É algarvio, divide as estadas entre Bruxelas e Setúbal, percorreu os caminhos do Direito e da Filosofia, tem escrito poesia e ensaio. Acabou de chegar às livrarias o seu último livro, O sossego como problema (peregrinatio ad loca utopica), com a chancela de Fenda Edições. Começa assim:
"A linha do horizonte situa-se no ponto indefinido onde o céu e a terra se unem. É indefinido porque recua à medida que avançamos. A linha do horizonte só é fixa e acessível à distância.
Na verdade, nunca temos o que queremos. Nem teremos. É o não-ter ou o não-ter-ainda que alimenta o desejo. É o vazio que sustenta a avidez. O já-ter extingue o desejo. A vivência do ainda-não-ter ensina-nos a esperar, a ter esperança, categoria mental em que o tempo é simultaneamente castigo e recompensa. Não-ter coloca-nos num estado de tensão que nos desestabiliza e nos obriga a dirigir para o exterior de nós mesmos, a partir à aventura sem objecto ou com objectos provisórios e frustrantes, nada pacificadores do desejo inicial que assim muda de direcção em pleno movimento. Isto, quer se dirija ao pão, à mulher ou ao poder."
Em leitura.
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