Liberdade e autoridade
"Como os povos, as crianças admitem a autoridade; precisam dela, querem-na mesmo, quando sentem que se inspira na necessidade, na utilidade, na justiça, no respeito duma liberdade responsável; e, para acatá-la, são acessíveis às razões do sentimento. Ainda não embotadas pela vida, a sensibilidade é nelas a corda dominante, e quem souber vibrá-la conseguirá resultados muito superiores aos da tirania do Porque-Sim. Não é preciso ter lido Locke, Montesquieu ou Voltaire, nem sequer saber formular belos juízos racionais, para se ter o sentimento da liberdade e o duma justiça sem a qual aquela nada vale. Têm-no as crianças, e por isso odeiam geralmente a opressão que eu, adulto, procuro exercer sobre elas em nome do que eu chamo o seu interesse e felicidade, e que é quase sempre o meu interesse."
José Rodrigues Miguéis. "Da janela do meu quarto" (1934-1935). É proibido apontar (1974)
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