segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Parabéns a Helder Moura Pereira

Helder Moura Pereira obteve o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava com o livro Se as coisas não fossem o que são (Lisboa: Assírio & Alvim, 2010). Parabéns, Helder Moura Pereira!

domingo, 29 de janeiro de 2012

Três olhares sobre Trindade Coelho


 No número de 7 de Novembro de 1897 da revista Branco e Negro, aparecia um artigo de Trindade Coelho expondo o seu pensamento sobre o que seria um conto. Reconhecido como contista a partir da obra Os meus amores (publicado em 1891), o escritor de Mogadouro confessava as razões que o levavam a considerar o conto como uma arte do seu tempo: “É uma forma literária encantadora (conquanto não mencionada ainda nos livros didácticos); e o maior assunto, ou o mais complexo, cabe no conto, pela mesma razão que nas proporções delicadas de uma miniatura pode caber, desafogado, um grande quadro. Tudo se reduz a uma questão de processo; e pelo que toca à emoção, o conto pode dá-la mais intensa, creio eu, do que o romance. Depois, os próprios jornais, com a sua insistência cronométrica de todas as horas, o seu carácter de enciclopédia, a sua variedade, ou absorvem, ou fazem aborrecido, o hábito de ler demorado – e livros, são às dúzias, e na grande maioria livros maus, o que também desanima. A vida, hoje, e cada vez mais há-de ir a pior, é pouco extensa e muito intensa. Nada, pois, de coisas demoradas: tudo se quer breve, curto, incisivo, como essa linguagem do telégrafo, que é bem a deste fim de século alucinado…”
Depois deste enquadramento circunstancial e marcado pelo tempo, Trindade Coelho tenta definir a estrutura e o modo de fazer um conto, partindo do seu percurso: “Mas como se faz um conto? O que é o conto? Não sei. Quem o sabe? Tenho dele, desse delicado género de poesia literária, a visão de uma coisa redonda, sem princípio, nem meio, nem fim, e todavia geométrico e perfeito, como uma bola de fino marfim. Isto é talvez grosseiro, este modo de exprimir – mas confesso que não tenho outro e peço desculpa…” O leitor passa por este parágrafo e reconhece o tom dos contos do seu autor, eivados das características aqui anunciadas e sentidas, justamente o modo literário que deu a Trindade Coelho o reconhecimento na literatura, embora tenha sido autor de outra obra vasta nos domínios do direito, da didáctica e da cidadania.
Em 1949, Júlio de Lemos dava à estampa o opúsculo intitulado Elogio do contista Trindade Coelho (Lisboa: revista Ocidente), com meia centena de páginas, num texto assumidamente comprometido com o título – a única parcela da obra de Trindade Coelho aflorada é a dos contos e o ensaio percorre o que foi a recepção da obra Os meus amores, vista por numerosos escritores, críticos, admiradores, portugueses e estrangeiros. Esta obra é ainda importante pelas duas listagens apresentadas no final: uma, de bibliografia constituída por títulos de escritores que homenagearam Trindade Coelho; outra, dos periódicos que, entre 1879 e 1905, em geografias diversas (Bairrada, Braga, Bragança, Coimbra, Elvas, Famalicão, Lamego, Lisboa, Paris, Ponte de Lima, Portalegre, Porto, Serpa, Viana do Castelo e Viseu) e alguns por si fundados, mereceram a colaboração de Trindade Coelho.
Júlio de Lemos conhecia bem Trindade Coelho e entre os dois existiu uma relação epistolar, tendo a revista Limiana, publicada em 1912 e dirigida por Júlio de Lemos, dado a conhecer, em vários números, um total de 34 cartas de Trindade Coelho, escritas entre 1897 e 1907. Daí que não nos surpreenda o início deste Elogio: “Pelo que observamos há cinquenta anos e pelo que desde então viemos lendo e reflectindo, estamos convencidos de que com o aparecimento do livro Os meus amores principiou uma transformação na vida literária portuguesa.” O que estava em causa era uma crítica ao Naturalismo e àquilo que era visto como os excessos dessa fase, sendo enaltecido em Trindade Coelho “a literatura casta, suave, iluminada e emotiva, que nos banha a alma numa torrente de espiritualidade, bondade e graça, a literatura que respira saúde moral e, portanto, doce, límpida, repousante e construtiva”. Júlio de Lemos alia-se, assim, ao colectivo que escolheu para apreciar o conjunto de contos de Trindade Coelho, definindo que “as constantes artísticas de Trindade foram a pureza dos seus temas e da sua linguagem, a simplicidade formal e o amor à nossa terra, que tanto louvou e exaltou”, para o que contribuem a “naturalidade, singeleza, claridade rebrilhante, cadência, musicalidade”, sentindo necessidade de sublinhar a existência de uma “simplicidade estética” na obra em apreço.
