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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Memória: Bénard da Costa (1935-2009)

De João Bénard da Costa guardarei na memória a sua intensa ligação ao cinema; a sua escrita de histórias encadeadas, em tom de cavaqueira e de memórias (dos livros, das revistas e das crónicas jornalísticas - no Público, escreveu algumas evocativas histórias da Arrábida, por exemplo); a forte perspectiva cultural que pelos seus textos perpassa. Mas o que mais me fica na memória é o discurso que proferiu a propósito da história, da cultura e das memórias de Setúbal em 10 de Junho de 2007, quando a data era assinalada na cidade do Sado, um texto intenso que passou em retrospectiva a história sadina e que pretendeu chamar a atenção para o papel da cidade, desta cidade, enquanto pólo com identidade acentuada mas frequentemente esquecida. Foi uma excelente mensagem que ficou para os setubalenses, um cru testemunho de um viajante na história, de um frequentador de Setúbal e da Arrábida. Não será um testamento, mas é, pelo menos, um texto que justificaria a evocação de Bénard da Costa neste dia para a comunidade setubalense...
[foto: Bénard da Costa, em Azeitão, na inauguração do monumento a Sebastião da Gama, em 9 de Junho de 2007]

terça-feira, 16 de setembro de 2008

"Os Lusíadas" em manuscrito, em Setúbal

O 10 de Junho de 2007, celebrado em Setúbal, foi a festa que fez arrancar uma acção de mais de dois milhares de pessoas, que se disponibilizaram a passar a escrito a obra Os Lusíadas, de Luís de Camões. A primeira estrofe manuscrita aconteceu no Club Setubalense, na Avenida Luísa Todi, cerca das 15 horas de 9 de Junho, e teve como copista o Presidente da República; a segunda estância teve a mão de Manuel Alegre, que foi o autor da ideia. E, depois, a obra foi crescendo, passando por diversos sítios de Setúbal, instituições e escolas incluídas, até ser concluída no dia 15 de Setembro do mesmo ano, em sessão havida no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, cabendo a 156ª estrofe do canto X a Maria Isabel Rapozo de Goes du Bocage, descendente do poeta sadino Bocage.
Três meses demorou a cópia da obra, que, em 10 de Junho de 2008, um ano depois de ter sido iniciada, foi entregue em Viana do Castelo (cidade em que se celebrou a data) ao Presidente da República pela Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, enriquecida pelos originais de pintores setubalenses como separadores entre os cantos (Acácio Cainete, António Leal de Oliveira, Carlos Pereira da Silva, Graciete Lança, Laurinda Garradas, Maria José Brito, Nuno David e Pólvora D’Cruz).
Três meses depois dessa oferta, em 15 de Setembro de 2008, feriado municipal setubalense, foi apresentada publicamente a edição facsimilada de Os Lusíadas Manuscrito, levada a cabo pela Câmara Municipal de Setúbal, que teve uma tiragem reduzida e cujos exemplares estão a ser vendidos pela autarquia.
A iniciativa de manuscrever a obra épica justificou-se, segundo palavras de Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara, por três razões: “a íntima e secular ligação de Setúbal ao rio e ao mar”, “a activa participação de inúmeros setubalenses na gesta dos Descobrimentos” e “o estreito contacto entre as histórias de vida dos dois poetas”, Camões e Bocage.
No final da transcrição, há a lista de todos os participantes, com a respectiva indicação dos versos que copiaram e há ainda uma lista de 44 participantes cujas transcrições foram substituídas por conterem anomalias na apresentação.
Uma ideia bonita para recordar a importância que o 10 de Junho de 2007 teve para Setúbal e para lembrar uma iniciativa cultural de fôlego que aqui foi levada a cabo.
Gostaria, no entanto, de dizer uma palavra quanto à listagem dos “substituídos”, porque estou incluído nela. É que, aquando da transcrição que me calhou, logo no dia inaugural da acção, vi que havia erros na transcrição, porquanto a disposição gráfica estava a ser desrespeitada, com avanço de linhas. Chamei a atenção da pessoa que estava a acompanhar a acção para o efeito, tendo-me sido dito que não havia nenhum problema e que copiasse seguindo a ordem, mesmo que ultrapassasse o limite que estava destinado à estrofe que me coubera. Estranhei, mas procedi assim. Foi essa a razão do erro, que não sei onde começou… A minha colaboração (na estrofe 21 do canto I), bem como a dos outros 43, permitiu então, que mais pessoas participassem e assim ficassem ligadas aos Lusíadas. Também não foi mau!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Leituras de Camões pela ArtiSet

No fim-de-semana em que se assinalou o 10 de Junho de 2007, uma das iniciativas promovidas em Setúbal teve como título "Os Lusíadas manuscrito", acção em que participou o Presidente da República e muitas outras individualidades e em que têm colaborado muitos cidadãos através do registo, em cópia por sua própria mão, de uma estrofe do épico camoniano. No final da transcrição do poema, prevista para acontecer até 15 de Setembro, o volumoso manuscrito será oferecido à Presidência da República.
Entretanto, artistas setubalenses da ArtiSet promoveram a pintura de quadros inspirados n'Os Lusíadas para integrarem a versão manuscrita. No total, foram cerca de 90 trabalhos apresentados por 16 artistas, tendo havido uma equipa que procedeu depois à selecção dos desenhos que iriam integrar a obra.
A totalidade das obras apresentadas, onde figuram autores como Nuno David, Luciano Costa, Carlos Silva e Laurinda Garradas, pode ser vista no Clube Militar de Oficiais de Setúbal (na Praça de Bocage), onde são possibilitados ao visitante cores e olhares diversos sobre a leitura d'Os Lusíadas, sendo pena que não tenha havido a edição de um catálogo, uma vez que algumas daquelas obras provavelmente nunca mais serão exibidas nem delas fica cópia.

