As perdas portuguesas em La Lys rondaram os 7 mil homens, tanto como cerca de um terço da força combatente portuguesa nessa data: 398 mortos e 6585 prisioneiros. A acrescer, mais ou menos um milhar e meio de feridos. Entre os prisioneiros, 233 viriam a morrer durante o cativeiro. Portugal mobilizara cerca de 100 mil homens para participar na Primeira Grande Guerra, deixando no local do confronto cerca de 8 mil. Ao longo dos 51 meses que a guerra durou (a contrariar as expectativas iniciais de que o conflito seria rapidamente resolvido), houve 65 milhões de mobilizados, 8 milhões e meio de mortos, 20 milhões de feridos e milhares de prisioneiros e desaparecidos. Números que impressionam nesse tempo entre o início de Agosto de 1914 e 11 de Novembro de 1918, data da assinatura do armistício.
Com a batalha de La Lys, o sector português foi aniquilado. Às perdas somava-se o cansaço pela longa permanência na frente, o abatimento moral, o abandono a que Lisboa votara o Corpo Expedicionário Português (CEP) e a falta de pessoal, essencialmente de oficiais.
De todas as figuras participantes em La Lys bem poderíamos falar de um herói colectivo, mas a história encarregou-se de encontrar um símbolo no soldado “Milhões”, de seu nome Aníbal Augusto Milhais, originário da Infantaria de Chaves. Em 9 de Abril, com uma metralhadora, em Huit Maisons, esquecendo o fogo inimigo, protegeu a retirada de muitos militares portugueses e escoceses.
Em Portugal, já não há combatentes da Primeira Grande Guerra vivos, mas muitos dos seus nomes são lembrados em placas toponímicas, em listagens locais, em pequenos memoriais, nas sempre procuradas avenidas “dos Combatentes” e nos monumentos aos “Mortos da Grande Guerra”. São marcas que vão ficando e bom seria que não passassem. Estamos, obviamente, longe do que aconteceu em França, onde não houve família que não tivesse um parente na linha de combate. Talvez por isso a memória seja lá mais viva e constantemente estejam a ser produzidos estudos sobre a Primeira Guerra Mundial. Lá mesmo, num inquérito a 1015 pessoas realizado no início de Novembro de 1998 para o jornal Le Monde e para France 3, a fim de serem indicados os acontecimentos marcantes do século XX, foram obtidos os seguintes resultados: 2ª Guerra Mundial – 62%; movimentos estudantis do Maio de 68 – 43%; queda do regime soviético – 38%; 1ª Grande Guerra – 35%, seguindo-se a construção europeia, a descolonização, o choque petrolífero dos anos 70, a crise de 1929, a revolução russa de 1917 e a revolução islâmica iraniana – dados que se tornam importantes uma vez que foram os inquiridos mais jovens a colocar a 1ª Guerra nos lugares cimeiros (a classe dos 15-19 anos atribuiu-lhe o 2º lugar).
Com a batalha de La Lys, o sector português foi aniquilado. Às perdas somava-se o cansaço pela longa permanência na frente, o abatimento moral, o abandono a que Lisboa votara o Corpo Expedicionário Português (CEP) e a falta de pessoal, essencialmente de oficiais.
De todas as figuras participantes em La Lys bem poderíamos falar de um herói colectivo, mas a história encarregou-se de encontrar um símbolo no soldado “Milhões”, de seu nome Aníbal Augusto Milhais, originário da Infantaria de Chaves. Em 9 de Abril, com uma metralhadora, em Huit Maisons, esquecendo o fogo inimigo, protegeu a retirada de muitos militares portugueses e escoceses.
