Quando os pais falam
"(...) Há vozes dos pais boas e más, os leitores que perdoem esta linguagem simplista. São vozes más as que fomentam a intriga (por exemplo, quando os pais recolhem informações nos amigos às escondidas dos filhos), a inveja, a culpa ou a acusação. Quando os pais projectam nos filhos os sentimentos negativos que estão a sentir em relação a outras pessoas e os acusam de coisas que só na aparência dizem respeito aos mais novos. Ou quando os pais, dominados pelos seus próprios sentimentos de insegurança, deitam a sua própria fraqueza para cima dos filhos inquietos. São vozes boas: deves fazer o melhor possível, mas não te inquietes se não fores o melhor; ou põe-te no lugar do outro (a perda deste sentimento do outro é característica de muitas crianças e adolescentes actuais, habituadas a uma gratificação imediata e incapazes de sair da sua posição de autocontemplação). Outra voz boa poderá ser: vais conseguir, se te esforçares com persistência, porque o incentivo ao esforço continuado é um dos êxitos seguros na educação. E também é uma voz boa pensa antes de agir: sobretudo os adolescentes agem muitas vezes sem reflectir, nesta sociedade sensorial que fomenta o constante sentir em vez de pensar. A frase dos nossos avós vê lá até onde podes ir mantém toda a actualidade!"
Daniel Sampaio. "As vozes dos pais". Público ("Pública"), 13.Abr.2008
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