A ligação de Trindade Coelho à terra onde nasceu foi devidamente destacada por outro escritor, João de Araújo Correia, alto-duriense e também contista, quando, no último dia de Junho de 1961, para assinalar o centenário do nascimento de Trindade Coelho, discursou na Casa de Trás-os-Montes, em Lisboa, sobre o Perfil trasmontano de Trindade Coelho, conferência que verteu livro (Lisboa: Portugália Editora, 1961), dizendo, logo no início, que o escritor de Mogadouro, apesar de ter andado por várias terras (Coimbra, Sabugal, Portalegre, Ovar e Lisboa), “nunca saiu de Mogadouro”, justificando: “nunca saiu de lá, porque lá lhe ficou preso o coração à rama dos negrilhos”.
Este é o ponto de partida para considerar o “trasmontanismo” do autor de Os meus amores, apresentado por ter sido um escritor “independente”, que “não se enamorou de modas literárias” e manteve, “em cada linha escrita do seu punho, Trás-os-Montes pintado por uma pena”, com as cores da rusticidade e da delicadeza. A melhor tela, segundo Araújo Correia, está nesses contos, que revelam “o cenário do planalto, os animais rasteiros e os passarinhos, a leiva e a nuvem, a árvore e o homem, os tonilhos contados à lareira em linguagem imaculada”.
No mesmo ano em que se assinalava o centenário do nascimento de Trindade Coelho, era publicada a obra de Rogério Fernandes Ensaio sobre a obra de Trindade Coelho (Lisboa: Portugália Editora), que continua a ser uma excelente leitura da obra do escritor trasmontano.
Rogério Fernandes começa por analisar o livro mais conhecido que é essa colecção de contos intitulada Os meus amores, para introduzir a questão da arte de narrar, bem como a reflexão sobre a eventual proximidade de Trindade Coelho da estética realista.
Sem dissociar a intenção do autor de contar histórias no cenário rural da sua região, trazendo para a literatura a simplicidade e a emoção do homem do campo, considera Rogério Fernandes que as narrativas de Os meus amores são “perfeitos como realização literária” e “consistem sempre na narração de um caso, elegantemente desenvolvido nos seus lineamentos principais e encerrado com soberba mestria”, além de haver nelas, “para além dos seus episódios e da caracterização de tipos, um pensamento moral e social subjacente”. Quanto à questão do realismo, pensa Rogério Fernandes que “o realismo de Trindade Coelho é, de facto, um realismo amável, uma poetização da realidade”, já que, “no espectáculo horroroso que a sua província oferecia, o autor de Os meus amores seleccionava, unilateralmente, aqueles elementos mais susceptíveis de uma idealização lírica.”
Quase metade do estudo é dedicado a outra faceta do escritor de Mogadouro: o seu envolvimento enquanto cidadão e a sua actividade em prol da instrução, da escola e da formação cívica. Rogério Fernandes passa pelas obras que exibem o pensamento social de Trindade Coelho com uma adesão de simpatia, demonstrando a verticalidade e o compromisso do escritor, com amplo recurso a citações de obras suas e a opiniões de seus contemporâneos. Alheio a honrarias, preocupado com a necessidade de instrução popular, autor de uma proposta de forma de ser cidadão, de Trindade Coelho nos dá este ensaio um retrato vigoroso e coerente, onde cabem momentos difíceis e um percurso de vida que acaba sinuoso, com o suicídio. Só um homem “que se bateu ardorosamente pela elevação material e intelectual do seu povo e pelo ressurgimento do País” pode ter mantido a sua independência ou o caminho da sua sinceridade nos moldes em que se apresentou em carta a Luís Derouet: “A sinceridade é indisciplinada; não transige. E eu, como sincero, sou intransigente, e seria sempre, por isso, um mau partidário – fosse do que fosse e de quem fosse”.
Os contos de Os meus amores não têm, felizmente, andado esquecidos e com facilidade se encontram reedições (igualmente acessíveis quanto a custos). O facto de esta ser uma obra recomendada para leitura no ensino básico também sustenta essa presença nos escaparates. Mais difícil será encontrar a recolha que Viale Moutinho fez, em 1985, de diversos contos de Trindade Coelho que tinham ficado em jornais ou se mantinham inéditos, sob o título de Outros amores (Lisboa: Editorial Labirinto), narrativas construídas na esteira de Os meus amores. Ler Trindade Coelho continua a ser um encontro com a sensibilidade e com as histórias que têm feito a identidade de Portugal. Os três contributos aqui lembrados constituem outros tantos pretextos ou convites para ler Trindade Coelho ou para ajuizar do que foi a sua importância na literatura portuguesa.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Responsabilidades na educação, segundo Luís Cabral

