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segunda-feira, 21 de junho de 2021

Em Setúbal, a história do Vitória conta-se em murais...


Em Setúbal, a história do VFC (Vitória Futebol Club) é contada em murais do artista Ricardo Romero desde há dias. Embelezamento da construção, é verdade, mas também, e sobretudo, a identidade que tem feito a terra e o seu clube. Boa ideia! Valeria a pena ter havido legendas...















sábado, 2 de fevereiro de 2019

Nicolau da Claudina: a experiência, o saber, a amizade e a disponibilidade



Nicolau da Claudina (n. 1933) é uma figura carismática de Palmela e de Setúbal. Nome ligado ao movimento associativo, passou pelas direcções do Vitória Futebol Club, do Palmelense Futebol Club, do Grupo dos Amigos do Concelho de Palmela, da Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela e da Associação Cultural Sebastião da Gama, entre outras.
Homem de um saber e de uma experiência extraordinárias, alia a bondade, a disponibilidade e uma memória prodigiosa que, além de revelar histórias, transmite exemplo. Foi aluno de Sebastião da Gama, personalidade que venera e a quem reconhece ter tido um extraordinário papel na sua formação.
Alegro-me por ter Nicolau como amigo de há muito tempo. E agradeço a Simões Silva a iniciativa de recolher o depoimento e testemunho de Nicolau da Claudina. A ver!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

domingo, 16 de setembro de 2012

Bonfim, estádio do Vitória Futebol Club, 50 anos


Crachá alusivo ao Estádio do Bonfim, vendido no dia da inauguração, em 1962

Inaugurado em 16 de Setembro de 1962, o Estádio do Bonfim, em Setúbal, constituiu para a cidade e para o Vitória Futebol Clube um momento histórico. Na primeira página de O Setubalense do dia seguinte, passava o entusiasmo sentido na cidade que vestira as cores do clube local: "Foi ontem que a cidade mais plenamente se identificou com o Vitória que seu nome tem, saindo para a rua mal desperto o sol, numa sinfonia de verde-e-branco, pura, espontânea, quente; foi ontem que nesta terra, subitamente, toda a população não entendia outra linguagem que não fosse a linguagem vitoriana, que só o Vitória e o seu Estádio do Bonfim contaram, que nada, naquelas horas, maior importância tinha. Música, foguetes, vivas, abraços, lágrimas e risos, bandeiras e bandeirinhas, balões, pombos, orgulho, Vitória-Vitória, verde-branco, verde-branco, verde-branco, Estádio, festa, homens, mulheres, crianças, aplausos, aplausos, mais aplausos... Foi ontem a Festa do Vitória, a Festa do Estádio. Ai, se ela pudesse ser de novo!..." O cronista prosseguia, levado pela sua costela vitoriana, dizendo que a multidão estava "delirante, ébria de felicidade, louca de alegria, fantasticamente rendida".
O Estádio do Bonfim surgiu numa época áurea da história do clube sadino e coroou o envolvimento de várias equipas de dirigentes, de diversas figuras locais, dos adeptos vitorianos de várias gerações e de uma cidade que, em massa, aderiu à ideia da construção daquele parque de jogos.

