terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Para a agenda: "Vale da Estranheza", de Bernardo Sousa Santos




"Vale da Estranheza" usa a fotografia para inquietar. "A meio caminho entre o estranho e o familiar". É uma mostra da obra de Bernardo Sousa Santos (n. 1989, Beja), que vai ter lugar na Casa da Cultura, em Setúbal, com abertura em 3 de Março, pelas 22h00. Oportunidade para ver ao longo de todo o mês. Para a agenda!


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Cesário Verde nasceu no dia de hoje, em 1855


Em 1855, em 25 de Fevereiro, nascia Cesário Verde, o poeta que deixou a sua obra confiada a Silva Pinto, o amigo. Falecido em 1886, o conjunto da sua poesia viria a ser publicado postumamente, em 1887, sob o título de O Livro de Cesário Verde. Para recordar a data, eis Pedro Barroso a cantar o "De tarde".

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

David Mourão-Ferreira: 90 anos, hoje



Faria hoje 90 anos David Mourão-Ferreira. Poeta incontornável do século XX português, homem de cultura, professor extraordinário (que recordo).
"Ladainha dos póstumos Natais" é um poema que consta no seu livro Cancioneiro de Natal, aqui dito pelo próprio David Mourão-Ferreira, conforme gravação no cd "Um Monumento de Palavras" (Lisboa: EMI - Valentim de Carvalho, 1995). Vale a pena ouvi-lo: pelo poema, pela voz, pela expressão, pelo poeta.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Haendel nasceu no dia de hoje, em 1685



Em 1685, em 23 de Fevereiro, nascia o compositor alemão Handel. Uma oportunidade para se ouvir essa obra de arte que é o "Aleluia" integrado na obra "Messias", composta em 1742, aqui interpretado pelo Mormon Tabernacle Choir.

José Afonso, 30 anos depois


Três décadas depois da sua partida, a voz e a memória de José Afonso. "Vejam bem que não há só gaivotas em terra quando um homem se põe a pensar..."



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Andy Warhol 30 anos depois


Quando passam três décadas sobre Andy Warhol, mantém-se aquela sensação de novidade perante o "kitsch" na arte...

Andy Warhol, "Sopas Campbell's", 1962 (MoMA) 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Memória: José Fernandes Fafe (1927-2017)



De José Fernandes Fafe rezarão as cronologias e as notas biográficas. Por mim, recordo as leituras. E tenho de assinalar duas que me impressionaram.
A primeira, uma tradução. De Octávio Paz, também poeta, sobre Pessoa, outro poeta. Li O Desconhecido de Si Mesmo (Iniciativas Editoriais, 1980), curto ensaio de Paz sobre Fernando Pessoa, traduzido por Fafe, e fiquei rendido. Um ensaio em que não falta poesia. Um ensaio que já convenci alguns alunos a lerem. Começa assim: "Os poetas não têm biografia. A sua obra é a sua biografia. Pessoa, que duvidou sempre da realidade deste mundo, aprovaria sem hesitação que se fosse directamente aos seus poemas, esquecendo os incidentes e os acidentes da sua existência terrestre." E acaba desta maneira: "A poesia é o que fica e nos consola, a consciência da ausência. E renovo, quase imperceptivelmente, um rumo de algo: Pessoa ou a iminência do desconhecido."
Outro livro que recordo de Fernandes Fafe é Curriculum Vitae (Editorial Fragmentos, 1993), ilustrado por Graça Morais, um conjunto de reflexões sobre a vida e sobre a escrita, de que não resisto sem transcrever, igualmente, o início e a conclusão, sobretudo porque os dois fragmentos vêm a propósito neste dia do passamento do poeta e diplomata portuense.
Eis o início: "Detesto curricula. Sempre que tenho de apresentar um, alinhavo-o à pressa da irritação... E arranco da máquina uma vergonha de dactilografia, dados errados, lacunas... Mas que mal me fizeram os curricula?"
E o final? Certeiro, neste dia: "A morte é o de que não há metáfora. Se a desconhecemos totalmente, como podemos compará-la? E não havendo metáfora, não há linguagem. É o Silêncio. Sem nenhuma palavra para dizê-lo. Sem nenhuma sensibilidade para senti-lo."
Seja no que traduziu, seja no que produziu, Fafe foi eloquente. Obrigado.

