No dia de ontem, quase não houve sinais de que se estivesse a celebrar o Dia Mundial do Professor. Muita gente, talvez a maioria, nem deu por isso. Não aconteceu só por cá – uma amiga de Itália enviou-me uma mensagem dizendo que por lá ninguém fez referência ao facto. Facto tanto mais estranho quanto organizações internacionais de peso foram as responsáveis por esta criação!
Em Portugal, tivemos a sorte de o Presidente da República discursar a propósito do 5 de Outubro e escolher a educação como assunto, uma acção que não aconteceu de surpresa porquanto o tema tinha já sido anunciado. Nos sítios ligados ao Ministério da Educação, nem uma palavra sobre a celebração do dia e, ao que informa o diário Público, a Ministra da Educação também não esteve presente para ouvir o discurso do Presidente. De qualquer dos modos, é fácil aceder ao texto, porque vários blogues e jornais o reproduziram e o sítio da Presidência da República será sempre uma boa fonte para o público o ir ler...
No que à educação respeitou, o Presidente da República começou por lembrar que “a Primeira República foi um período em que se destacaram notáveis pedagogos”, para, logo a seguir, referir que, “ao fim de quase um século de existência, temos de reconhecer que a República não conseguiu resolver aquela que é a principal causa do nosso atraso estrutural: as deficiências na educação das crianças e dos jovens.”
Estava dado o mote para as questões importantes do discurso, uma chamada de atenção forte para toda a sociedade e para todos os actores do processo educativo, sendo estes os cidadãos concretos e com responsabilidade acrescida – “gostaria de propor aos Portugueses um novo olhar sobre a escola, sobre um modelo escolar construído à luz da ideia de inovação social”, disse o Presidente da República, acentuando: “Não quero dirigir-me especialmente ao Governo e à Assembleia da República. Quero dirigir-me a todos os Portugueses.”
“Uma nova atitude perante a escola” foi o desafio deixado a vários intervenientes. Aos pais, Cavaco Silva questionou-os directamente: “de que modo participam na educação dos vossos filhos?” Aos autarcas, convidou-os a assumirem “maiores responsabilidades relativamente aos estabelecimentos de ensino”. Às comunidades, interpelou-as a uma participação na gestão das escolas. À sociedade em geral, pediu que desempenhe “um papel activo neste processo de inovação social” e que “a figura do professor seja prestigiada e acarinhada”. Aos professores, lembrou-lhes que “a dignidade da função docente assenta no respeito e na admiração que os professores são capazes de suscitar na comunidade educativa, junto dos colegas, dos pais e dos alunos”. Consciente das dificuldades, o Presidente da República concluiu a sua intervenção lembrando que, “com o esforço de todos, será possível realizar a ambição de uma escola melhor, em nome de uma melhor República”.
Deste discurso podem ser feitos os aproveitamentos adequados a cada situação. Não faltou o Primeiro-Ministro a dizer que este discurso era um bom incentivo para o Governo prosseguir o seu caminho; não faltaram os sindicatos a considerar que a mensagem escondia uma crítica à acção governativa; não faltou o director do Público a dizer que o Presidente deveria ter ido mais longe e dizer que cada família deveria escolher a escola pública que quisesse, com isso esquecendo a noção de comunidade que o Presidente quis exaltar!
A intervenção do Presidente da República foi pedagógica. E também foi coerente: quer com uma causa da República, quer com a actualidade, quer com a necessidade de participação responsável e democrática. Toca-nos a todos e querer ler nela apenas recados para os outros é não ter percebido que todos temos que participar no processo! [fotografia de www.presidencia.pt]
Em Portugal, tivemos a sorte de o Presidente da República discursar a propósito do 5 de Outubro e escolher a educação como assunto, uma acção que não aconteceu de surpresa porquanto o tema tinha já sido anunciado. Nos sítios ligados ao Ministério da Educação, nem uma palavra sobre a celebração do dia e, ao que informa o diário Público, a Ministra da Educação também não esteve presente para ouvir o discurso do Presidente. De qualquer dos modos, é fácil aceder ao texto, porque vários blogues e jornais o reproduziram e o sítio da Presidência da República será sempre uma boa fonte para o público o ir ler...
No que à educação respeitou, o Presidente da República começou por lembrar que “a Primeira República foi um período em que se destacaram notáveis pedagogos”, para, logo a seguir, referir que, “ao fim de quase um século de existência, temos de reconhecer que a República não conseguiu resolver aquela que é a principal causa do nosso atraso estrutural: as deficiências na educação das crianças e dos jovens.”
Estava dado o mote para as questões importantes do discurso, uma chamada de atenção forte para toda a sociedade e para todos os actores do processo educativo, sendo estes os cidadãos concretos e com responsabilidade acrescida – “gostaria de propor aos Portugueses um novo olhar sobre a escola, sobre um modelo escolar construído à luz da ideia de inovação social”, disse o Presidente da República, acentuando: “Não quero dirigir-me especialmente ao Governo e à Assembleia da República. Quero dirigir-me a todos os Portugueses.”
“Uma nova atitude perante a escola” foi o desafio deixado a vários intervenientes. Aos pais, Cavaco Silva questionou-os directamente: “de que modo participam na educação dos vossos filhos?” Aos autarcas, convidou-os a assumirem “maiores responsabilidades relativamente aos estabelecimentos de ensino”. Às comunidades, interpelou-as a uma participação na gestão das escolas. À sociedade em geral, pediu que desempenhe “um papel activo neste processo de inovação social” e que “a figura do professor seja prestigiada e acarinhada”. Aos professores, lembrou-lhes que “a dignidade da função docente assenta no respeito e na admiração que os professores são capazes de suscitar na comunidade educativa, junto dos colegas, dos pais e dos alunos”. Consciente das dificuldades, o Presidente da República concluiu a sua intervenção lembrando que, “com o esforço de todos, será possível realizar a ambição de uma escola melhor, em nome de uma melhor República”.
Deste discurso podem ser feitos os aproveitamentos adequados a cada situação. Não faltou o Primeiro-Ministro a dizer que este discurso era um bom incentivo para o Governo prosseguir o seu caminho; não faltaram os sindicatos a considerar que a mensagem escondia uma crítica à acção governativa; não faltou o director do Público a dizer que o Presidente deveria ter ido mais longe e dizer que cada família deveria escolher a escola pública que quisesse, com isso esquecendo a noção de comunidade que o Presidente quis exaltar!
A intervenção do Presidente da República foi pedagógica. E também foi coerente: quer com uma causa da República, quer com a actualidade, quer com a necessidade de participação responsável e democrática. Toca-nos a todos e querer ler nela apenas recados para os outros é não ter percebido que todos temos que participar no processo! [fotografia de www.presidencia.pt]
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