Em Portugal, já não há combatentes da Primeira Grande Guerra vivos, mas muitos dos seus nomes são lembrados em placas toponímicas, em listagens locais, em pequenos memoriais, nas sempre procuradas avenidas “dos Combatentes” e nos monumentos aos “Mortos da Grande Guerra”. São marcas que vão ficando e bom seria que não passassem. Estamos, obviamente, longe do que aconteceu em França, onde não houve família que não tivesse um parente na linha de combate. Talvez por isso a memória seja lá mais viva e constantemente estejam a ser produzidos estudos sobre a Primeira Guerra Mundial. Lá mesmo, num inquérito a 1015 pessoas realizado no início de Novembro de 1998 para o jornal Le Monde e para France 3, a fim de serem indicados os acontecimentos marcantes do século XX, foram obtidos os seguintes resultados: 2ª Guerra Mundial – 62%; movimentos estudantis do Maio de 68 – 43%; queda do regime soviético – 38%; 1ª Grande Guerra – 35%, seguindo-se a construção europeia, a descolonização, o choque petrolífero dos anos 70, a crise de 1929, a revolução russa de 1917 e a revolução islâmica iraniana – dados que se tornam importantes uma vez que foram os inquiridos mais jovens a colocar a 1ª Guerra nos lugares cimeiros (a classe dos 15-19 anos atribuiu-lhe o 2º lugar).
A literatura memorialística e militar deu destaque ao 9 de Abril. Mas também a ficção não lhe foi alheia, tendo a data servido, por exemplo, para título de uma narrativa assinada por José Rosado e pelo capitão Silva Neves (Lisboa: João Romano Torres & Cª – Livraria Editora, s/d) e de uma peça de teatro assinada por António Botto (Lisboa: Livraria Popular de Francisco Franco, s/d). E ainda recentemente, em 2004, José Rodrigues dos Santos procedeu à recriação do sucedido em La Lys no seu romance A filha do capitão (Lisboa: Gradiva, 2004).
Muito embora a presença de Portugal nos campos da Flandres tenha ocorrido apenas a partir de Janeiro de 1917, certo é que o nosso país teve de combater também nas frentes de África, em Angola e em Moçambique. Das três participações ficaram relatos interessantes e sentidos, numa prática da literatura do vivido, do testemunhado, da memória, intensa, ainda que, hoje, quase só sejam lembrados os escritos memorialísticos de autores como Pina de Morais - Ao parapeito (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) e O soldado-saudade na Grande Guerra (Porto: Renascença Portuguesa, 1921) -, André Brun - A malta das trincheiras (Lisboa: Guimarães & Cª, 1919) -, Augusto Casimiro - Nas trincheiras da Flandres (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) e Calvários da Flandres (Porto: Renascença Portuguesa, 1920) - e Jaime Cortesão - Memórias da Grande Guerra (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) -, apesar de muitos outros terem deixado o seu testemunho.
Muito embora a presença de Portugal nos campos da Flandres tenha ocorrido apenas a partir de Janeiro de 1917, certo é que o nosso país teve de combater também nas frentes de África, em Angola e em Moçambique. Das três participações ficaram relatos interessantes e sentidos, numa prática da literatura do vivido, do testemunhado, da memória, intensa, ainda que, hoje, quase só sejam lembrados os escritos memorialísticos de autores como Pina de Morais - Ao parapeito (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) e O soldado-saudade na Grande Guerra (Porto: Renascença Portuguesa, 1921) -, André Brun - A malta das trincheiras (Lisboa: Guimarães & Cª, 1919) -, Augusto Casimiro - Nas trincheiras da Flandres (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) e Calvários da Flandres (Porto: Renascença Portuguesa, 1920) - e Jaime Cortesão - Memórias da Grande Guerra (Porto: Renascença Portuguesa, 1919) -, apesar de muitos outros terem deixado o seu testemunho.
1 comentário:
O monumento da guerra encontra-se em todas as aldeias brancas e vilas do Alentejo. Mas eu estava em choque , a primeira vez que li " caídos nos campos de flandres " Principalmente, porque estivesse ignorando sobre o facto da contribuição portuguesa à guerra 14-18. Todos estes jovens , jovens lavradores davam a sua vida, nunca tiveram abandonado a sua terra e morreram num país que não era deles. Por isso devemos recordar o seu sacrifício para paz. Obrigado filhos de Portugal.
um Belga
Enviar um comentário