Politicamente correcto
Ontem, depois do discurso de Luís Filipe Meneses no encerramento do congresso do PSD, um canal de televisão pediu a Vitalino Canas, observador socialista no congresso, que comentasse a intervenção do presidente social-democrata: que não tinha nada de novo, que não-sei-quê, que não-sei-que-mais... enfim, a desvalorizar. Afinal, parece que não foi assim tão inócua a intervenção de Meneses: hoje, os destaques vão para dois anúncios que fez - a construção de uma nova constituição e a extinção do Tribunal Constitucional.
Este comentário de Vitalino Canas alinha pela mesma superioridade de outros doutos e políticos comentários, a saber e porque são recentes: confrontado com os apupos numa sua visita, o Primeiro-Ministro, pelo meio de um sorriso elaborado, pretendeu escamoteá-los com uma lapidar explicação - "é a festa da democracia!" Noutra altura, quando lhe foi pedida uma opinião como resposta a Meneses, que tinha defendido que ilustres figuras socialistas (Soares, Vera Jardim, entre outros) deveriam comentar a questão das liberdades que estariam a ser diminuídas, o Primeiro-Ministro respondeu, começando com um pronto e repentino "Era o que mais faltava..."
São minudências, é claro. Mas estes segmentos de discurso podem ser o que está sob o "politicamente correcto" - um arrumar com uma penada a opinião do outro no caixote, sobretudo quando é incómoda. Quanto cenário, quanto vazio, quanto artifício, quão pouco valor argumentativo, quanto caminho aberto para que cada vez se creia menos!...
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