PRÓ-ESTÁDIO  DO  VITÓRIA

Em Novembro de 1952, a Comissão Administrativa do Vitória tocou a reunir pelas 22 horas de uma quarta-feira. Segundo O Setubalense, de 8 desse mês, o convite fora extensivo a "todos os Presidentes das Direcções e da Assembleia Geral que pelo Clube [tinham] passado nos seus 42 anos de existência". O motivo de tal encontro estava relacionado com as obras da primeira fase, que deveriam ter início brevemente, havendo a insistência na necessidade da colaboração de todos - o curto texto terminava, de resto, com um apelo dirigido a um público-alvo muito vasto, que implicava o envolvimento do próprio jornal: "é preciso, pois, e desde já que todos, sem excepção, se vão habituando à ideia de que o Estádio só será possível se todos nos unirmos em torno da Comissão Administrativa do Vitória, para, no momento oportuno, podermos afirmar sem hesitações que 'Estamos Prontos'!"
Cerca de uma semana depois, no dia 14, a Comissão Administrativa, presidida por Mário Ledo, foi recebida pelo Ministro do Interior, Trigo de Negreiros, que prometeu colaborar na concretização do "desejado" parque de jogos sadino logo através da publicação de uma portaria, que sairia no dia 20, a conceder a cedência do terreno para tal efeito. Começava assim uma onda de entusiasmo que levaria o clube a divulgar, na edição de O Setubalense de 22, juntamente com a reprodução do ante-projecto do estádio, um público "reconhecimento" ao Governo: "O momento grandioso que em breve se irá construir - o parque de jogos do VFC - ficará, no futuro, a assinalar o esforço dos setubalenses, como padrão de glória e afirmação concreta ao Governo, de que o representante de Setúbal no Futebol Nacional saberá honrar e dignificar através dos tempos a confiança nele agora depositada". Dois dias depois, como se ainda fossem precisos mais argumentos para envolver a cidade, António Alves da Mota assinava um artigo de opinião no mesmo jornal, lembrando: "Quem faz ainda melhor a propaganda da nossa cidade? É o Vitória, quando alcança com denodo e fulgor os seus triunfos!"
A marcha em prol da construção do estádio já começara e, nessa mesma edição do dia 24, O Setubalense noticiava o "içar da bandeira do Vitória nos terrenos do futuro Parque de Jogos", perante uma multidão que engrossara ao longo de um desfile que passara pela Rua de Bocage e Avenida 22 de Dezembro. Para içar a bandeira foi convidado "o mais antigo Presidente das Direcções do clube, Mariano Coelho, o qual desempenhou fielmente, no meio da maior comoção e das lágrimas que lhe corriam pelo rosto". A partir daqui, todo o tipo de ajuda foi chegando, fosse através da oferta e transporte de materiais, fosse por meio de disponibilização de trabalho, fosse por via dos potes-mealheiros espalhados pela cidade para angariação de fundos "pró-estádio do Vitória", tudo pelo apego ao clube, no respeito pela mensagem que constava em faixas de cortejos de ofertas - "Se tens amor a Setúbal ajuda o Vitória".