Para a agenda: José Poças em serão Synapsis



Mais uma actividade promovida pelo grupo Synapsis, desta vez para se falar sobre medicina e artes com José Poças, médico em Setúbal que já se serviu da escrita para a reflexão sobre o acto médico - Ode ou Requiem (Ed. Autor, 2015). No Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, em 24 de Fevereiro, pelas 21h30. Para a agenda!


domingo, 19 de fevereiro de 2017

O livro de Cavaco Silva e o artigo de José Sócrates segundo Luís Afonso



Eis a "controvérsia" entre o livro de Cavaco Silva e o artigo-resposta de José Sócrates sobre quintas-feiras que muito deram / darão que falar, segundo o humor de Luís Afonso!...

António Gedeão vinte anos depois, com poema na voz de Manuel Freire



Passam hoje 20 anos sobre o falecimento desse magno poeta que foi António Gedeão, o também professor Rómulo de Carvalho. Curta nota biográfica pode ser lida aqui. Mas fica também o registo do seu poema cantado mais conhecido, "Pedra Filosofal", na voz e interpretação de Manuel Freire.

Para a agenda: António Oliveira e Castro e o terceiro romance


António Oliveira e Castro, setubalense por adopção, terá o seu o seu terceiro romance, Coleccionadores de Sonhos (Lisboa: Gradiva), apresentado por Viriato Soromenho-Marques, em 24 de Fevereiro, na Casa da Cultura, em Setúbal, pelas 22h00. Para a agenda!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

150 anos de "Danúbio Azul"



A primeira execução pública de "Danúbio Azul", de Johann Strauss, aconteceu há 150 anos, passados hoje. Oportunidade para ouvir uma grande obra e um excelente momento musical com a interpretação de André Rieu! A história com a notícia sobre a estreia pode ser lida aqui.

Galileu nasceu há 453 anos



Em 1564, em 15 de Fevereiro, nascia em Pisa Galileo Galilei. A sua biografia pode ser lida aqui. Mas a data é também um bom pretexto para ouvirmos Mário Viegas no "Poema para Galileo" que António Gedeão escreveu.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

No dia dos Namorados...


Painel de Teresa Cortez (1985)
(Lisboa, Avenida da Liberdade)

“As pessoas que amam estão sempre com ar de urgência, porque têm saudades quando não estão acompanhadas e sentem uma euforia bonita quando estão juntas.”
(Valter Hugo Mãe. O paraíso são os outros, 2014)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Norman Rockwell, dois desenhos com humor



Há dois desenhos de Norman Rockwell (1894-1978) de que gosto muito, ambos traduzindo o sentido de humor perante a realidade da vida: "The Gossips" (1948) e "Triple Self Portrait" (1959).
O primeiro foi capa da revista The Saturday Evening Post, em Março de 1948, e constitui um retrato da epopeia da "fofoquice" numa cadeia circular absolutamente espantosa. Passados que são 70 anos, a actualidade e a frescura da narrativa que suporta este desenho mantêm-se...
O segundo, também publicado na capa da mesma revista em 13 de Fevereiro de 1960, corre na tradição do auto-retrato como expressão artística, aqui muito além da imagem que o pintor quer dar de si, mostrando o espelho, o retratado e o produto, numa quase prova de que o auto-retrato é possível, existe e tem trabalho de observação, de descoberta de si. Tão forte é esta imagem, pintada a partir de fotografia, que ela invoca os nomes de Durer, Rembrandt, Picasso e Van Gogh e já serviu para ilustrar capa de livro, justamente um ensaio sobre a escrita autobiográfica - Le Pacte Autobiographique, de Philippe Lejeune (Col. "Poétique - Essais", 326. Paris: Éditions du Seuil, réimpr. 2001).


