuro, que teve primeira edição em 1718.
Uma colecção simpática e importante, que a todos mostrará também a história do livro em Portugal, além de fazer um percurso por obras identitárias da cultura portuguesa, tal como se pode ver pela lista dos títulos que se seguem aos dois já enunciados: Mau tempo no Canal (1944), de Vitorino Nemésio (22 de Outubro); O crime do padre Amaro (1876), de Eça de Queirós (29 de Outubro); Portugal na balança da Europa (1830), de Almeida Garrett (5 de Novembro); Esteiros (1941), de Soeiro Pereira Gomes (12 de Novembro); Nome de guerra (1938), de Almada Negreiros (19 de Novembro); A confissão de Lúcio (1914), de Mário de Sá-Carneiro (26 de Novembro); Portugal pequenino (1930), de Maria Angelina e Raul Brandão (3 de Dezembro); As praias de Portugal (1876), de Ramalho Ortigão (10 de Dezembro); Fado (1941), de José Régio (17 de Dezembro); (1892), de António Nobre (24 de Dezembro); Contarelos (1942), de Irene Lisboa (31 de Dezembro); Grandes aventuras de um pequeno herói (1946), de Natália Correia (7 de Janeiro); Mensagem (1934), de Fernando Pessoa (14 de Janeiro) e Coração, cabeça e estômago (1862), de Camilo Castelo Branco (21 de Janeiro). A não perder!