“Temos algumas coisas em comum: ambos nos chamamos António, ambos nascemos em Lisboa, ambos somos jesuítas e, enfim, ambos acreditamos que é essencial defender a tripla constituída pela fé, pela justiça e pela cultura.” Assim respondia, na tarde de hoje, o padre jesuíta António Vaz Pinto a uma aluna da minha Escola que lhe perguntou se tinha afinidades com o Padre António Vieira.
Foi numa “roda de leitura”, com alunos do 11º ano, no âmbito da disciplina de Português, que o encontro aconteceu: o padre António Vaz Pinto, convidado a falar sobre António Vieira (os alunos tinham sugerido que o autor dos Sermões fosse apresentado por um padre e sugeri à colega que fosse um jesuíta), traçou um retrato biográfico animado por um belo enquadramento histórico-cultural (que até deu para falar da ligação de S. Francisco Xavier a Setúbal e para contar algumas pequenas histórias), leu alguns excertos do sermonário vieiriano e respondeu a perguntas dos jovens. Curiosamente, elas rapidamente deixaram de lado o assunto que ali tinha levado o orador e preferiram áreas como o ser padre (“como sentiu a vocação?”), o espírito de missão (“tem participado em muitas missões e o que sente?”), a Igreja na actualidade (“porque há tão poucos jovens ligados à Igreja?”), etc. As respostas não fugiram e o padre António Vaz Pinto testemunhou-se e testemunhou a sua fé, ao mesmo tempo que assinalou a grandeza do outro jesuíta que aqui o trouxe – António Vieira – no contexto do seu tempo e com valores que podem ser referências para a actualidade. O discurso não foi distante e, pelo caminho, ficaram ainda alguns conselhos para estes jovens, sobretudo numa perspectiva de encararem o seu tempo e o seu futuro.
Foi numa “roda de leitura”, com alunos do 11º ano, no âmbito da disciplina de Português, que o encontro aconteceu: o padre António Vaz Pinto, convidado a falar sobre António Vieira (os alunos tinham sugerido que o autor dos Sermões fosse apresentado por um padre e sugeri à colega que fosse um jesuíta), traçou um retrato biográfico animado por um belo enquadramento histórico-cultural (que até deu para falar da ligação de S. Francisco Xavier a Setúbal e para contar algumas pequenas histórias), leu alguns excertos do sermonário vieiriano e respondeu a perguntas dos jovens. Curiosamente, elas rapidamente deixaram de lado o assunto que ali tinha levado o orador e preferiram áreas como o ser padre (“como sentiu a vocação?”), o espírito de missão (“tem participado em muitas missões e o que sente?”), a Igreja na actualidade (“porque há tão poucos jovens ligados à Igreja?”), etc. As respostas não fugiram e o padre António Vaz Pinto testemunhou-se e testemunhou a sua fé, ao mesmo tempo que assinalou a grandeza do outro jesuíta que aqui o trouxe – António Vieira – no contexto do seu tempo e com valores que podem ser referências para a actualidade. O discurso não foi distante e, pelo caminho, ficaram ainda alguns conselhos para estes jovens, sobretudo numa perspectiva de encararem o seu tempo e o seu futuro.
1 comentário:
Esta foi uma ocasião privilegiada para ficarmos a conhecer o Padre António Vaz Pinto – excelente comunicador tal como o Padre António Vieira (outra característica comum) – que veio até à Escola Secundária de Palmela para participar numa Roda de Leitura sobre o Padre António Vieira (em pleno Ano Vieirino) e para pregar a estes peixes, nossos alunos…
O Padre António Vaz Pinto leu um excerto do Sermão do Espírito Santo que também constitui uma perfeita alegoria do trabalho docente:
«E ninguém se escuse — como escusam alguns — com a rudeza da gente, e com dizer, como acima dizíamos, que são pedras, que são troncos, que são brutos animais, porque, ainda que verdadeiramente alguns o sejam ou o pareçam, a indústria e a graça tudo vence, e de brutos, e de troncos, e de pedras os fará homens. Dizei-me, qual é mais poderosa, a graça ou a natureza? A graça, ou a arte? Pois o que faz a arte e a natureza, por que havemos de desconfiar que o faça a graça de Deus, acompanhada da vossa indústria? Concedo-vos que esse índio bárbaro e rude seja uma pedra: vede o que faz em uma pedra a arte. Arranca o estatuário uma pedra dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe, e, depois que desbastou o mais grosso, toma o maço e o cinzel na mão, e começa a formar um homem, primeiro membro a membro, e depois feição por feição, até a mais miúda: ondeia-lhe os cabelos, alisa-lhe a testa, rasga-lhe os olhos, afila-lhe o nariz, abre-lhe a boca, avulta-lhe as faces, torneia-lhe o pescoço, estende-lhe os braços, espalma-lhe as mãos, divide-lhe os dedos, lança-lhe os vestidos; aqui desprega, ali arruga, acolá recama, e fica um homem perfeito, e talvez um santo que se pode pôr no altar. O mesmo será cá, se a vossa indústria não faltar à graça divina. É uma pedra, como dizeis, esse índio rude? Pois, trabalhai e continuai com ele — que nada se faz sem trabalho e perseverança — aplicai o cinzel um dia e outro dia, dai uma martelada e outra martelada, e vós vereis como dessa pedra tosca e informe fazeis não só um homem, senão um cristão, e pode ser que um santo.»
E assim «tudo vale a pena (se a alma não é pequena)» ─ vale a pena para o escultor, vale a pena para o padre e vale a pena para o professor, tal como o Padre Vaz Pinto escreveu: «vale a pena ser homem, ser cristão, ser padre, ser jesuíta... Vale a pena viver.»
Maria do Céu Couto
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