Diário da auto-estima– 79
Rio Lys – No dia 9 de Abril, passaram 90 anos sobre o ataque que os alemães fizeram na frente ocidental, no sector protegido por portugueses, na zona de Armentières, nas margens do Lys, em (ainda) plena Primeira Grande Guerra, e de que resultaram sete mil baixas do lado português (com 400 mortos e 6600 prisioneiros, dos quais 230 faleceriam no cativeiro) e 1500 feridos. Provavelmente, não estaremos em tempos de efemérides; mas a atenção que se dedicou a esta data foi curta. Estamos longe do que sentiriam (e sentem) os franceses relativamente ao conflito de 1914-1918; mas a memória não pode ser apagada. Há uma década, em França, num inquérito que pretendia assinalar os mais importantes acontecimentos do século XX, a 1ª Grande Guerra ficou em quarto lugar, antes da construção europeia, do choque petrolífero ou da revolução russa; nesse mesmo inquérito, os jovens na faixa entre os 15 e os 19 anos puseram a Primeira Grande Guerra em segundo lugar. Obviamente, os inquéritos valem o que valem. Mas os resultados foram estes. Em Portugal, onde já não há sobreviventes dessa guerra, rapidamente se esqueceram os homens que deram a vida e o esforço a esse conflito. O mesmo risco se corria relativamente à Guerra Colonial, bem mais recente e de que há (ainda) muitos sobreviventes… Felizmente, os relatos sobre a Guerra Colonial estão a surgir, feitos pelos seus participantes, assim se pondo fim a um tempo de quase silêncio. Estes sofrimentos não podem ser esquecidos.
Arrábida – O Dia Municipal da Arrábida, em 10 de Abril, teve a sua primeira realização neste ano. Aprovada pela Câmara Municipal de Setúbal a sua criação em 2006, a data para o assinalar viria a ser fixada em finais de Abril de 2007. Razão para a escolha: o dia de nascimento de Sebastião da Gama, poeta azeitonense, que, no curto período de vida que teve (27 anos), manteve a Arrábida como tópico da literatura portuguesa, assumiu publicamente a preservação do ambiente da serra, deu-a a conhecer nos seus segredos de beleza. Veremos por quanto tempo se vai poder sentir a Arrábida como lugar de eleição, como motivo estético, como fundamento de espiritualidade… É ela o sítio onde “o mato cheira como dantes… Fala / comigo como dantes, reza, escuta…/ E o perfil da Montanha, como dantes, / adoça-se no escuro…”; é ela a “catedral / onde o órgão-Silêncio salmodia”; é ela, onde “a Primavera, quando chega, / já se encontra a si própria a esperar-se!” Assim o dizia o Poeta da Arrábida, Sebastião da Gama de seu nome.
(Des)acordos – Depois da manifestação em Lisboa que reuniu os 100 mil professores, ficaram as perguntas: e agora? que fazer com esta adesão? Era um pouco à maneira do que aconteceu com os votos no candidato Manuel Alegre, nas últimas eleições presidenciais, uns e outros números surpreendentes pelo que demonstravam de descontentamento, de união, de vozes de indignação. O discurso do poder parece ter amaciado no que respeita à educação; um entendimento parece ter surgido entre Ministério e Plataforma sindical; nas escolas, quem quis votou quanto à adesão a esse entendimento; a Plataforma veio dizer que os votos na concordância quanto ao entendimento foram “esmagadores” (e voltou-se à linguagem bélica da separação e da oposição entre frentes, questão sub-reptícia talvez, mas implícita). Ainda que dando o desconto do tempo (talvez curto ou a ser encurtado), fica a dúvida: eram estas as expectativas dos 100 mil que se manifestaram e de todos os outros que, não tendo estado lá fisicamente, se solidarizaram à distância das suas vidas?
Arrábida – O Dia Municipal da Arrábida, em 10 de Abril, teve a sua primeira realização neste ano. Aprovada pela Câmara Municipal de Setúbal a sua criação em 2006, a data para o assinalar viria a ser fixada em finais de Abril de 2007. Razão para a escolha: o dia de nascimento de Sebastião da Gama, poeta azeitonense, que, no curto período de vida que teve (27 anos), manteve a Arrábida como tópico da literatura portuguesa, assumiu publicamente a preservação do ambiente da serra, deu-a a conhecer nos seus segredos de beleza. Veremos por quanto tempo se vai poder sentir a Arrábida como lugar de eleição, como motivo estético, como fundamento de espiritualidade… É ela o sítio onde “o mato cheira como dantes… Fala / comigo como dantes, reza, escuta…/ E o perfil da Montanha, como dantes, / adoça-se no escuro…”; é ela a “catedral / onde o órgão-Silêncio salmodia”; é ela, onde “a Primavera, quando chega, / já se encontra a si própria a esperar-se!” Assim o dizia o Poeta da Arrábida, Sebastião da Gama de seu nome.
(Des)acordos – Depois da manifestação em Lisboa que reuniu os 100 mil professores, ficaram as perguntas: e agora? que fazer com esta adesão? Era um pouco à maneira do que aconteceu com os votos no candidato Manuel Alegre, nas últimas eleições presidenciais, uns e outros números surpreendentes pelo que demonstravam de descontentamento, de união, de vozes de indignação. O discurso do poder parece ter amaciado no que respeita à educação; um entendimento parece ter surgido entre Ministério e Plataforma sindical; nas escolas, quem quis votou quanto à adesão a esse entendimento; a Plataforma veio dizer que os votos na concordância quanto ao entendimento foram “esmagadores” (e voltou-se à linguagem bélica da separação e da oposição entre frentes, questão sub-reptícia talvez, mas implícita). Ainda que dando o desconto do tempo (talvez curto ou a ser encurtado), fica a dúvida: eram estas as expectativas dos 100 mil que se manifestaram e de todos os outros que, não tendo estado lá fisicamente, se solidarizaram à distância das suas vidas?
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