Na 30ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 15 de Novembro de 1999, foi decidido criar o Dia Mundial da Poesia, a ter lugar em 21 de Março, com início de celebração no ano de 2000.
Honra aos Poetas, pois! Escolho António Manuel Couto Viana para os representar. Razões? Porque tem lindos poemas; porque tem levado a vida a poetar (já com dezenas de livros publicados); porque é considerado um dos mais importantes poetas portugueses do século XX; porque sou seu amigo; porque tem vários poemas alusivos à quadra festiva que agora passa. Assim, ligando este Dia com as celebrações que marcam este tempo, apresento, de António Manuel Couto Viana, o poema
Honra aos Poetas, pois! Escolho António Manuel Couto Viana para os representar. Razões? Porque tem lindos poemas; porque tem levado a vida a poetar (já com dezenas de livros publicados); porque é considerado um dos mais importantes poetas portugueses do século XX; porque sou seu amigo; porque tem vários poemas alusivos à quadra festiva que agora passa. Assim, ligando este Dia com as celebrações que marcam este tempo, apresento, de António Manuel Couto Viana, o poema
PáscoaÉ tempo de Páscoa no Minho florido.
Já se ouvem os trinos dos sinos festeiros
Na igreja vestida de branco vestido,
Entre o verde manso dos altos pinheiros.
Caminhos de aldeia, que o funcho recobre,
Esperam, cheirosos, que passe o “compasso”
À casa do rico, cabana do pobre...
Já voam foguetes e pombas no espaço.
Lá vêm dois meninos, com opas vermelhas,
Tocando a sineta. Logo atrás, o abade
Já trôpego e lento. (As pernas são velhas?
Mas no seu sorriso tudo é mocidade.)
Com que unção o moço sacristão, nos braços,
Traz a cruz de prata que Jesus cativa,
Para ser beijada! Enfeitam-na laços
De fitas de seda e uma rosa viva.
Um outro, ajoujado ao peso das prendas
(Não há quem não tenha seu pouco pra dar...)
Traz, num largo cesto de nevadas rendas,
Os ovos, o açúcar e os pães do folar.
Mais um outro, ainda, de hissope e caldeira
Cheia de água benta, abre um guarda-sol.
Seguem-nos, e alegram céus e terra inteira,
Estrondos de bombos e gaitas de fol’.
Haverá visita mais honrosa e bela?
Famílias ajoelham. A cruz é beijada.
(Pratos de arroz-doce, com flores de canela,
Aguardam gulosos na mesa enfeitada.)
Santa Aleluia! Oh, festa maior!
Haverá mais bela e honrosa visita?
É tempo de Páscoa. O Minho está em flor.
Em cada alma pura, Jesus ressuscita!
António Manuel Couto Viana. Postais de Viana.
Viana do Castelo: Câmara Municipal de Viana do Castelo, 1986, pp. 12-14.
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