Luís Cabral. "O desastre da educação". Expresso (caderno "Economia"), 28.Janeiro.2012, pg. 38

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Máximas em mínimas (75)

Sinceridade e política
«A sinceridade é indisciplinada; não transige. E eu, como sincero, sou intransigente, e seria sempre, por isso, um mau partidário - fosse do que fosse e de quem fosse.»
Trindade Coelho, em carta a Luís Derouet
(citado por Rogério Fernandes, em Ensaio sobre a obra de Trindade Coelho, 1961)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Rostos (174)

"Évora 1165-1965", por Vasco da Conceição, em Évora

sábado, 21 de janeiro de 2012

Máximas em mínimas (74)

De que somos capazes?
"Todo mundo tem na vida uma oportunidade de ser dois. Nos momentos de coragem, por exemplo, em que a pessoa faz coisas que se julgava incapaz. Os atos de heroísmo, nos instantes de perigo, quando a gente é capaz de pular um muro ou subir numa árvore que normalmente seria impossível de conseguir, quem você pensa que está fazendo tudo isso senão o outro?"
Fernando Sabino. O menino no espelho (1989)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Menezes Ferreira, "O fuzilado" (1923)



O fuzilado, de Menezes Ferreira (1889-1936), é novela curta, ao jeito do ritmo de publicação da série em que se integrava – semanal –, tomando para ambiente a Grande Guerra, que outro não podia ser o contexto, cinco anos depois do seu termo, para o narrador – “eu sou um caturra da Grande Guerra e pesa-me deixar passar esta data do 9 de Abril sem lhes contar a lamentável história do meu amigo Harry Budd.” Para um combatente do Corpo Expedicionário Português (CEP), o 9 de Abril era data memorável e este volume da colecção, que saía às quintas, viu o público a 12 de Abril.
O narrador de O fuzilado (Col. “Novela Sucesso”. Lisboa: 1923) explica o efeito da presença na linha da frente sobre a memória, o que serve também de pretexto para justificar o tema: “Os que viveram aqueles torturados momentos da Guerra no tempo do Gross Bertha, dos gases asfixiantes e dos bombardeamentos feéricos do front, mal podem ainda alinhavar meia dúzia de ideias concretas ou quadros definitivos sobre a formidável tragédia” – forma de dizer que as memórias estão ainda muito vivas e não permitem uma distância analítica suficiente relativamente ao vivido, maneira de justificar uma história com laivos de humanidade e de valores, nela preponderando a afirmação da vontade do homem e até uma atitude contrária à guerra.
O tom é crítico quanto ao vivido na frente, um conjunto de “sucessos grandiosos, trágicos, brutais ou miseráveis que, uma vez abertos os diques da ferocidade humana, foram vividos em todos os campos de batalha, tanto de cá como de lá do arame farpado e até muitas vezes ali mesmo na Terra de Ninguém.”
Assim contextualizado o estatuto da memória, o narrador, dialogando com o leitor e aproximando os espaços e o tempo, convida: “os senhores não se importarão decerto a ir comigo ali à Flandres, no norte da França, onde uma mancha cinzenta que é a soldadesca portuguesa se agita, combate e sofre pela maior glória de Portugal”.
