sexta-feira, 25 de abril de 2008

Em Pegões, na escola, com alunos e com Sebastião da Gama

“O senhor pode dizer-me que história vai contar?” perguntava, com voz curiosa, a pequena. “Mas, se quiseres, podes assistir…”, esbocei, como convite. “Mas a que horas é?” Que ia ser às dez. “Mas, às dez e cinco, vou ter teste… Eu sou de 6º ano e quem cá vem são os de 7º ano”. Quis saber o nome. Laura. Que gostava muito de ler. “Eu venho contar a história de uma pessoa… É difícil contar-ta em cinco minutos…” Que já sabia que eu ia falar sobre Sebastião da Gama e que sabia que era um poeta, que agora andava a ler coisas sobre o Andersen porque estavam a trabalhar sobre contos dele. “E sabes que ele viveu durante um mês em Setúbal?” Que não sabia. “E começou um conto em Setúbal…” Como se chamava? “O sapo”. Tinha que se ir embora. Dei-lhe um caderninho sobre Sebastião da Gama, os olhos brilharam de prazer, gostava de ler, muito… “É uma boa leitora que aqui temos”, explicava-me a professora que assistira ao final da conversa. E a Laura lá foi, textos de Sebastião da Gama debaixo do braço, para o teste…
Os colegas da Laura, de 7º ano, começavam a chegar e a sentar-se em semi-círculo pelo chão da biblioteca, numa operação de sossego e de expectativa. Apresentei-me, disse ao que ia. Viram uma pequena reportagem sobre Sebastião da Gama, feita pela Joana Fernandes, e viram, em power point, muito do que foi a obra e a vida do poeta, entremeada com cenas da Arrábida, da literatura, da escola, dos livros. Uma hora e tal de atenção, com as entradas na leitura de poemas por parte de alguns dos jovens, de que recordo os nomes de Sónia, Raquel, João, Letícia, Marcela, Cátia e Jessica… No final, perguntas. O que é que faz a mulher do Sebastião da Gama agora? Quantos anos é que ele foi professor? Que doença o vitimou? Porque foi ele para o Portinho da Arrábida? O senhor acha que é um professor igual ao Sebastião da Gama? Ia respondendo à medida do possível e pensei alto quando estava a responder a esta do tipo de professor que podia ser, sem os querer defraudar… Pelos vistos, algumas citações do Diário quanto à forma de um professor olhar os alunos tocou-lhes! Deixei-lhes o último número do “Boletim Informativo” da Associação Cultural Sebastião da Gama e doze páginas de poemas do “Poeta da Arrábida” para cada um. Alguns confessaram que tinham gostado muito. Havia alegria estampada. Ainda me ofereceram um desenho com os autógrafos, a título de recordação. Aquele espaço irradiava vida.
Foi na manhã de ontem, na Escola Básica 2, 3 de Pegões. Com alunos mesmo motivados, curiosos, interessados, participantes, ávidos de saber… E com professoras e professores que também os têm feito assim. Uma manhã em cheio, que tenho que agradecer a todos, também.

3 comentários:

odilia castro leal disse...

Olá
Preciso saber se, além do sr. Nicolau da Claudina, é possível contactar com mais ex-alunos de Sebastião da Gama. A associação tem alguns contactos?
Odília

João Reis Ribeiro disse...

Olá, Odília!
Sim, é possível contactar com mais pessoas que tiveram Sebastião da Gama como professor - em Setúbal, em Lisboa e em Estremoz. A Associação Cultural Sebastião da Gama tem o contacto de muitos deles e vários deles são associados.
Abraço.

João Reis Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.