sábado, 28 de fevereiro de 2015

Memória e lembrança: Joana Luísa da Gama faria 92 anos



Hoje, Joana Luísa da Gama (1923-2014) faria 92 anos. Lembro-a pela amizade com que me distinguiu e pela admiração que me despertou. Grande parte da sua vida, a maior parte da sua vida, foi passada a alimentar a mensagem da obra do marido, a divulgar a poesia, a humanidade e o Diário de Sebastião da Gama. Foi esse o sonho que preencheu a sua vida. Foi esse o sonho que gostava de ter continuado. Uma lembrança para Joana Luísa.
[foto: Matilde Rosa Araújo, Joana Luísa da Gama e Aurora Gama,
em Outubro de 2006, na Amadora, numa das primeiras sessões
que orientei sobre a obra de Sebastião da Gama]

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Para a agenda: Maria Clementina, a homenagem nesta ribalta da vida



80 anos de vida, muitos dos quais na ribalta, todos eles na exposição perante o mundo e os outros - eis Maria Clementina. Artista, cidadã, amiga, solidária, poeta. Amanhã, na Casa da Cultura, os amigos e admiradores vão homenageá-la, numa iniciativa promovida pela Divisão de Cultura da Câmara de Setúbal, pela livraria Culsete, pela Uniseti e pela DDLX. A não perder, a vencer as agendas!
No que à escrita respeita, Maria Clementina começou a publicar há exactamente meio século, quando, em 1965, apareceu nos escaparates o volumezinho Vazio... (poemas), assinado pelo pseudónimo Ana Cristina, por onde passa autobiografia, Setúbal, lirismo e sensibilidade. Anos depois, apareceu Alga marinha, também poesia, já com a assinatura própria de Maria Clementina.  A sua obra mais recente data de 2013 e é dedicada à arte da representação, O teatro amador em Setúbal durante o século XX.
Setúbal deve esta homenagem a Maria Clementina. Por mim, estou-lhe grato. Pela sua disponibilidade em colaborar num lote de iniciativas que lhe propus (de que destacarei a colaboração no cd "Sebastião da Gama - Meu caminho é por mim fora"), pela sua franqueza, pelo seu espírito de dádiva e de participação. E estou grato também a quem ma apresentou, depois de me ter falado dela: o Fernando Guerreiro (1938-2013), também ele artista, poeta, de recorte sensível.
Flores, então, para Maria Clementina! Neste palco da vida e dos reencontros!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

