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terça-feira, 11 de novembro de 2014

"Anel da Memória" assinala o sofrimento da Grande Guerra em Dia do Armistício




“Anel da Memória” é o título da escultura inaugurada em Pas de Calais (França) hoje, obra do arquitecto Philippe Prost, idealizada pelo historiador Yves Le Maner. A sua simbologia não remete para a vitória dos Aliados no conflito mundial de 1914-1918, mas para a evocação do “sofrimento vivido pelos soldados de todos os lados do conflito”.
Assim, em 500 peças de aço dispostas na forma de círculo, numa área de cerca de dois hectares, o nome de 580 mil soldados participantes na Primeira Grande Guerra, entre os quais os de mais de dois milhares de nomes portugueses, perpetuará o respeito pelo sofrimento, independentemente do lado da trincheira ou da geografia em que a Grande Guerra se desenvolveu.
Uma forma memorável de assinalar o Dia do Armistício!
[foto: Pascal Rossignol, Reuters, através de RFI]

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A propósito do Dia do Armistício: Nos campos da Flandres...


Aqui se reproduz o poema "In Flanders fields", do canadiano John McCrae (1872-1918), inicialmente intitulado "We shall not sleep", em memória de todos os que caíram na Primeira Grande Guerra:


In Flanders Fields


In Flanders fields the poppies blow
Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the Dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie,
In Flanders fields.

Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Rostos (135) - No Dia do Armistício

Monumento aos Mortos na Grande Guerra, em Estremoz (1941)
Às 11 horas do dia 11 do 11º mês de 1918, punha-se fim ao flagelo iniciado no Verão de 1914. Aquilo que inicialmente se pensava que não chegaria ao Natal de 1914 estendeu-se, afinal, por quatro natais, quase chegando ao quinto!... A guerra no seu esplendor, na sua barbaridade! Saldo: 8 milhões de mortos e 22 milhões de feridos, destruição e o lançamento das raízes que viriam a gerar uma nova guerra dali a duas décadas. Na trincheira, lembrada no monumento estremocense, era o convívio dos homens com a sobrevivência, a vida, a morte, a lama, os ratos, os piolhos, a coragem e o medo. Sobre esse mítico número 11, passam agora 91 anos.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Ainda sobre os 90 anos do fim da I Grande Guerra

Uma página do Expresso de hoje é dedicada ao fim da Primeira Guerra Mundial, a propósito dos 90 anos que, neste ano, passaram sobre esse acontecimento. O texto é simples, enunciando uma série de coisas sabidas sobre as consequências desse conflito. Associa a infografia e desenhos com alguns dados sobre os truques que o belicismo da época usou – dirigível, tanque, metralhadora, gás ou submarino – e indica alguns “mitos e curiosidades” associados – gripe pneumónica, o transporte de reservas em táxis para a frente do Marne, o ataque alemão ao Funchal, o fogo sobre Paris e os mortos portugueses em África.
No texto, de Rui Cardoso, é dito que a efeméride dos 90 anos sobre o Armistício (passados em Novembro) foi comemorada “em quase toda a Europa, excepção feita a Portugal, também país beligerante”. A verdade é que, nesse conflito, Portugal teve mais de 7 mil mortos, a maior parte dos quais no norte de Moçambique.
Habitualmente, fala-se da presença de Portugal na Primeira Grande Guerra no cenário da Flandres, esquecendo-se o esforço que foi feito nos cenários de África (Moçambique e Angola), questão que já na altura foi contestada, porque os louros da memória (se os havia) iam sempre para os soldados que tinham rumado para a Flandres e quase nunca para os que tinham combatido ou perdido a vida em África.
Mas a memória tem destas coisas. Os 90 anos sobre o Armistício passaram e Portugal quase não se manifestou. Ainda houve, mais ou menos por essa altura de Novembro, uma reportagem na televisão sobre a guerra de trincheiras. Mas, na verdade… nada mais se ouviu dizer. Que contraste com o que se passou noutros países europeus que, como nós, viveram essa guerra, mas, tão diferentemente de nós, continuam a honrar os compromissos da memória! As razões podem ser muitas, históricas mesmo. Mas sobressai uma, que é a de uma má relação com a memória, que em Portugal se vai aboletando…
No último número de Ligne de Front, dedicado à Guerra de 1914-1918, Franck Segrétain escreveu sobre a participação portuguesa, considerando-a um “effort trop lourd pour le Portugal”, assim descrita: “De 1916 à 1918, le Portugal a envoyé en France 3374 officiers et 51709 hommes. Ils ont perdu 74 officiers et 2012 hommes morts, 256 officiers et 4968 hommes blessés et 7740 prisonniers de guerre. Au total, il a mobilisé 108100 hommes et perdu 35623 tués et blessés sur le front Ouest mais aussi sur mer et en Afrique, notamment en Mozambique”.