FESTA  EM  VERDE-BRANCO

Ao longo de uma década, a cidade de Setúbal trabalhou para o estádio. Como referia Machado Pinto num artigo publicado em Junho de 1962, na revista Portugal d'Aquém e d'Além-Mar, tinha havido um primeiro grupo, constituído por Mário Ledo, Manuel Antunes, Leitão Ferreira, Ramos da Costa e Júlio Mourato, que promoveu "a aquisição dos terrenos, a elaboração dos projectos, os aterros, as drenagens, o arrelvamento e a construção das instalações dos chamados desportos pobres", enquanto uma outra comissão, composta por Magalhães Mexia, Humberto Ferreira da Cunha, Jorge Sequeira, Gonçalo Vaz Pinto e Marc Velge, "removeu os obstáculos de ordem vária que protelavam o acabamento, ergueu as bancadas e tornaram o estádio naquela feliz e bela realidade".
O ano de 1962 viu o Vitória ser finalista da Taça de Portugal, tal como já acontecera nas épocas de 1942/43 e de 1953/54. A festa dos resultados inebriava os adeptos de uma equipa que, coordenada por Fernando Vaz, tinha no plantel Galaz, Pompeu, Mateus, Herculano, Quim, Jaime Graça, Suarez, Mourinho, Carriço, Dimas, Alfredo, Manuel Joaquim, Emídio Graça, Polido e Faustino. O técnico Fernando Vaz levara a equipa à 1ª Divisão e, em entrevista a O Setubalense, de 25 de Julho, dizia: "Devo aos jogadores mais que um simples aceno de simpatia, devo-lhes o respeito pelo esforço generoso que realizaram". Simultaneamente, o Presidente da Direcção, Virgílio Saraiva Fernandes, informava que os associados eram dois milhares e meio, um número que, dizia, "não se ajusta nem às necessidades nem à categoria do Vitória".
O grande dia desse ano de 1962 aproximava-se. Por meados de Agosto, o clube divulgou um comunicado anunciando os preços a serem praticados no novo estádio - para lugares cativos (cuja procura estava a ser grande), uma quota mensal de 30$00 e um cartão anual de 200$00; para o topo sul, a quota era de 15$00 mensais.
Finalmente, no dia 16 de Setembro, a cidade vestia-se de verde-branco para inaugurar o estádio, com a presença do Presidente da República, Américo Tomás, e dos ministros das Obras Públicas, Arantes Oliveira, e da Educação Nacional, Lopes de Oliveira. "Mais de 300 mastros com bandeiras davam um ar verdadeiramente de festa, naquele estádio, cuja grandeza é a prova mais evidente do bairrismo de todos os vitorianos", escrevia O Setubalense do dia seguinte. O festival de inauguração rendeu cerca de 200 contos e, no desfile, participaram cerca de milhar e meio de atletas de vários clubes, destacando-se os da região, como Clube de Amadores de Pesca de Setúbal, Clube de Futebol "Os Sadinos", Clube Naval Setubalense, Grupo Desportivo de Palhavã, Clube Boavista de Setúbal, Grupo Desportivo Setubalense "Os 13", Juventude Azeitonense, Palmelense Futebol Clube, Comércio e Indústria e as secções do Vitória, além de agremiações nacionais como o Sporting, o Benfica, o Porto, o Farense e o Olhanense, encerrando com "um grupo constituído pelo respectivo empreiteiro e todos os operários que construíram o estádio".
O jogo da inauguração pôs frente a frente a equipa vitoriana e a Académica, tendo o visitante vencido a partida por 1-0, com golo marcado por Jorge no segundo minuto do encontro. "Não foi a equipa da casa que venceu o jogo da inauguração", escrevia O Setubalense. A desforra vitoriana aconteceria poucos anos depois, quando, no final da "Taça de Portugal" de 1966/67, os setubalenses venceram a Académica por 3-2, assim se sagrando vencedores da "Taça" pela segunda vez.
in Histórias da região de Setúbal e Arrábida
(Setúbal: Centro de Estudos Bocageanos, 2003)
[foto: António Cunha Bento]

sábado, 20 de novembro de 2010

Vitória Futebol Clube - 100 anos de vida

Correra animado o Verão setubalense de 1910, ainda em tempo de monarquia, graças a D. Bernardo Mesquitela, comandante da canhoneira “Zaire”, que tinha organizado festas desportivas na zona da Quinta da Saboaria.
Apesar de haver alguns clubes já dedicados ao desporto – como o Grupo Académico, o Setubalense Sporting Clube ou o Bonfim Foot-Ball Club –, a verdade é que, depois desse Verão, um jornal dizia que fazia muita falta em Setúbal um clube que se dedicasse à especialidade do futebol.
Fosse ou não por acaso, o mês de Novembro, quando os tempos já eram republicanos, viu nomes como os de Joaquim Venâncio, Manuel Gregório e Henrique Santos a afastarem-se do BFC para erguerem um novo grupo, a que se juntaram Guilherme da Silveira, Gabriel Rouillé, Manuel Reimão e José Preto Chagas, que, em definitivo, em 20 de Novembro, constituíram o Sport Vitória.
A primeira assembleia geral da organização ocorreu em 5 de Maio de 1911, sessão em que Joaquim Correia da Costa propôs a alteração do nome do clube, que, a partir daí, se passaria a chamar Victoria Foot-Ball Club. A partir desta assembleia-geral, foi criada a primeira direcção do clube, constituída por Manuel dos Santos Barreira (presidente), Mário Ledo (vice-presidente), Manuel Reimão (1º secretário), António Ledo (2º secretário), Joaquim Venâncio (tesoureiro) e João Dinis (capitão geral).
Passados 100 anos sobre esse Novembro de separação e de origem de um novo grupo... parabéns, VFC!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Intervalo (17)

As "Postas de Pescada" da Alzira e o resultado Vitória FC-SL Benfica


Setúbal Life. Setúbal: Pedaços d'Ideias (Associação Cultural), nº 36, 12.Fev.2010