José-António Chocolate: poesia entrelaçada de tempo



O mais recente livro de José-António Chocolate, Este tempo que nos come (Setúbal: ed. Autor, 2014), poderá ser do melhor que o poeta alentejano de Santa Eulália, que tomou Setúbal como terra de adopção, fez num trajecto ligado às letras com quase 35 anos.
O título não é inócuo, pois desvenda logo o agente responsável pela duração da vida, pela ocupação dessa mesma vida, num processo de absorção que se afigura imparável. Em acrescento, há fotografias devidas a José Alpedrinha e a Ricardo Fonseca que vão enlaçando a poesia com as rugas do caminho a que metaforicamente chamamos vida, que vão registando sulcos do tempo.
Em quatro partes surge organizado o conjunto, tantas como as estações, todas ultrapassando as estações porque mexem com formas de estar e de absorver o próprio tempo ou a vida ou de sermos esculpidos por ela. “O tempo, do que se faz” é o primeiro grupo, um título em construção poética, que abre com a força desse medidor que é “Ampulheta”, mais próximo da prosa poética, anunciado com palavras quase bíblicas: “A vida não se vive, desvive-se vivendo. Cada segundo vai caindo ao ritmo certo e um a um se devolve o grão de areia caído da âmbula cheia que nos foi entregue no momento de nascer.” É este primeiro conjunto o passo para o cinzelar de uma identidade, sujeita a transformações, a sonhos, a construção lenta e medida, que se conclui com uma confidência, “Confesso que gosto de ser português”, assente em vivências e nessa identidade construída sobre uma “alma lusitana” que “nos faz acreditar que sonhar é possível”.
É de poemas mais intimistas que se compõe o grupo “O tempo que faz”, num envolvimento do sujeito poético com o seu tempo, com os seus momentos, sejam os do calendário, os da meteorologia, os das partículas de quotidiano. O texto que interrompe este grupo, “Primavera no Alentejo”, é uma declaração de afecto a esse quinhão de paraíso, criação que conseguiu confundir o seu autor – numa visita à paisagem fortemente povoada de natureza que se estende qual tapete Alentejo adentro, “Deus Criador fez-se de tamanha admiração / na dúvida que aqueles campos áridos que criou, / não fossem mais aquilo que a sua criação.”
“O tempo que se desfaz” é o quadro das memórias, o encontro com passados, trazidos ou invocados através de pessoas, de sítios, de lembranças – a casa, a infância, os amigos reencontrados ou rememorados, os momentos de descoberta – num revelado filão autobiográfico, com marcas temporais e geográficas do percurso do autor. É de grande sensibilidade o poema que finaliza este ciclo, retomando a intimidade dos momentos, convocando os ausentes, aproveitando o momento de aniversário da mãe, uma escrita que sugere a presença de interlocutor, como acontece em muitos dos textos que integram este livro – “Assim quiseste a mesa composta no dia dos teus anos, / só eu e tu, mãe, como se todo o mundo ali estivesse / e nos bastassem as conversas repetidas e as lembranças. // (…) // Assim quiseste a mesa composta no dia dos teus anos, / só nós dois tendo todos os nossos por companhia. / Tantos corações num só batendo, quando / o amor era preciso para celebrar este dia.”
Apresenta-se o quarto grupo sob o título “O tempo, o que nos faz”, período de visitação do poeta a si mesmo e às suas idealizações e convicções, momento de respeito pelas palavras e de reflexão sobre os passos do presente. Em “Sigamos o tempo”, o poeta deixa-se convencer pelo poder da sorte – “Sigamos o tempo no seu decurso / que os destino traçou.” – para, logo na estrofe seguinte, anunciar o que é o seu presente de desvendamento – “Cada vez mais procuro / encontrar-me na verdade / das coisas simples.” Mas não é apenas o destino o responsável por este presente, pois que uma outra orientação surge, como é revelado no poema de homenagem ao pai, “Que tristeza é esta…?”: “Vem-me de dentro esta dor que não enjeito / e quero que minha permaneça sentindo a tua companhia. / Podes crer, pai, que a tua bondade para mim é bom exemplo / e a tua mão calejada é que me guia.”

Pela poesia de José-António Chocolate, em Este tempo que nos come, passa uma corrente de imagens fortes do encontro do poeta consigo, transitam os valores e as convicções a que não são alheios “Abril, a clara luz da primavera” ou a opinião sobre o presente (“Onde nos leva esta gente”) ou o acentuado pendor para a evocação ou para a saudade de um tempo povoado de histórias e de pessoas que passa e que apenas se consegue reter porque a poesia tem essa capacidade de transformar as palavras em marcos de vida visitada.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Para a agenda: José-António Chocolate e o tempo como motivo poético



José-António Chocolate é nome conhecido na dinamização e na produção poética em Setúbal. Poeta há mais de três décadas, desde que, em 1981, se revelou com Ninfite - Mal de Poeta, tem publicado individualmente e tem organizado antologias de poetas. Este tempo que nos come é o seu mais recente título. Uma obra que traz o tempo para motivo poético, porque... é do tempo que se faz a vida. E, para que dúvidas não restem, o primeiro poema chama-se logo "Ampulheta". Em 21 de Fevereiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal. Para a agenda!


sábado, 14 de fevereiro de 2015

Para a agenda: Eduardo Metzner biografado



Eduardo Metzner vai surgir biografado por Gabriel Rui Silva. Titulo: Eduardo Metzner - Vida e Obra de um Sem Abrigo. Em 20 de Fevereiro, no Centro Cultural Casapiano, pelas 16h00. Para a agenda!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Para a agenda: Adília Gaspar - a filosofia, o amor e o sexo



Adília Maia Gaspar, autora de várias obras ligadas ao ensino da Filosofia, ela própria também professora da área, chega com o seu título mais recente, Sexo, Amor e Filosofia. Na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, em 14 de Fevereiro, data em que se assinala também o Dia dos Namorados. A propósito. Para a agenda!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Para a agenda: "Viagens", uma colectiva de fotografia



"Viagens" é o título para uma colectiva de fotografia que vai começar no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal em 7 de Fevereiro. Um leque de nove autores integra a mostra: António Correia, Barbara Poliak, Francisco Borba, Guilherme Godinho, Luís Pereira, Mafalda Pires da Silva, Manuel Gardete, Maurício Abreu e Rosa Nunes. Para a agenda.