Na sobrecapa, apresenta-se como “um livro impossível de ler de uma assentada, mas igualmente impossível de pôr de lado”, como “uma singular colecção de incríveis trivialidades”.
Depois, o leitor começa a desfolhá-lo e, logo no início, na ficha técnica, tem o ISBN, mas também a sua explicação (que é coisa que não surge explicada nos outros livros). E volta a apresentar-se na página seguinte, deixando o leitor a pensar com as perguntas que lhe são atiradas de chofre, em enumeração: “Enciclopédia? Dicionário? Almanaque? Antologia? Léxico? Compilação? Lugar-comum? Anfiguri? Vade-mecum? Bem… sim. (…) É tudo isto e, claro, muito mais.”
Viaja-se, então, pelas páginas e é-se surpreendido pela variedade de conteúdos: lista de colectivos, dos símbolos químicos, dos filmes de Bond, dos óscares do séc. XXI, de expressões idiomáticas, das fobias, de divindades, dos países em que se conduz pela esquerda, de parónimas, de esquerdinos célebres… A atenção pode ainda recair sobre informações relacionadas com a História: rol dos Presidentes da República portugueses, dos Secretários-Gerais da ONU, das sete maravilhas do mundo antigo, das nove musas… Os saberes cruzam-se e amontoam-se: explica-se a escala de Richter, as compatibilidades dos grupos sanguíneos, o depósito legal, os graus maçónicos…
Será que isto chega para apresentar a pluralidade temática de A Miscelânea Original do inglês Ben Schott (Lisboa: Caderno, 2008)?
Mas há muito mais. Um jogo, por exemplo: e se quiser comprar chocolates, rosas, livros, vassouras, carne ou lubrificantes para motor nos mesmos que fornecem a rainha de Inglaterra? Pois lá estão os nomes. E se quiser a receita da caipirinha? E se quiser surpreender o seu amor em 43 diferentes maneiras de dizer “amo-te”? E se não se lembrar dos nomes dos sete anões? E, ao ler romances do século XIX, se não souber o código do duelo? E a que se devem as tão portuguesas obras de Santa Engrácia? E como estruturou Dante o inferno? E o que significam os símbolos que aparecem nas etiquetas interiores das roupas quanto à lavagem e limpeza? E qual era o jantar no Titanic em 14 de Abril de 1912? E o que é um pangrama? E como fazer um papillon ou enrolar um sari?
Coisas de nada, com interesse relativo, sobre as quais nos não interrogamos mas atrás das quais vamos. Coisas de somenos, que permitem um passeio pelo sótão dos conhecimentos e pelas lembranças de aprendizagens. Um livro que se pode consultar por curiosidade, puro passatempo, simples informação ou gozado intervalo. E que tantas coisas que já esquecemos e muitas mais que não sabemos!... Interessante e divertido. Em 160 páginas, que contemplam um índice e concluem com uma citação de Samuel Johnson: “Não há nada, Senhor, pequeno de mais para uma criatura tão pequena como o homem. É estudando as pequenas coisas que alcançamos a arte maior de ter o mínimo de infortúnio e o máximo de felicidade possíveis.”
Depois, o leitor começa a desfolhá-lo e, logo no início, na ficha técnica, tem o ISBN, mas também a sua explicação (que é coisa que não surge explicada nos outros livros). E volta a apresentar-se na página seguinte, deixando o leitor a pensar com as perguntas que lhe são atiradas de chofre, em enumeração: “Enciclopédia? Dicionário? Almanaque? Antologia? Léxico? Compilação? Lugar-comum? Anfiguri? Vade-mecum? Bem… sim. (…) É tudo isto e, claro, muito mais.”
Viaja-se, então, pelas páginas e é-se surpreendido pela variedade de conteúdos: lista de colectivos, dos símbolos químicos, dos filmes de Bond, dos óscares do séc. XXI, de expressões idiomáticas, das fobias, de divindades, dos países em que se conduz pela esquerda, de parónimas, de esquerdinos célebres… A atenção pode ainda recair sobre informações relacionadas com a História: rol dos Presidentes da República portugueses, dos Secretários-Gerais da ONU, das sete maravilhas do mundo antigo, das nove musas… Os saberes cruzam-se e amontoam-se: explica-se a escala de Richter, as compatibilidades dos grupos sanguíneos, o depósito legal, os graus maçónicos…
Será que isto chega para apresentar a pluralidade temática de A Miscelânea Original do inglês Ben Schott (Lisboa: Caderno, 2008)?
Mas há muito mais. Um jogo, por exemplo: e se quiser comprar chocolates, rosas, livros, vassouras, carne ou lubrificantes para motor nos mesmos que fornecem a rainha de Inglaterra? Pois lá estão os nomes. E se quiser a receita da caipirinha? E se quiser surpreender o seu amor em 43 diferentes maneiras de dizer “amo-te”? E se não se lembrar dos nomes dos sete anões? E, ao ler romances do século XIX, se não souber o código do duelo? E a que se devem as tão portuguesas obras de Santa Engrácia? E como estruturou Dante o inferno? E o que significam os símbolos que aparecem nas etiquetas interiores das roupas quanto à lavagem e limpeza? E qual era o jantar no Titanic em 14 de Abril de 1912? E o que é um pangrama? E como fazer um papillon ou enrolar um sari?
Coisas de nada, com interesse relativo, sobre as quais nos não interrogamos mas atrás das quais vamos. Coisas de somenos, que permitem um passeio pelo sótão dos conhecimentos e pelas lembranças de aprendizagens. Um livro que se pode consultar por curiosidade, puro passatempo, simples informação ou gozado intervalo. E que tantas coisas que já esquecemos e muitas mais que não sabemos!... Interessante e divertido. Em 160 páginas, que contemplam um índice e concluem com uma citação de Samuel Johnson: “Não há nada, Senhor, pequeno de mais para uma criatura tão pequena como o homem. É estudando as pequenas coisas que alcançamos a arte maior de ter o mínimo de infortúnio e o máximo de felicidade possíveis.”
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