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Fernando Mendes lembra o "Jogo sujo"

Fernando Mendes, nome dedicado ao futebol, é, juntamente com Luís Aguilar, o responsável pelo livro Jogo Sujo (Alfragide: Livros d’Hoje / Leya, 2009), título que a editora explicou promocionalmente em capa como sendo a maneira de conhecer “o verdadeiro mundo do futebol português”, ali se aliando “doping, prostituição, favorecimentos financeiros, acidentes de arbitragem e não só”. Um mundo, claro!, e que mundo!...
Quase três décadas andou Fernando Mendes no futebol, passando pelos considerados grandes clubes portugueses. O que sai agora na forma escrita é o testemunho do que de pior enfeita o desporto, de um mundo em que o próprio narrador participou – “Quero salvaguardar que este livro não é nenhum exercício gratuito de desculpabilização. Estou consciente de que, ao longo da minha carreira, participei em situações pouco dignificantes para a minha pessoa e para a verdade desportiva. Mas assumo o que fiz e aceito as minhas culpas no cartório.”
Ao longo do escrito, Fernando Mendes insiste na tecla da honestidade várias vezes, e não esconde ao leitor que a sua intenção é a de “contribuir para informar melhor os que vivem desinformados”. No entanto, a forma como a história é contada, não revelando nomes nem datas precisas, lança o leitor numa onda de suspeição, porque os envolvidos nas histórias contadas podem ser muitos. Questão de defesa, já se vê. Até porque, conforme nota final, numa primeira versão do livro, estavam apontados nomes, locais e datas relativos aos factos relatados, pormenores que saltaram da edição definitiva porque, “infelizmente, o clima de medo e de censura instalado no futebol português tornou impossível juridicamente que essas mesmas pessoas fossem expostas”.
Após a viagem por este testemunho, o leitor pode não ficar com mais informação quanto ao mundo do futebol do que aquela que consta na capa. Mas fica com a palavra de alguém que pretende não esconder e que assume ter aceite o doping enquanto futebolista: “Este livro, cheio de verdades e experiências na primeira pessoa, é um dever cumprido. Um dever para com todos os profissionais e adeptos do futebol. Pode ser que depois do meu relato as pessoas percebem porque é que em determinados momentos em determinados momentos certos jogadores rendem mais ou menos do que se estava à espera. Pode ser que passem a ver o jogador de futebol de uma forma mais humana.” Esta seria uma boa causa para dizer a experiência, embora no leitor possa ficar a dúvida se um testemunho como este (onde nem faltam as manifestações afectuosas para a família, especialmente para as filhas, ou o registo do apreço sentido com “uma boa queca”) conterá os elementos suficientes para esse rosto de humanidade que é necessário dar aos desportistas…
O livro é homenagem a uns tantos homens que com o autor privaram – colegas de jogo, treinadores, dirigentes – mas também uma denúncia do que vai mal no mundo do futebol em que todos esses protagonistas (autor incluído) se movimenta(ra)m.
Coisas que ficam:
De pequenino – “Se há coisa que me faz impressão hoje em dia é olhar para as camadas jovens dos clubes e ver alguns miúdos cheios de manias e balelas. Alguns têm qualidade, mas outros não passam de uns bananas que não sabem fazer nada sozinhos. Actualmente, um miúdo que viva a um quilómetro do campo de treinos precisa que a carrinha do clube o vá buscar a casa.”
Deus e o futebol – “Se Deus um dia resolvesse descer à Terra para vir a Portugal ver um jogo de futebol, esse jogo só poderia ser um Sporting-Benfica. (…) Nada se compara ao sentimento que existe num clássico entre leões e águias. É o derbi de todos os derbies. Faz lembrar as histórias de banda desenhada em que o herói não pode viver sem o vilão.”
Futebol – “O futebol é quase sempre racionalizado pela irracionalidade. (…) Os impropérios são a linguagem natural do futebol.”
Vitória de Setúbal – “Tive oportunidade de assinar o meu nome na história de um dos clubes mais bonitos de Portugal. (…) Serão poucas as equipas que têm uma relação tão afectiva e tão próxima das pessoas da sua terra como a que existe entre o Vitória e a cidade de Setúbal.”
Tudo e nada – “Durante os anos em que andei no mundo da bola, percebi da forma mais cruel que, para ganhar, vale quase tudo. A saúde humana é secundária.”
Retrato(s) – “No futebol, conhecemos muita gente enquanto estamos em alta, mas (salvo raras excepções) a maioria dessas pessoas não vale nada. São falsas, invejosas e perigosas. Além disso, no futebol também somos obrigados a crescer muito depressa. (…) Não aprendemos apenas a jogar futebol, aprendemos tudo o resto: as diversas artimanhas e truques que possamos colocar ao serviço da nossa equipa. Com o passar do tempo, vamos ficando peritos em lidar com colegas, adversários, dirigentes e árbitros.”

