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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Máximas em mínimas (92) - Bom professor e bom aluno


Bom professor - «Um dos problemas básicos das Ciências da Educação foi querer transformar o acto de ensinar em ciência, padronizando tudo. A maneira de ensinar História tornou-se semelhante à de ensinar Português, Física… As funções cognitivas e intelectuais que a História desenvolve não têm que se reproduzir noutra disciplina. Um bom professor vai à procura dos lugares-comuns da História: do rei que gostava de comer, dos amores deste com aquele… A sala de aula deve ser mais ou menos como um palco, onde a palavra do professor tem que ser vital. As últimas décadas de ensino, centradas no aluno, mataram a auto-confiança dos professores na palavra. É preciso repensar a formação dos professores neste sentido. Infelizmente, quando um professor sai da faculdade, logo no início de carreira, alguém decide se ele é bom ou mau. Mas um mau professor no início da carreira pode ser óptimo no fim, e o inverso também pode acontecer. A ideia de avaliar professores é errada. Um professor constrói-se ao longo de uma vida.»

Bom aluno - «Criámos a ideia de que o aluno que está sempre a participar é um bom aluno, mas, na verdade, é-o quem está intelectualmente activo, o que muitas vezes só se manifesta a prazo. Mais do que com o professor, o bom aluno deve mostrar empatia com o conhecimento. Durante mais de uma geração tivemos uma ditadura que impôs o silêncio. Gostava que pensássemos na possibilidade de democratizar o silêncio. (…) Essa democratização tem de vir de uma adesão voluntária da sociedade. Era fundamental para se repensar a própria ideia de escola. A escola carece de silêncio.»

Gabriel Mithá Ribeiro (em entrevista a Francisca Cunha Rêgo).
“O presente da História”. JL – Jornal de Letras (supl. “JL – Educação”, pg. 2): nº 1103, 09.Janeiro.2013.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Joaquim Azevedo e algumas ideias sobre a escola

A propósito da mais recente obra de Joaquim Azevedo (docente universitário que já teve responsabilidades políticas no Ministério da Educação), o JL – Educação de ontem publicou entrevista conduzida por Francisca Cunha Rêgo. Assunto-chave: a educação é responsabilidade de todos. Dessa entrevista, alguns sublinhados:
Tarefa da Escola - «(…) Em vez de colocarmos na escola todas as tarefas educativas da sociedade, devemos deixá-la apenas com a da educação escolar, criando condições para que desenvolva bem essa missão. Não devemos dar-lhe mais tarefas de carácter social e ocupacional, desfocando-a do seu papel essencial e atribuindo-lhe tarefas que não tem capacidade de cumprir. (…) A escola não pode estar assoberbada com 30 mil actividades a desenvolver. Corre-se o risco de que a educação escolar, estrito senso, acabe por ser uma tarefa menor entre muitas outras. A educação escolar existe, antes de mais, para transmitir a herança cultural do passado às novas gerações e, por essa via, inseri-las socialmente. (…) Grande parte das escolas públicas está a virar-se para uma educação da ocupação dos tempos livres, do tempo social das crianças e dos jovens. Estamos a criar todas as condições para que a escola privada seja o local por excelência da educação escolar. E ‘damos de barato’ que a escola pública não tenha esse foco. (…)»
Avaliação dos Professores - «(…) É inevitável. Deve seguir-se um modelo relativamente simples, semelhante ao de outros quadros superiores da administração pública, que permita apreciar desempenhos e desenvolver a progressão das carreiras. (…) Criou-se um modelo desnecessariamente diferente complicando-se um processo que, a meu ver, não tem complexidade nenhuma. (…)»
Ensinar - «(…) Os professores são quem verdadeiramente tem que ensinar os alunos. Nessa perspectiva, os professores são o centro, o ponto fundamental. Não legislamos sobre quantos bisturis são necessários numa operação. Aos professores quer-se definir tudo. Não deixa de ser caricato, pois é nas escolas que se concentra o maior número de quadros superiores de qualquer organização da sociedade portuguesa. Assim sendo, é preciso deixar os professores trabalharem, responsabilizarem-se, envolverem-se e comprometerem-se com a melhoria do ensino e da aprendizagem. Depois pode-se pedir contas. Mas sem intromissões no seu processo de trabalho todos os dias, todos os anos, a cada cinco anos. Creio que é essa intromissão contínua que traz um desgaste brutal às escolas. Costumo dizer que há mudanças a mais e melhorias a menos no respeitante aos resultados. (…)»