Antes de ser contada a história do herói Budd, há ainda lugar para contestar o retrato desfavorável que em Portugal estava feito sobre o CEP, sobretudo porque não eram consideradas as circunstâncias em que os contingentes desembarcaram em França – bem diferentes das que marcavam as tropas britânicas, por exemplo – com ausência de motivação e com medo e ignorância quanto ao saber com actuar perante o desconhecido – “uma vergonha”, conclui o narrador, para testemunhar de seguida que foram necessários três meses para haver mudanças. Se o tom utilizado serve para responder ao que fora a negativa opinião que tinha sido construída sobre o CEP pelos seus detractores – “eu bem sei que os senhores costumam sorrir-se incrédulos quando se fala nos dias afadigados e nos transes perigosos a que frequentemente se sujeitava essa mísera população das trincheiras” –, também não estará ausente uma crítica às parcas condições proporcionadas aos convocados portugueses.
A história do tenente Harry Budd ocupa metade do volume e conta-se rapidamente. Homem habituado aos combates, Budd fora nomeado intérprete das forças portuguesas em Laventie, uma vez que falava castelhano, pois tinha andado pela América do Sul. Apesar de habituado às guerras (participara em vários conflitos), Budd não escapou à chamada neurastenia das trincheiras e, num belo dia, por sua conta e risco, despediu-se dos amigos portugueses, dizendo “já estar chateado de guerras”. O que podia ser apenas uma atitude precipitada teve consequências, pois Budd decidira mesmo a sua retirada e, em presença dos superiores, recusou-se a cumprir uma missão arriscada – ele, que já cumprira tantas! –, tendo declarado por escrito a sua resolução de “não estar disposto a guerrear mais”.
Combatente galardoado por serviços prestados, a sua decisão foi responsável pelo seu infortúnio: “Na madrugada seguinte, quando no horizonte o sol rompia numa enorme sangueira por entre nuvens roxas de tragédia, o tenente Harry Budd, cinco citações, três ferimentos em combates, duas promoções e a Victoria Cross, caía ingloriamente junto aos muros arruinados de uma ferme, varado por uma dúzia de balas de um pelotão de execução.”
A história de Budd, que Menezes Ferreira apresenta, dá a dimensão da tragédia individual do combatente, que, estando no campo de operações, se revolta contestando a guerra e a carnificina. É com uma reflexão desse tipo que a narrativa se conclui: “Assim, o meu infeliz amigo, num supremo arranco de revolta, e com o sacrifício da própria vida, impusera pela primeira vez a sua vontade de homem e dispusera a seu talante da sua carne desprezível de soldado. Os outros que o julguem se puderem.”
Moralizador? O último fuzilamento português de que há notícia ocorreu justamente durante a Primeira Grande Guerra, em Setembro de 1917, quando um soldado condutor foi acusado de tentativa de passagem para o inimigo e o julgamento militar foi no sentido da execução. A história que Menezes Ferreira narra não resulta de traição, antes de uma decisão individual de pôr cobro à guerra e à matança. Mas, num conflito como este, não havia lugar para decisões individuais nem para objecções de consciência nem para recuos. Segundo a lógica bélica, Budd teria de continuar a matar; recusar isso podia ser uma libertação, mas também era matar-se a si próprio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Em Palmela: as memórias portuguesas da Grande Guerra