sábado, 11 de fevereiro de 2017

Para a agenda: A Família na arte sacra da Diocese de Setúbal




A Comissão Diocesana de Arta Sacra da diocese de Setúbal promove, em 18 de Fevereiro, dia do Beato Angélico, padroeiro dos artistas, a 3ª Jornada Diocesana de Arte Sacra de Setúbal, entre as 10h00 e as 17h00, no Núcleo de Arte Sacra do Museu Municipal de Alcochete, com um programa diversificado sujeito ao tema "Arte e Família: Representações, Expressões e Relações", que pode ser consultado aqui.
Marco Daniel Duarte (director do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima) será o responsável pela conferência "Representações da Sagrada Família na arte da Diocese de Setúbal: as figuras, os símbolos e os gestos".
Para a agenda!

Para a agenda: José-António Chocolate apresenta poesia



Tarde de música e de poesia é o que se anuncia para sábado, 18 de Fevereiro, pelas 16h00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, momento em que José-António Chocolate apresentará o seu mais recente livro, Moinante de Silêncios e de Afetos. A sessão contará com a participação do Conservatório Regional de Música de Setúbal, de Jorge Ganhão e do jornalista Raul Tavares, que conversará com o autor. Para a agenda!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Para a agenda: "Bichos à Solta", de Luís Souta



A sessão de apresentação de Bichos à Solta vai ocorrer no sábado, 11 de Fevereiro, pelas 17h00, na Galeria Municipal Setúbal (antigo edifício do Banco de Portugal). Com texto de Luís Souta e ilustrações de Constança Souta e de Leonor Dupic, esta obra contém os 25 postais escritos pelo pai (Luís Souta) à filha Constança, em tempo de férias ou de viagem, por ali passando os golfinhos do Sado e muitos outros animais, uma completa tertúlia de... bichos à solta!
No prefácio, Paulo Borges justifica a pertinência da obra: "profunda lição de educação ambiental baseada nesse exercício ético fundamental que é o de nos colocarmos no lugar do outro, neste caso o outro não-humano, visto e sentido não como alheio e distante, mas como próximo e íntimo, partilhando os mesmos sentimentos e emoções que nós". A ler e a ver!
Para a agenda! 

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Os "tanques" na Primeira Grande Guerra apresentados pela propaganda num texto com um século