Veteranos ingleses da Primeira Grande Guerra Henry Allingham, Harry Patch e Bill Stone, nas cerimónias de Novembro de 2008 em Londres (revista Hello, 1048, 25.Nov.2008)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

90 anos sobre o Armistício

No dia de hoje de há 90 anos, pelas 5h da manhã, em Compiègne, políticos e oficiais alemães entravam numa carruagem de comboio ali estacionada, tendo à sua espera delegados de países que estiveram envolvidos na Grande Guerra. Era o fim do prazo que fora dado à Alemanha para assinatura do documento que punha fim ao conflito. Neste mesmo dia, pelas 11h da manhã, a guerra tinha que acabar. Foi às 11h do dia 11 do mês 11, em 1918. Foi o Armistício.
Bem distantes dali, em Breesen, prisioneiros portugueses sentiam na pele as agruras e o sofrimento do desterro forçado, depois de uma participação na Guerra que nunca foi clara, mas que foi efectiva, apesar de, nos números internacionais, a participação portuguesa ficar frequentemente esquecida.
Foi por esta altura que o vianense Adelino Delduque (1889-1953), prisioneiro, tendo sabido do armistício pela imprensa, registou, depois de saber com os seus camaradas que a Alemanha tinha 30 dias para evacuação de todos os prisioneiros de guerra: “Loucos de alegria, víamos agora aberto diante de nós o caminho da Liberdade de que estávamos separados havia já oito meses e quase garantido o dia de Natal nas nossas casas. (…)” [em Notas do Cativeiro – Memórias dum Prisioneiro de Guerra na Alemanha. Lisboa: J. Rodrigues & Cª (depositário), 1919]

domingo, 11 de novembro de 2007

No dia de hoje, há 89 anos, a guerra acabou às 11 da manhã


Monumentos aos portugueses mortos na 1ª Grande Guerra - Coimbra e Lagos
"Paris, 11 de Novembro - Esta manhã, às onze e meia, tiros longínquos de canhão, gritos nas ruas, janelas que se abrem. O dia está coberto, mas não chove e não faz frio. Pelos Campos Elíseos, de que vejo uma nesga, passam à desfilada pesados camiões, carregados de soldados americanos que agitam grandes bandeiras. Das janelas da ambulância do Astória, as enfermeiras dão palmas, acenam com os lenços. É o armistício que foi assinado, é o fim da guerra, é a paz? Minha mulher chega de fora, diz que as janelas – espectáculo nunca visto em Paris – estão cheias de gente, sobretudo mulheres, que se interrogam, palram, olham para o céu, olham para a rua, dão palmas, dão gritos de alegria. (…) Depois do almoço saí a ver Paris neste grande dia. Os Campos Elíseos começavam a tornar-se multicores, como se uma súbita primavera os cobrisse subitamente de flores. As bandeiras e pavilhões surgiam das janelas, surgiam do solo. Já grandes magotes de populares desciam festivamente ao centro da cidade. (…) Enquanto desço aos Campos Elíseos vou verificando se a nossa bandeira aparece. Sim! Lá estão algumas, mas essas mesmas fomos nós, com o nosso esforço incompreendido e recompensado com a ingratidão, que lá as arvorámos. (…) Na Praça da Concórdia, dcetive-me um momento à beira de um passeio a fixar na minha memória a visão do espectáculo maravilhoso de um povo que subitamente cai de um terrível pesadelo e encara com os clarões da mais deslumbrante realidade. Sobre um oceano de cabeças, os canhões tomados aos alemães levantavam para o céu as suas goelas negras. Na boca de uma peça de 110, um rapazito alcandorado a grande altura agitava uma bandeira. Todos os veículos de Paris pareciam ter sido tomados de assalto. Automóveis, fiacres, camiões, carroças levavam gente nos tejadilhos e pendurada nos estribos. (…) À porta do Ministério da Marinha, um homem velho não oculta a sua comoção, deixa correr duas grossas lágrimas pela face enrugada. (…) Pela rua do Faubourg Saint Honoré passa uma Vanda de canadianos que pára em frente da embaixada inglesa. Junta-se aí um povoléu enorme que aclama os hinos aliados. Uma enfermeira é levantada ao colo e por um instante vejo-a de pé, sobre a multidão, envolta numa bandeira, a fronte coroada de flores, cantando. Uma mulher ao meu lado, limpando as lágrimas, exclama: Oh! Que c’est beau! Oh! Que c’est beau! (…)
Quem assim escreveu há 89 anos foi João Chagas (cf. Diário - IV. Lisboa: Edições Rolim, 1987), um "guerrista" convicto, assistindo em Paris ao que foi o Dia do Armistício, que pôs fim à Primeira Grande Guerra. O documento do Armistício foi assinado às 5 da manhã numa carruagem de comboio na floresta de Compiègne. A guerra tinha que acabar no prazo de 6 horas, isto é, às 11 horas do dia 11 do 11º mês de 1918. A Grande Guerra vivia matando e destruindo desde o Verão de 1914, tendo sido a primeira que, pelas suas proporções, adquiriu o estatuto de "mundial". Formas de destruição fortes nesta guerra foram as trincheiras, os gases e... os tanques, constituindo estes uma novidade. Pelo(s) caminho(s) do combate, ficaram cerca de 8 milhões de mortos, 22 milhões de feridos e 2 milhões de desaparecidos. No que respeita a Portugal, que entrou na guerra em duas frentes - em África (Angola e Moçambique) e na Europa (Flandres) -, houve 7200 mortos, 13750 feridos e 12300 desaparecidos.
Nas fotos inferiores: Recriação museológica de cenários da1ª Grande Guerra - Museu do Brinquedo (Sintra) e Museu de Cera (Fátima)