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domingo, 4 de maio de 2008

Máximas em mínimas (24)

O mundo global e cada um de nós
«(...) Pode parecer despropositada a relação entre a escassez dos alimentos e o relativo imposto sobre os pobres com questões de mentalidade e educação, conhecendo a produção exacerbada de biocombustiveis. Contudo, a médio-longo prazo o problema tem de ser equacionado a partir da responsabilização de cada sujeito no mundo global. T.S. Eliot disse num ensaio que a educação "é um assunto que não pode ser discutido no vazio: as nossas questões levantam outras questões, sociais, económicas, financeiras, politicas. E o resultado dessas recai em problemas ainda maiores; para se saber o que se quer em geral, temos de fazer surgir a nossa teoria da educação da nossa filosofia de vida. O problema passa a ser um problema religioso". Numa perspectiva cristã anglicana, Eliot levanta uma questão importante e actual. A de pensar a educação a partir de questões como "aonde queremos ir?", e "o que queremos ser, afinal"? Não obstante as respostas possíveis de hoje, é preciso que se identifiquem as causas e se actue responsavelmente, para uma humanidade com uma filosofia de vida mais equilibrada onde a prosperidade de uns não signifique o sofrimento de outros. (...)»
Faranaz Keshavjee. "A educação para a participação cívica". Público. 04.05.2008
[foto: monumento à solidariedade, Vila Franca de Xira (ABEI), por João Duarte, 2003]

domingo, 13 de abril de 2008

Máximas em mínimas (21)

Valores em educação
"(...) O problema da violência nas escolas tem que ver com muitas das razões já discutidas; mas tem que ver sobretudo com referências e valores que se ausentaram do espaço público e secular para passarem a ser do domínio e responsabilidades exclusivas da casa, família ou comunidades religiosas, ao mesmo tempo que observamos na sociedade geral o funcionamento de uma democracia da bandalheira (...). E porque esta bandalheira vem dos exemplos de cima, dos que nos representam e tomam as decisões mais importantes sobre os destinos dos cidadãos.
Na adolescência ouvia uns políticos e intelectuais e fascinava-me a sua sabedoria; sentia vontade de ir mais longe, mais alto, tinha referências, modelos a seguir. Não parecem existir modelos assim para os adolescentes de hoje. O facilitismo, a promiscuidade e a corrupção, que os mais poderosos mais facilmente desculpam, passa sempre impunes aos olhos dos mais fracos e desprotegidos. Em democracias onde não predominam o mérito mas sempre os compadrios, onde a justiça tem mão pesada só para os mais fracos, numa sociedade onde se fala muito de ética mas pouquíssimo de valores e moralidade, o que é que se pode esperar das escolas? Que sejam uma antítese do modelo social e ideológico predominante? Ao menos sejamos honestos e reconheçamos que ela é o espelho desta ausência de valores e de modelos referenciais para uma geração que vai gerir a nossa velhice da maneira como aprenderem hoje.
"
Faranaz Keshavjee. "A importância dos valores e referências para a Educação". Público, 13.04.2008.