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domingo, 2 de outubro de 2011

Inês Pedrosa entre a morte da literatura e os direitos de autor

Na revista Ler deste mês (Lisboa: Círculo de Leitores, nº 106), Inês Pedrosa escreve sobre "A morte da literatura", onde diz, a dado passo:
Quando morre um escritor os seus livros têm um pico de vendas – derradeiro e irónico prémio. Depois desaparecem das notícias e, estando impedidos de dar entrevistas provocatórias (embora às vezes apareça uma ou outra inédita, a título póstumo…), vão-se sumindo. Ficam os livros – enquanto houver editores que entendam a edição como um serviço ao futuro.
A protecção dos direitos dos autores mortos é, demasiadas vezes, o seu segundo enterro. Durante 70 anos a publicação fica à mercê dos herdeiros – que muitas vezes se desentendem, ou pretendem fazer do seu antepassado uma potencial mina de ouro. Vinte e cinco anos seria justo – para honrar os filhos ou os mais próximos. José Rodrigues Miguéis, por exemplo, não merecia estar tão morto como está, por falta de edição. Isso, sim, é a morte da literatura.”
Acrescentar alguma coisa? Quanto aos herdeiros, há também os que desvalorizam a obra e contribuem para o esquecimento. E, quanto a Miguéis, bem recordo que, quando há cerca de três anos, pensámos, na minha escola, que os alunos deveriam ler Uma Aventura Inquietante, rapidamente tivemos de desistir porque não era possível encontrá-la no mercado… E de quantos outros autores podemos falar nas mesmas circunstâncias?

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Mais um voto de confiança nos professores

Inês Pedrosa escreve hoje na revista “Única” do Expresso uma crónica sobre a escola, intitulada “Poder aos professores”. Duas motivações a levaram a este tema: os resultados do inquérito há dias divulgado, feito pelo Instituto Gallup para o Fórum Económico Mundial, que dava o grupo dos professores como o de maior confiança por parte dos sondados (em oposição aos políticos, que eram os menos “confiáveis”), por um lado; e a reposição de uma verdade em sua defesa, por outro (desmentindo um título do semanário Tal e Qual, que, pelos vistos, numa das suas derradeiras edições, pôs na sua boca coisas que Inês Pedrosa não disse).
De facto, na altura, estranhei que Inês Pedrosa tivesse dito que se as nossas crianças estavam mal isso era devido aos professores. Algo não encaixava. Mas, uma vez dado o esclarecimento… Em frente.
A crónica de hoje, assinada por Inês Pedrosa, vai então buscar a autoridade dos professores. E é bom que este tenha sido o tema da sua reflexão, tão mal tem andado tudo para o lado da valorização do que é ser professor. Note-se: valorização, disse eu, e não privilégio, que é o que mais parece subjazer como existente em todos os ânimos que contra a docência se têm levantado. Deixo excerto, que vem a propósito do momento:
Ensinar não é fácil, exige vocação – e sabemos a que ponto as vocações andam perdidas no turvo oceano do numerus clausus e do desemprego. Acresce que as reformas da Educação têm sido tantas, tão frustres e contraditórias, que a quantidade de professores efectivamente cultos e empenhados que temos é ainda um milagre. A autoridade dos professores foi, ao longo das últimas décadas, sujeita a tratos de polé, enquanto os direitos dos alunos cresceram de uma forma tão avassaladora que se viraram contra eles mesmos: podendo tudo, não aprendem nada. (…)
A autoridade dos professores não se repõe à força, com directores autocráticos substituindo os conselhos directivos das escolas. Repõe-se promovendo uma cultura de responsabilidade e consequência – essa que desapareceu quando, em vez de escolas autónomas, passámos a ter ‘agrupamentos escolares’ e, antes disso ainda, quando os programas escolares se vergaram ao ‘sentido lúdico’ e aos supostos ‘interesses’ dos alunos. (…)