Cerca de oito dezenas de livros constituem a exposição bibliográfica “Quando os Portugueses andaram na Grande Guerra – Memórias portuguesas da Primeira Grande Guerra” patente na Biblioteca Municipal de Palmela desde 14 de Janeiro, que pode ser visitada até 11 de Fevereiro.
Organizada em quatro núcleos – “Pensamento e imagens”, “Memórias da Europa e de África”, “Olhares da literatura portuguesa” e “Vozes estrangeiras nos testemunhos e na literatura”, esta iniciativa contará ainda com dois encontros – com o escritor Sérgio Luís de Carvalho, a propósito do seu romance O destino do capitão Blanc (Lisboa: Grupo Planeta, 2009), em 4 de Fevereiro, e com o professor universitário Ernesto Castro Leal, em 10 de Fevereiro, que falará sobre “Pátria e República: memorialismo de guerra nas edições da Renascença Portuguesa”, ambas às 21h00.
No prospecto que acompanha a exposição, pode ler-se: “É difícil reconstituir o corpus da literatura memorialística portuguesa da Primeira Grande Guerra, apesar de já ter havido várias tentativas de catalogação. Mas, de vez em quando, essas obras vão aparecendo e permitem-nos participar, à distância, na vida das trincheiras. Aqui se mostram algumas delas, com todas as limitações imaginadas mas com algumas intenções: avivar a memória, mostrar uma faceta da nossa literatura autobiográfica, ver até onde a Grande Guerra é, ainda hoje, motivo de ficção. Aqui e ali, mostram-se também obras estrangeiras sobre o mesmo tempo e sobre o mesmo tema, porque a Primeira Grande Guerra (que levou a que um estudioso, recentemente, a chamasse para apelidar o século XX como 'o século de 1914') teve marca universal. E o que nela sentiram os portugueses não foi diferente do que sentiram todos os outros participantes, independentemente das cores das bandeiras sob que lutavam…”
A exposição ocorre na altura em que estão prestes a passar os 95 anos sobre o primeiro embarque português para a frente da Flandres, no final de Janeiro de 1917.
Recorde-se que, entre Setembro e Dezembro do ano passado, Palmela teve uma exposição sobre o mesmo período temporal, “Quadros da Guerra – 1915”, a partir de cartazes de propaganda a favor das forças aliadas, que percorreu quatro das freguesias do concelho. São conhecidas as identificações de seis militares naturais de Palmela que pereceram no conflito, o primeiro deles, João Gomes Marto, em 5 de Setembro de 1917. Também no dia do ataque de La Lys, 9 de Abril de 1918, um soldado palmelense, Francisco Pessoa, ali perdeu a vida.

Núcleo de Poesia de Setúbal acabou

O Núcleo de Poesia de Setúbal acabou. Pelo menos como organização com estatutos reconhecidos. Surgido em Agosto de 2005 no interior do Grupo Desportivo “Independente”, em Setúbal, teve como seus primeiros directores Henrique Mateus, Viriato Horta, Ivone Vilares e Maria Adelaide Palmela.
Logo no bimestre de Setembro-Outubro do ano da fundação, começou a publicar a revista O Canto dos Poetas, cujo número zero teve entrevista com a poetisa Alexandrina Pereira e coleccionou textos assinados por Ivone Vilares, Adelaide Palmela, Viriato Horta, Henriqueta Lisboa, Henrique Mateus e Alexandrina Pereira, além de transcrições de poemas de Sebastião da Gama, António Aleixo e João de Deus.
Em Maio de 2010, com o nº 21 do boletim O Canto dos Poetas, chegava a informação de que o Núcleo de Poesia de Setúbal tinha adquirido a sua autonomia jurídica, constituindo-se como associação cultural. Como membros da Mesa da Assembleia Geral, constavam os nomes de Rui Serodio, Maria das Dores Silva e Maria Clementina Pereira; na Direcção, constavam Henrique Mateus, Luís Chaínho e Viriato Horta; no Conselho Fiscal, estavam José Francisco Gonçalves, Arnaldo Ruaz e José Manuel Rodrigues.
No entanto, a indisponibilidade, por razões particulares ou por falecimento (como foi o caso de Rui Serodio), viria a pesar no funcionamento do Núcleo, que, em Dezembro, resolveu a sua dissolução. O último boletim publicado, com o nº 26, teve a data do derradeiro trimestre de 2011 e o poeta entrevistado era Henrique Mateus, que lamentava a dificuldade de encontrar dirigentes disponíveis para assegurar a continuidade da associação, mas que manifestava alguma esperança numa saída airosa para a colectividade. Tal desejo não teve saída feliz e, em 10 de Dezembro, uma Assembleia Geral extraordinária decidiu pelo fim do Núcleo.
Para trás, fica a edição dos 27 números do boletim O Canto dos Poetas, a organização de quatro sessões dos Jogos Florais de Setúbal, a realização de diversas tertúlias poéticas em Setúbal e a divulgação dos poetas sadinos através de sítio na internet.
Finda a associação, mantém-se a intenção de continuidade da publicação de poesia, ainda que a título particular. Às figuras que, ao longo de meia dúzia de anos, aguentaram este projecto fica a satisfação do cumprimento de uma missão: "Trabalhámos em prol do colectivo, privámo-nos de descanso, do convívio com os nossos familiares e, principalmente, de fazer coisas que adorávamos fazer, fizemo-lo galhardamente, sem esperar nada em troca. Não estamos arrependidos, pelo contrário, estamos gratos.", conforme consta na carta de despedida aos associados.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

