No dia de hoje, há 203 anos, nascia em Odense, na ilha dinamarquesa da Fiónia, Hans Christian Andersen, no seio de uma família humilde. A criança cresceria a sonhar com um futuro no teatro e com um destino famoso. Não foi na arte de representar que o nome se lhe fez, mas na escrita, sobretudo nos contos e nos relatos de viagem.
156 contos constituem a obra essencial de Andersen, um conjunto que tem sido um maná para jovens e adultos, para edições ilustradas e cinema, para imaginações e paixões pela leitura, bastando lembrarmos títulos como A menina dos fósforos, A polegarzinha, A pequena sereia ou O soldadinho de chumbo. O entusiasmo foi a tal ponto que algumas das suas personagens estão figuradas na arte pública, com monumentos conhecidíssimos, como a sereia, em Copenhaga, ou o soldadinho, em Odense.
Durante oito meses, Andersen foi ainda contemporâneo de Bocage. Não foi por essa razão que o contista veio a Setúbal em 1866, mas porque, em 1828, em Copenhaga, conheceu os irmãos O’Neill, tendo Jorge, em 1865, convidado Andersen para uma visita a Portugal, peregrinação que teve lugar no ano seguinte: assim, em Janeiro de 1866, Andersen saía de Copenhaga para chegar a Lisboa em 6 de Maio. Um mês depois, em 8 de Junho, estacionava em Setúbal, onde ficou cerca de um mês, até 9 de Julho, na Quinta dos Bonecos, então propriedade da família O’Neill.
Desta viagem deixaria Andersen relato na obra Uma visita a Portugal em 1866, onde se pode lembrar a sua chegada a Setúbal: “A carruagem de Carlos O’Neill esperava-nos na estação e logo partimos atravessando uma parte da cidade, onde não faltavam as janelas pintadas de verde, passando pelos arcos do aqueduto, ora sobre areia funda, ora sobre um solo duro, com rocha a nu. O caminho parece ter surgido aqui por si próprio, uma espécie de estrada natural, nalguns pontos tão estreita que a carruagem mal podia passar, noutros com largura bastante para quatro. À primeira vista, julguei ver em todos os desvios postes telegráficos, mas quando os observei de mais perto, revelaram-se-me em profusão e majestade, aloés floridos, ao lado uns dos outros, com troncos certamente de mais de dez alen e com umas trinta ramificações. Pareciam candelabros de bronze, tendo em cada braço uma taça com flores amarelas. Na minha frente, ao alto, via o castelo de Palmela, cada vez mais próximo, entre frondosas árvores projectando sombras copiosas, o convento agora abandonado de Brancanes e perto deste a minha nova casa, a Quinta dos Bonecos, de Carlos O’Neill, como pela sua novidade foi denominada pelos vizinhos. (…)”
Em Setúbal ainda, Andersen começou a escrever o conto O Sapo, depois de, na quinta, ter observado o animalzito perto de um poço: “O poço era fundo (…). Aí vivia uma família da raça dos sapos.” E, depois, um sapito quis ver como era o mundo fora do poço… e foi personagem de um conto.
É evidente que Setúbal tem lembrado Andersen: o seu nome está registado na toponímia e, na Avenida Luísa Todi, quase em frente ao Hotel Esperança, existe um abeto, ali plantado por iniciativa de Manuel Medeiros em 29 de Outubro de 1998.
Mas a memória de Andersen está mundialmente ligada à data de hoje, em que se celebra o Dia Internacional do Livro Infantil, muito embora os contos originais de Andersen nem sempre tragam a alegria e o contentamento às crianças, pois a tristeza e a dificuldade da vida são neles constantes!
156 contos constituem a obra essencial de Andersen, um conjunto que tem sido um maná para jovens e adultos, para edições ilustradas e cinema, para imaginações e paixões pela leitura, bastando lembrarmos títulos como A menina dos fósforos, A polegarzinha, A pequena sereia ou O soldadinho de chumbo. O entusiasmo foi a tal ponto que algumas das suas personagens estão figuradas na arte pública, com monumentos conhecidíssimos, como a sereia, em Copenhaga, ou o soldadinho, em Odense.
Durante oito meses, Andersen foi ainda contemporâneo de Bocage. Não foi por essa razão que o contista veio a Setúbal em 1866, mas porque, em 1828, em Copenhaga, conheceu os irmãos O’Neill, tendo Jorge, em 1865, convidado Andersen para uma visita a Portugal, peregrinação que teve lugar no ano seguinte: assim, em Janeiro de 1866, Andersen saía de Copenhaga para chegar a Lisboa em 6 de Maio. Um mês depois, em 8 de Junho, estacionava em Setúbal, onde ficou cerca de um mês, até 9 de Julho, na Quinta dos Bonecos, então propriedade da família O’Neill.
Desta viagem deixaria Andersen relato na obra Uma visita a Portugal em 1866, onde se pode lembrar a sua chegada a Setúbal: “A carruagem de Carlos O’Neill esperava-nos na estação e logo partimos atravessando uma parte da cidade, onde não faltavam as janelas pintadas de verde, passando pelos arcos do aqueduto, ora sobre areia funda, ora sobre um solo duro, com rocha a nu. O caminho parece ter surgido aqui por si próprio, uma espécie de estrada natural, nalguns pontos tão estreita que a carruagem mal podia passar, noutros com largura bastante para quatro. À primeira vista, julguei ver em todos os desvios postes telegráficos, mas quando os observei de mais perto, revelaram-se-me em profusão e majestade, aloés floridos, ao lado uns dos outros, com troncos certamente de mais de dez alen e com umas trinta ramificações. Pareciam candelabros de bronze, tendo em cada braço uma taça com flores amarelas. Na minha frente, ao alto, via o castelo de Palmela, cada vez mais próximo, entre frondosas árvores projectando sombras copiosas, o convento agora abandonado de Brancanes e perto deste a minha nova casa, a Quinta dos Bonecos, de Carlos O’Neill, como pela sua novidade foi denominada pelos vizinhos. (…)”
Em Setúbal ainda, Andersen começou a escrever o conto O Sapo, depois de, na quinta, ter observado o animalzito perto de um poço: “O poço era fundo (…). Aí vivia uma família da raça dos sapos.” E, depois, um sapito quis ver como era o mundo fora do poço… e foi personagem de um conto.
É evidente que Setúbal tem lembrado Andersen: o seu nome está registado na toponímia e, na Avenida Luísa Todi, quase em frente ao Hotel Esperança, existe um abeto, ali plantado por iniciativa de Manuel Medeiros em 29 de Outubro de 1998.
Mas a memória de Andersen está mundialmente ligada à data de hoje, em que se celebra o Dia Internacional do Livro Infantil, muito embora os contos originais de Andersen nem sempre tragam a alegria e o contentamento às crianças, pois a tristeza e a dificuldade da vida são neles constantes!
[fotos: algumas obras de Andersen; em Billund, na Legolândia, monumento a Andersen em peças "Lego";
a Quinta dos Bonecos na actualidade; abeto anderseniano na Avenida Luísa Todi, em Setúbal]
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