Ninfas desnudas, de Laurinda Garradas, uma das obras que vai integrar a edição manuscrita

terça-feira, 17 de julho de 2007

No "Correio de Setúbal" de hoje

DIÁRIO DA AUTO-ESTIMA – 63
Bénard da Costa I – O discurso que João Bénard da Costa fez em Setúbal em 10 de Junho calou fundo nas pessoas que à terra estão ligadas. Dois exemplos serão suficientes para o comprovar: o trissemanário O Setubalense, três dias depois, reproduzia a totalidade do discurso e, na primeira página, caracterizava-o, dizendo que “emocionou” Setúbal. Uns dias mais e, na sessão pública de Câmara, o vereador Paulo Valdez propôs que o discurso fosse divulgado nas escolas, tendo a Presidente de Câmara prometido a publicação do texto no Boletim Municipal.
Bénard da Costa II – O que terá emocionado as pessoas terá sido a apologia de Setúbal que Bénard da Costa incutiu à sua mensagem, numa prosa fundamentada na história e na cultura e no lugar que Setúbal ocupa nas duas. Mas esta peça serviu também para advertir o público, quer porque acentua “a atenção que não é costume dedicar” a Setúbal, quer porque, “nesta cidade, que viveu de conservantes, de conservas e de conservações, só a memória se não conservou”.
Bénard da Costa III – Quando são publicados textos sobre a história de Setúbal (falo, declarando interesse, por ser autor de vários textos e livros de história local), a imprensa regional quase sempre se limita a anunciar a sessão de apresentação pública. Depois, aquela que poderia ser a sua função de divulgar as obras fica no esquecimento, por norma. Este “apagamento”, que será involuntário, acontece mesmo no Guia de Eventos (de que já saíram 33 números) promovido pela autarquia, que, em cada edição, apresenta um livro – paradoxal é que só uma vez foi apresentado um livro ligado a Setúbal (primeiro volume da obra de Bocage), antes sendo dada a preferência à vida editorial comercial, princípio que grassa na maioria das agendas culturais das Câmaras, de resto.
Bénard da Costa IV – No discurso, Bénard da Costa referiu não conhecer quem tenha lido o Afonso Africano do setubalense Vasco Mouzinho de Quebedo. Pois bem: em 1999, Manuel dos Santos Rodrigues fez a sua tese de doutoramento sobre essa obra e sobre a biografia de Quebedo. A Câmara Municipal de Setúbal lançou, em 2002, uma subscrição pública para a edição dessa obra de investigação, que ainda não saiu. Compreende-se a dificuldade económica, mas dificilmente se aceita este atraso que ajuda ao esquecimento. Oxalá a mensagem de Bénard da Costa não tenha servido apenas para um momento muito curto, mas para Setúbal se elevar em termos da sua história e da sua identidade!

terça-feira, 3 de julho de 2007

No "Correio de Setúbal" de hoje



DIÁRIO DA AUTO-ESTIMA – 62


10 DE JUNHO – Foi bom o 10 de Junho em Setúbal: sobretudo para a imagem construída para os que daqui não são nem aqui vivem, mas também para quem cá está, porque chamou a atenção para a possibilidade de esta ser uma cidade com coisas boas, pormenor tantas vezes esquecido, uma cidade diferente. Também nos levou a olhar para o desagrado com que frequentemente convivemos na nossa cidade, haja em vista que muitos espaços foram limpos, pintados, arranjados, assim se tomando consciência de que vamos vivendo com o que não queremos. Oxalá isso seja o “clic” para algumas mudanças! Obviamente, a imprensa nacional destacou apenas os discursos políticos, manipulados que andamos por esta prática de os políticos usarem os jornais e as televisões. Não deu o devido destaque à intervenção de Bénard da Costa, uma das peças mais bonitas que ouvi e li sobre a história de Setúbal, tal como não enfatizou o gesto de em Setúbal se manuscreverem Os Lusíadas, tal como passou ao lado de Bocage apesar de o Presidente ter deposto uma coroa junto à estátua, tal como informou sobre a inauguração do monumento a Sebastião da Gama quase apenas porque Azeitão ficava no caminho de Setúbal… Felizmente a imprensa local não afinou pelo mesmo diapasão! Mas o 10 de Junho foi bom! E Bénard da Costa, cheio de referências culturais nacionais e locais, situou Setúbal no mundo e registou aquela que tem sido a epopeia desta terra…
JOCOSO – As coisas andam mal em termos de riso e de opinião. O caso de uma pessoa exonerada do seu cargo em Vieira do Minho por não ter mandado retirar um comentário "jocoso" sobre o Ministro da Saúde que alguém tinha afixado é a evidência de que a governação anda sem sentido de humor e facilmente se deixa inflamar por servilismos e excessos de zelo de pequenos delatores que querem transformar-se em heróis (vá lá saber-se porquê...). Este princípio de abafamento da crítica através do riso conjuga-se com a prática da crispação que marca muitos momentos da governação. Só não se conjuga com o do próprio Ministro da Saúde, que muitas vezes tem respondido de forma irónica a questões que lhe são postas. Será que o tom jocoso só é válido para o poder? Contrariedade das contrariedades, porque o riso sempre elegeu o poder como um dos seus campos de experiência!...