Há cerca de um quarto de milénio, em Setúbal, nascia uma criança que viria a receber o nome de Luísa Rosa de Aguiar. Aquela que se supõe ter sido a casa dos primeiros anos dessa menina ainda hoje existe, com lápide evocativa. Fica na zona de Troino, na Rua da Brasileira, que, em 1753, data do nascimento da futura cantora, se chamava Rua de Coina.
Baptizada na freguesia da Anunciada em 30 de Janeiro de 1753, ainda criança, Luísa foi viver para Lisboa, onde, com 15 anos, se estreou num teatro do Bairro Alto, numa representação de Molière. Os seus dotes trouxeram-lhe logo um contrato por dez meses, no valor de 144 mil réis, com direito a casa paga e a sege para deslocação para os ensaios e récitas. A sua estreia como cantora ocorreu em 1770, na ópera Il Viaggiattore Ridicolo, de Scolari, em que actuavam também as suas irmãs Cecília e Isabel.
Em 1769, casou com Francesco Todi, de quem lhe veio o apelido por que ficou conhecida. Tendo vivido em vários pontos do país, em 1775 partiu para uma carreira internacional, que teve actuações em Londres, Paris, Berlim, Turim, Varsóvia, Veneza, Viena, Sampetersburgo e Madrid, e convivência com as cortes europeias, tendo mesmo chegado a ser professora de música das princesas da Rússia por iniciativa de Catarina II.
Os críticos musicais da altura referiram-se-lhe com grandes elogios. Em 1790, em Itália, Luísa Todi desempenhava o papel de Dido na ópera Didone Abbandonata, talvez o seu desempenho mais celebrizado, e o crítico musical da Gazzetta Urbana Veneta escrevia, a propósito do espectáculo do dia 27 de Novembro e do canto de Luísa Todi: "A suavidade, o deleite, a admiração, o entusiasmo que ela provou em nós, podem experimentar-se, mas não podem exprimir-se".
Enviuvando em 1803, o século XIX foi época madrasta para a cantora. A viver no Porto, foi apanhada pela invasão francesa de Soult, tendo perdido muitos dos seus haveres no rio Douro, durante a fuga. Em 1811, já vivia em Lisboa e, em 1813, perdia a visão. Acabou por falecer no primeiro de Outubro de 1833 numa casa da Travessa da Estrela, na capital, tendo sido sepultada na Igreja da Encarnação.
A primeira biografia de Luísa Todi foi publicada em 1872, sendo seu autor José Ribeiro Guimarães, uma obra que teve carácter benemérito, conforme indicavam o autor e o impressor logo na primeira página da edição: "o produto desta obra reverte a favor das bisnetas da cantora, filhas de Francisco Xavier Todi". Um ano depois, foi a vez de Joaquim de Vasconcelos escrever um "Estudo Crítico" sobre Luísa Todi, reeditado em 1929. Por 1943, na colecção da revista Ocidente, Mário de Sampayo Ribeiro fez sair mais uma biografia sobre a cantora e, em 1967, numa colecção juvenil da editora Verbo, foi publicada A Vida Fascinante de Luísa Todi, em forma romanceada, da autoria de Maria Isabel Mendonça Soares. De 1981 é o longo texto que sobre a cantora setubalense Mário Moreau inseriu na sua obra Cantores de Ópera Portugueses. A assinalar o 250º aniversário do nascimento da cantora, passado em 2003, foram publicadas as obras Luísa Todi, de Mário Moreau (2002), e Luísa Todi – A voz que vem de longe, de Victor Luís Eleutério (2003), e foi editada a escultura em prata com o busto de Luísa Todi da autoria da artista Patrícia Bilé.
A terra-natal de Luísa Todi tem feito por que a cantora não seja esquecida. Já numa acta da sessão de Câmara de Agosto de 1895 ficou registado que deveria ser dada "a denominação de Avenida Todi à Rua da Praia, em homenagem da notabilíssima cantora, nossa conterrânea e uma das glórias do palco lírico". O seu nome passou assim a constar naquela que, hoje, é um dos mais importantes troços da cidade do Sado, onde, de resto, se situa a principal sala de espectáculos sadina, também com o patrocínio de Luísa Todi.
Em 1933, quando passava um século sobre a morte da cantora, com a presença de um seu trineto, foi inaugurado no Parque das Escolas um monumento em sua memória (mais tarde mudado para o local em que hoje está, na Avenida Luísa Todi, em frente do Governo Civil), que teve como autores o escultor Leopoldo de Almeida e o arquitecto Abel Pascoal. Vinte anos depois, quando passava o segundo centenário do seu nascimento, a casa sobre a qual diz a tradição oral que foi onde nasceu Luísa Todi recebia uma lápide evocativa do acontecimento. Em 1957, no salão nobre da Câmara de Setúbal, foi inaugurado o tríptico do pintor setubalense Luciano Santos, alusivo a figuras com importância local, estando uma representação de Luísa Todi em lugar de destaque.
Ao longo dos tempos, não têm faltado exposições evocativas da vida e do tempo em que viveu Luísa Todi, podendo referir-se, entre outras: em 1984, na Biblioteca Municipal de Setúbal, uma exposição de homenagem; em 1989, no Museu de Setúbal, "A Vida de Luísa Todi contada às Crianças"; em 1994, na Casa de Bocage, "Setúbal no Tempo de Luísa Todi". Por outro lado, o nome desta setubalense baptizou instituições como o Coral Luísa Todi ou a Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi, para além de estabelecimentos comerciais, e é patrono de um Concurso Nacional de Canto com realização local.
