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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

1º de Dezembro, a Restauração


Pela segunda vez, o feriado comemorativo da Restauração da Independência não é assinalado. Por muitos discursos que se façam sobre a data - podendo mesmo virem do poder político - não foi um acto de coragem ter suspendido este feriado. Por ser fundacional, por ser evocativo de algo que cada vez vai estando mais ausente - o sentido de independência, de afirmação de um povo, de uma nacionalidade, de um país. Uma tristeza!...


sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mendes de Carvalho e um "país à beira-mar plantado"

Foi por meados da década de 1970 que, numa carrinha das Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian, conheci a sátira de Mendes de Carvalho (1927-1988), através do livro Poemas de Ponta & Mola. Ficou-me sempre este título pela expressividade, pela imagem adequada ao tom satírico utilizado.
Hoje, passeando o olhar por uma banca de livros em segunda mão, prendeu-me a atenção uma antologia da sua obra, Satírica (Lisboa: Círculo de Leitores, 1974), que reúne os livros Camaleões & Altifalantes (1963) e Cantigas de Amor & Maldizer (1966), com alguns poemas, à data inéditos, do que viria a ser Poemas de Ponta & Mola (1975).
Num relance, revivi o prazer com que, há três décadas, descobri Mendes de Carvalho e atirei-me ao livro, ainda por cima a preço de pechincha.
Não pude, claro, deixar de visitar esta escrita. E, porque estamos em maré de pensar o país que somos, ainda que com laivos de emigração à mistura, trago para aqui o “País à beira-mar plantado”, saído no segundo dos livros indicados. Vale a pena ler, é um (bom) retrato…

Mendes de Carvalho, in Cantigas de Amor & Maldizer (1966)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Gonçalo M. Tavares, “Uma Viagem à Índia”, canto VII

* “As circunstâncias insólitas ocorrem por vezes apenas para interromper a redundância dos dias: o destino não é maldoso: aborrece-se; quer ser criativo, inventa.” (est. 2)
* “São importantes as teorias, mas convém não esquecer os sentimentos.” (est. 7)
* “É a História de um país que dá a intensidade da ligação da árvore à terra. E cada país é uma árvore.” (est. 17)
* “O mundo não é claro e depois escuro, o mundo, cada pedaço dele, é claro e escuro.” (est. 21)
* “Do início da Europa ao fim do mundo o mundo é igual: ambíguo como tudo o que enoja e atrai.” (est. 32)
* “O consumo, por mais que o repitam, não é invenção do capitalismo: os deuses formaram homens incompletos, com estômago, frio e vaidade, como queriam outro resultado?” (est. 41)
* “Entre a ética de um santo e de um canalha, as diferenças são mais de direccionamento da habilidade.” (est. 45)
* “O que enoja varia menos, ao longo do universo, do que aquilo que entusiasma.” (est. 47)
* “A arte que repete o mundo e a realidade, que os copia como um principiante com a língua de fora a desenhar no papel a cadeira que está à sua frente, essa arte é errada, imbecil, inútil, decadente, miserável, mesquinha, vazia, estúpida, e fica bem nos catálogos.” (est. 55)
* “Os números não são compatíveis com melancolias, qualquer número a nível do coração é zero.” (est. 62)
* “Entre dois dias grandes há dias pequenos, e nesses dias individuais secretos reside a outra metade de um ser vivo.” (est. 66)
* “Um homem é as dez palavras fundamentais que usa, os três amigos que tem e as cinco acções mais importantes que fez.” (est. 67)
* “Uma casa pequena é uma casa essencial. O que não cabe numa casa pequena não é indispensável para a alegria, e o que não é indispensável para a alegria é dispensável.” (est. 73)
Gonçalo M. Tavares. Uma Viagem à Índia. Alfragide: Leya / Caminho, 2010.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que presente é este? (II)

O país que, em diversas vezes, ouviu o comentário de que se estava a sair do momento de crise, de que as coisas não seriam tão graves quanto isso e de que se estava bem quando uma decimazinha nos alegrava o ego, acaba de assistir a um plano de cortes radicais e de durezas várias. Afinal, tem-se andado a falar de quê? Estaremos num país de diferentes velocidades? Ou tudo isto resulta de um discurso consoante a oportunidade... que, esta sim, vai sendo cada vez menor? Não teremos o direito de sentir que a verdade não foi total ou, pelo menos, que as previsões e as afirmações deixaram muito a desejar quanto ao rigor?