Esperança do futuro, cadê?

Segundo a edição online do Público, os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos já sabem que vão ter cortes nos subsídios de Férias e de Natal e os do Banco de Portugal já receberam o subsídio de Férias de 2012. Entretanto, também pela mesma fonte, fica-se a saber que o Presidente da República pediu aos funcionários públicos para fazerem “mais e melhor” com “menos”, de forma a “contribuírem para manter viva a esperança do futuro”. É que a função pública já há muito sabe que não vai ter nenhum dos subsídios!...
No ano passado, enquanto eram cortados os vencimentos na função pública, os cartões de crédito dos governantes continuavam a circular e ainda há pouco se soube de verbas gastas com eles no primeiro semestre do ano.
Será que foram os funcionários públicos os culpados da crise? Será que esta pluralidade de medidas abona em favor da equidade para o país?
Dá ideia de que tudo continua na mesma e ninguém é responsabilizado, ninguém! Pagam os funcionários, que não deviam ter vivido acima das suas possibilidades!...
E o país continua a entreter-se, descobrindo que há maçonaria… enquanto as desigualdades saltam, saltam, saltam! E somos convidados a “manter viva a esperança do futuro”?... Cadê, se nem sabemos para que estamos a ser penalizados com austeridade? Cadê, se ninguém garante que os sacrifícios apontam para a tal luzita ao fundo do túnel, mesmo que ele seja muito comprido? Cadê, se todos os dias vai sendo sugerido que mais medidas de austeridade podem aparecer?
Por favor…

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Para a agenda - Albérico Afonso e o Ensino Técnico

Amanhã, em Setúbal, na livraria Culsete, pelas 16h00, a obra Salazar e a Escola Técnica (Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 2011), de Albérico Afonso Costa, será apresentada por Fernando Rosas, que é também o autor do prefácio. O primeiro dos encontros organizados pela Culsete em 2012 promete, pois.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Carta a um professor (de todos os tempos)

De vez em quando, circula pelos emails a mensagem que segue, apresentada como “carta de Abraham Lincoln ao professor do seu filho”, supostamente datada de 1830. Afinal, parece que a carta é falsamente atribuída ao 16º presidente dos Estados Unidos (1809-1865), o primeiro da lista que foi assassinado…
O que vale nesta carta é o teor da sua mensagem; a autoria é de somenos. Quem quer que tenha sido o autor da missiva tinha a sensibilidade e conhecia os valores que deveriam formar o homem de todos os tempos, sobretudo o homem de hoje. A gente lê e fica com a sensação de que todos os princípios e desejos nela exarados não passam de um sonho. O mundo não pede o que solicitava o(a) subscritor(a) desta carta! Infelizmente! Por isso mesmo, deve a gente lê-la. E pensar no que se tem andado a fazer…
Mantenho o título com que a peça tem sido apresentada, ainda que sabendo da improvável autoria.
CARTA DE ABRAHAM LINCOLN AO PROFESSOR DO SEU FILHO
"Caro professor,
Ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que para cada vilão há um herói, que para cada egoísta há também um líder dedicado; ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo; ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada; ensine-o a perder, mas também a saber gozar a vitória; afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso; faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa; ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho; ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só, contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço; deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Livros em festa