Baptizada na freguesia da Anunciada em 30 de Janeiro de 1753, ainda criança, Luísa foi viver para Lisboa, onde, com 15 anos, se estreou num teatro do Bairro Alto, numa representação de Molière. Os seus dotes trouxeram-lhe logo um contrato por dez meses, no valor de 144 mil réis, com direito a casa paga e a sege para deslocação para os ensaios e récitas. A sua estreia como cantora ocorreu em 1770, na ópera Il Viaggiattore Ridicolo, de Scolari, em que actuavam também as suas irmãs Cecília e Isabel.
Em 1769, casou com Francesco Todi, de quem lhe veio o apelido por que ficou conhecida. Tendo vivido em vários pontos do país, em 1775 partiu para uma carreira internacional, que teve actuações em Londres, Paris, Berlim, Turim, Varsóvia, Veneza, Viena, Sampetersburgo e Madrid, e convivência com as cortes europeias, tendo mesmo chegado a ser professora de música das princesas da Rússia por iniciativa de Catarina II.
Os críticos musicais da altura referiram-se-lhe com grandes elogios. Em 1790, em Itália, Luísa Todi desempenhava o papel de Dido na ópera Didone Abbandonata, talvez o seu desempenho mais celebrizado, e o crítico musical da Gazzetta Urbana Veneta escrevia, a propósito do espectáculo do dia 27 de Novembro e do canto de Luísa Todi: "A suavidade, o deleite, a admiração, o entusiasmo que ela provou em nós, podem experimentar-se, mas não podem exprimir-se".
Enviuvando em 1803, o século XIX foi época madrasta para a cantora. A viver no Porto, foi apanhada pela invasão francesa de Soult, tendo perdido muitos dos seus haveres no rio Douro, durante a fuga. Em 1811, já vivia em Lisboa e, em 1813, perdia a visão. Acabou por falecer no primeiro de Outubro de 1833 numa casa da Travessa da Estrela, na capital, tendo sido sepultada na Igreja da Encarnação.
A primeira biografia de Luísa Todi foi publicada em 1872, sendo seu autor José Ribeiro Guimarães, uma obra que teve carácter benemérito, conforme indicavam o autor e o impressor logo na primeira página da edição: "o produto desta obra reverte a favor das bisnetas da cantora, filhas de Francisco Xavier Todi". Um ano depois, foi a vez de Joaquim de Vasconcelos escrever um "Estudo Crítico" sobre Luísa Todi, reeditado em 1929. Por 1943, na colecção da revista Ocidente, Mário de Sampayo Ribeiro fez sair mais uma biografia sobre a cantora e, em 1967, numa colecção juvenil da editora Verbo, foi publicada A Vida Fascinante de Luísa Todi, em forma romanceada, da autoria de Maria Isabel Mendonça Soares. De 1981 é o longo texto que sobre a cantora setubalense Mário Moreau inseriu na sua obra Cantores de Ópera Portugueses. A assinalar o 250º aniversário do nascimento da cantora, passado em 2003, foram publicadas as obras Luísa Todi, de Mário Moreau (2002), e Luísa Todi – A voz que vem de longe, de Victor Luís Eleutério (2003), e foi editada a escultura em prata com o busto de Luísa Todi da autoria da artista Patrícia Bilé.
A terra-natal de Luísa Todi tem feito por que a cantora não seja esquecida. Já numa acta da sessão de Câmara de Agosto de 1895 ficou registado que deveria ser dada "a denominação de Avenida Todi à Rua da Praia, em homenagem da notabilíssima cantora, nossa conterrânea e uma das glórias do palco lírico". O seu nome passou assim a constar naquela que, hoje, é um dos mais importantes troços da cidade do Sado, onde, de resto, se situa a principal sala de espectáculos sadina, também com o patrocínio de Luísa Todi.
Em 1933, quando passava um século sobre a morte da cantora, com a presença de um seu trineto, foi inaugurado no Parque das Escolas um monumento em sua memória (mais tarde mudado para o local em que hoje está, na Avenida Luísa Todi, em frente do Governo Civil), que teve como autores o escultor Leopoldo de Almeida e o arquitecto Abel Pascoal. Vinte anos depois, quando passava o segundo centenário do seu nascimento, a casa sobre a qual diz a tradição oral que foi onde nasceu Luísa Todi recebia uma lápide evocativa do acontecimento. Em 1957, no salão nobre da Câmara de Setúbal, foi inaugurado o tríptico do pintor setubalense Luciano Santos, alusivo a figuras com importância local, estando uma representação de Luísa Todi em lugar de destaque.
Ao longo dos tempos, não têm faltado exposições evocativas da vida e do tempo em que viveu Luísa Todi, podendo referir-se, entre outras: em 1984, na Biblioteca Municipal de Setúbal, uma exposição de homenagem; em 1989, no Museu de Setúbal, "A Vida de Luísa Todi contada às Crianças"; em 1994, na Casa de Bocage, "Setúbal no Tempo de Luísa Todi". Por outro lado, o nome desta setubalense baptizou instituições como o Coral Luísa Todi ou a Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi, para além de estabelecimentos comerciais, e é patrono de um Concurso Nacional de Canto com realização local.
Monumento a Luísa Todi, em Setúbal - A disposição das notas nas pautas permite ler o nome da cantora
Sem comentários:
Enviar um comentário