Os carros de assalto (“tanques”) entraram na I Grande Guerra, na batalha do Somme, em 15 de Setembro de 1916, e funcionaram como resposta ao bloqueio estratégico da frente ocidental. A ideia veio de Inglaterra, quando Churchill se deixou convencer da eficácia de tal arma por Swinton, tendo o primeiro modelo ficado conhecido por “Mark I”. Até 1918, fabricar-se-iam mais quatro modelos que mais não eram do que versões modificadas do primeiro. O seu formato de losango, visando vencer os obstáculos, foi associado à designação de “couraçados terrestres”. Se a sua eficácia ficou aquém do esperado no início, o recurso a este equipamento foi apurado e, no final de 1917, era já considerado um êxito, para o qual trabalharam ingleses e franceses. Quanto aos alemães, só tardiamente se renderam à utilização dos “tanques”, tendo construído o modelo “A7V Panzerkampferwagen”, o mais pesado dos tanques da Grande Guerra (32 toneladas), mas o mais rápido (13 km/h), o mais dotado de equipamento de ataque e o mais volumoso (com uma tripulação de 16 homens). A importância do “tanque” vislumbrava-se de tal maneira que Stéphane Audoin-Rouzeau considerou que este equipamento, juntamente com o avião, “anunciaram uma mutação decisiva nos meios de combate do século XX”.
Confrontados com esta nova arma, os exércitos e os povos foram marcados pela novidade e pelo seu poder. Em 1917, o Bureau da Imprensa Britânica em Lisboa editava, na colecção “Série de Notas sobre a Guerra”, um opúsculo (o nº 83) intitulado Os Tanks, assente num discurso hiperbolizado sobre a máquina e numa caricatura depreciativa dos alemães - “O alemão nunca o poderia ter ideado porque lhe falta em absoluto a bossa humorística. A ideia do tank só podia nascer no cérebro dum homem que vê em tudo um lado extravagante e que depois o construiu na firme convicção que havia de servir um dia para inspirar terror ao soldado alemão”. E, mais adiante: “A aparência do tank é tudo quanto há de mais absurdo. É um objecto monstruoso, desastrado, impossível. Ao fazer a sua entrada no front Ocidental, o exército britânico extorceu-se de riso; e, quando pela primeira vez o exército alemão o enxergou, os soldados pediram misericórdia e fugiram espavoridos.”
A origem do nome por que ficou conhecido este equipamento - “tanque” - é explicada: “para guardar o segredo da sua verdadeira natureza, fora dito aos operários que o construíram que deviam servir para transportar água para o exército na Mesopotâmia. Quando chegaram a França traziam já esse apelido, o qual na verdade era uma descrição bastante vaga para iludir o serviço secreto alemão”. Quando a máquina surgiu no terreno, os repórteres recorreram ao universo da metáfora na tentativa de descreverem o objecto e o seu poder (chamaram-lhe “tartarugas de aço”, “monstros pré-históricos”, “sapos gigantescos”, “dinossauros”, “mamutes baleias”, “mastodontes motores”, “baleias de guerra”, entre outros epítetos não menos imaginativos). O próprio Bureau, neste prospecto, não lhes ficou atrás ao descrever o equipamento: “Um tank é uma espécie de casa forte de Banco com armadura, que se move por si e que tem no interior soldados e peças de fogo rápido. É invulnerável a não ser aos projécteis de grande calibre. Visto de lado tem o feitio de um losango. Imóvel e silencioso é um monstro absurdo e fútil. Porém, avançando irresistível, vomitando fogo e fumo, rugindo as máquinas, troando as peças, é um pesadelo.”
Para atestar a força de tal equipamento, é referido o seu papel nas batalhas do Somme e em Cambrai, muito embora seja dito que foi nesta última que o “tanque” revelou a sua eficácia, com o seu poder destruidor e avassalador, sendo omitido que, na batalha do Somme, a utilização dos “tanques” foi uma decepção, apesar de serem relatadas duas histórias passadas com os “tanques” nessa batalha. E, quase a terminar, são também apresentadas as contrariedades que atrapalhavam a máquina - “O que mais aborrecem é a água e a lama. Em Flandres, foi a natureza que os deteve e não os alemães. Apanhados num charco, não se podem mexer: por mais que se esforcem, por mais que bufem de raiva, atolam-se infalivelmente.” E lá se conjugam o poder da metáfora e da personificação para justificar o efeito hiperbólico...
O opúsculo não se conclui sem que haja uma referência à superioridade dos Aliados, um pouco a comprovar a diferença com que o texto abriu: “Já se passou mais de um ano e ainda não apareceu nenhum tank alemão. Se um dia aparecerem, uma batalha de tanks fornecerá o acontecimento mais extravagante desta grande guerra”. É sabido que, quanto à primeira parte, o Bureau não podia fazer futurologia - se era certo que os alemães ainda não tinham incorporado o “tanque” nos seus ataques, não menos certo era que a resistência aos “tanques” sucedia por encorajamento e elevação moral, pelo menos até que o “tanque” aparecesse do lado alemão mais tarde. No entanto, quanto à segunda parte, a do “acontecimento mais extravagante”, o Bureau acabava por acertar - a evolução dos blindados tem determinado as guerras e os conflitos territoriais.

Com este opúsculo, o Bureau da Imprensa Britânica em Lisboa cumpria o seu papel no contributo para a propaganda da guerra em favor dos Aliados, com uma ajuda extraordinária do poder da imagem através da metáfora e com o recurso à sobrevalorização dos Aliados e à depreciação das tropas alemãs.

"Tanque" desenhado em vinheta na obra de Rogério Marques de Almeida Russo
Arquivo Poético da Grande Guerra (Porto: Companhia Portuguesa Editora, 192-)