A alegria dos livros. E a alegria dos leitores. A partir da livraria Type, de Toronto. E os livros fazem a festa...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Hoje é dia de Luísa Todi

Luísa Todi (glorieta na avenida com o nome da cantora, em Setúbal)
09.Janeiro.1753 / 01.Outubro.1833

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Memória: Lígia Figueiredo (1951-2012)

A surpresa foi total quando, hoje, uma colega me comunicou o falecimento da Lígia Figueiredo, acontecido ao fim do dia de ontem. Em situação de trabalho, na sede de agrupamento e escola a cuja direcção presidia, a Escola Básica de 2º e 3º ciclos de Bocage, em Setúbal. Ironia do destino: a Lígia acabou os seus dias a trabalhar pela Escola, aquele que foi o seu espaço e pelo qual se projectou, quer pelo desempenho de cargos (na direcção da sua Escola, no Centro da Área Educativa de Setúbal ou no Conselho de Escolas), quer pelo reconhecimento que lhe foi atribuído localmente.
Contactei com a Lígia profissionalmente e visitei-a uma ou outra vez por amizade na Escola que dirigiu. A imagem que sempre tive foi a da pessoa dedicada à escola, a vivê-la exaustivamente, não dando tréguas. Habituei-me a vê-la como encontrando sempre soluções para os mais difíceis problemas, com argumentos de peso, nunca ultrapassando os limites do legal. Não sendo de consensos fáceis, sempre a vi como exigente, partilhando saídas para os problemas e sempre acompanhando as mudanças. Ironicamente, a vida levou-a de cena agora, que novas alterações se esperam no sistema educativo; ironicamente, a vida abandonou-a na escola, caindo no palco a que se dedicou.
Aqui lhe deixo o meu tributo, pequeno sem dúvida, mas tributo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre dois setubalenses que dão que falar

São eles: Diogo de Oliveira Faria, que mereceu recentemente reportagem televisiva a propósito da sua participação no Cirque du Soleil; Cristina Mestre, premiada pela sua arte fotográfica. A ler aqui.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Efemérides de 2012

2012 a começar, revestido do seu halo de desconhecimento quanto ao que irá ser, muito anunciado como ano mau, difícil, de mudança… mas sabe-se lá o que vai ser!
Efemérides interessantes vão acontecer neste que, apesar de tudo, também vai ser o Ano Internacional das Cooperativas, o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos e o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade Intergeracional. Assim, aqui está um conjunto de marcos que devem chamar a atenção para 2012: o 100º aniversário do nascimento de Jorge Amado (10.08.1912-2001) e das mortes de Manuel Laranjeira (1877-22.02.1912) e de Bulhão Pato (1828-24.08.1912); o 200º aniversário do nascimento de Charles Dickens (07.08.1812-1870) e de Garcia Peres (04.08.1812-1902), este último com interesse relevante também para a história setubalense. Sem chegar ainda ao centenário, e também pela importância para a poesia portuguesa do século XX e para a literatura ligada à Arrábida, será também de assinalar o 60º aniversário da morte de Sebastião da Gama (1924-07.02.1952).
Claro que não pode ser esquecido o primeiro centenário do naufrágio do “Titanic” (15.04.1912), acontecimento quase mítico e referência do século XX…
Aditamento:
António Cunha Bento lembrou mais duas efemérides ligadas à história sadina: o 50º aniversário da inauguração do Estádio do Bonfim (16.09.1962) e o 450º aniversário da morte de Frei João Pinheiro, ocorrida em Roma, quando integrava o Concílio de Trento (02.03.1562).

Então...

...Bom 2012!