Há poucos anos, o futebol trouxe para a rua, para os carros e para as casas a bandeira portuguesa, num gesto de solidariedade com a Selecção Nacional, num gesto de afirmação de valores que a todos uniam. É claro que houve muito folclore à conta disso, mas também foi evidente que surgiu uma "redescoberta" geral da união, de uma dada forma de identidade, talvez uma afirmação de povo e de país...
Todos sabemos qual é a força que se solta da simbologia em torno da bandeira e, por isso mesmo, a Constituição da República Portuguesa a colocou como símbolo da soberania da República.
Vem isto a propósito de, ontem, ao fim da tarde, ter passado na avenida do topo do Parque Eduardo VII e, surpreendido, ter visto a pavonear-se a bandeira da União Europeia, estrelas vogando sobre fundo azul. "Ó pai, mas não era a bandeira nacional que estava ali?", perguntou-me o filho, na mira de uma explicação para a troca... Sim, com efeito, era!
Recordamos a imagem do hastear da bandeira portuguesa ao cimo do Parque Eduardo VII, ocorrida ainda não há muito, cores do país a vogarem sobre Lisboa, sobre a capital. Qual a razão para que a bandeira portuguesa cedesse lugar à da União Europeia? Ah, é claro, podemos explicar a mudança com esta fúria de "ter sido feita história" nos últimos tempos, com esta alegria de se estar a marcar a História, de se entrar para a História. É uma possibilidade de explicação, é certo! Mas não teria sido mais sensato haver outro mastro para outra bandeira e as duas coabitarem, assim respeitando a verdade da História? É por esta e por outras que, muitas vezes, se duvida do que pode ser todo este acordo entre os homens, sobretudo porque, paulatinamente, os símbolos vão dando lugar a outros símbolos... e se a bandeira da União Europeia merecia ser hasteada no topo do Parque Eduardo VII, também a bandeira portuguesa lá merece(ria) estar, sem ter que haver nenhuma a ceder a sua posição. Ironia para um futuro que não se quer real!...
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