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Para a família vitoriana

O Vitória Futebol Clube lançou uma Caderneta Oficial alusiva à época de 2008/2009, em colecção de centena e meia de cromos que vão muito para lá do acostumado nestas lides de colecções: é que esta Caderneta do clube sadino pretende também contar um pouco da história da instituição, avivar alguma(s) memória(s), apresentar quem faz o clube hoje. Pelos cromos passam os membros da Direcção, os funcionários, a massa associativa e os adeptos, a equipa desta época, algumas das taças que o clube conquistou, os Presidentes da Direcção e alguns momentos da história.
Nas palavras do actual Presidente da Direcção, Luís Lourenço, esta Caderneta “é uma forma diferente de nos mostrarmos, de expormos a nossa actividade, de nos financiarmos, de mostrar que somos muitos e dispostos a deixar a nossa marca na Cidade que amamos”.
A obra conta, pois, um longo percurso iniciado em Novembro de 1910. Cheio de história. Cheio de verde. Cheio de Setúbal. Em que não contam só os ídolos, mas também todos os heróis que, no quotidiano, vão fazendo o clube.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Mourinho e o Vitória FC, com Santana Lopes à mistura

À chegada a Lisboa, os jornalistas quiseram saber de José Mourinho o que ia fazer, como ia ser a sua vida, se iria ao futebol, etc., etc., as perguntas do costume, na expectativa de descobrirem qualquer milagre que lhes desse mais notícia ou mais trica. Ao que vi na televisão hoje pela manhã, Mourinho foi comedido e, pedagogicamente, disse mesmo que, agora que estava fora dos bancos e dos treinos, não iria dizer nada sobre futebol, acrescentando que, durante este tempo (incerto) de repouso (de guerreiro), o único futebol em que marcaria presença seria para ver jogos do sadino Vitória Futebol Club.
Esta intenção, assim pacificamente manifestada a quem esperava não se sabe muito bem o quê, merece a minha admiração, mesmo porque vai ao encontro de um artigo que O Setubalense publicou na sua edição de segunda-feira, assinado por Giovanni Licciardello, intitulado "Pensar Setúbal" - é que, de acordo com o articulista (e eu subscrevo), ser setubalense não exige que a naturalidade no bilhete de identidade contenha a palavra "Setúbal", antes passa por "ter uma relação afectiva com a cidade e arredores, reconhecer as potencialidades inegáveis que tem e procurar dar o seu modesto contributo para que possa melhorar", por "gostar de Setúbal". Mostrar um pouco do vitorianismo que lhe vai dentro, como publicamente fez Mourinho perante uma turma de jornalistas sedentos do social (e do trivial), foi um acto de setubalense. E só esse bocadinho valeu a pena, quer para a auto-estima do clube, quer para a auto-estima de Setúbal.
A propósito desta chegada e da sua repercussão nos media, é ainda de assinalar a atitude de Pedro Santana Lopes (que não vi, mas sobre que li), ao abandonar a entrevista que estava a dar à SIC por esta ter sido interrompida para transmissão da chegada do treinador setubalense, afinal a atitude que muitos entrevistados deveriam ter quando são tratados de forma menos conveniente (mesmo em directo) e que, a troco de uma exposição efémera, aceitam a subserviência às câmaras, aos holofotes e à trituração dos acasos.