O "prédio Coutinho" e as pirraças ministeriais
Nem de propósito! Na edição de 17 de Outubro do bissemanário A Aurora do Lima, um ensaio, em forma de destacável, discutia o futuro do edifício "Jardim" (também conhecido como "prédio Coutinho") em Viana do Castelo, propondo que lhe fosse atribuído o estatuto de património cultural [trabalho já aqui comentado]; dois dias depois, o Ministro do Ambiente vai a Viana, visita o Parque da cidade e as obras do Programa Polis, e larga a sentença: "só por pirraça é que os moradores continuam a habitar num edifício vazio", referindo-se aos residentes no dito "prédio Coutinho" que não aceitaram as condições de negociação propostas. Aqui estamos nós na onda do "porreirismo" - depois da história do "deserto" a sul do Tejo, em que "jamais" (com pronúncia francesa) seria construído o novo aeroporto de Lisboa nessas redondezas; depois do "porreiro, pá" para firmar o acordo quanto a um Tratado europeu que, agora, muitos dizem ser incompreensível; aí está a "pirraça" de uns moradores resistentes. Que nome terão estas atitudes? Generosidade? Simpatia? Atenção? Consideração? Pura politiquice e desinteresse pelas pessoas. Na edição de hoje do mesmo bissemanário vianense, o director, Bernardo Silva Barbosa, escreve que o ministro pretendeu "pressionar" os moradores que restam no prédio e comenta que a atitude ministerial "serve apenas, como todas as declarações anteriores, para mostrar a irresponsabilidade como se pronuncia em público". E, quanto à afirmação ministerial de que o "programa Polis vai continuar, sem fim à vista, até à demolição do Coutinho", o jornalista questiona: "E quem vai pagar mais este despesismo?"
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