sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Morreu Bocage

21 de Dezembro de 1805
Aos 21 de Dezembro de 1805, na casa onde vivia com sua irmã, na Travessa de André Valente, em Lisboa, faleceu Manuel Maria Barbosa du Bocage, um dos maiores poetas portugueses, que nascera em Setúbal em 15 de Setembro de 1765. Crítico mordaz, amador de boas e experimentadas coisas, apaixonado por deidades mil, teve o seu percurso ligado à boémia e à irreverência. Foi perseguido e encarcerado, teve ligações maçónicas, discutiu arte e política, deixou-se arrebatar pelo génio camoniano, foi conviva de cafés, cantou a liberdade e a vida, poetou, poetou, poetou. A memória não o esquecerá, seja pela obra, seja pelo protagonismo atrevido das anedotas que o futuro irá produzindo.

Gravura inserida na obra Poesias Selectas de Manuel Maria Barbosa du Bocage, coligidas e anotadas por J. S. da Silva Ferraz, de 1864.Nela se pode observar a imagética criada em torno de Bocage na segunda metade do século XIX, não faltando um retrato de Camões colocado numa parede dos aposentos do poeta.



Meus olhos, atentai no meu jazigo,
Que o momento da morte está chegado;
Lá soa o corvo, intérprete do fado;
Bem o entendo, bem sei, fala comigo:

Triunfa, Amor, gloria-te, inimigo;
E tu, que vês com dor meu duro estado,
Volve à terra o cadáver macerado,
O despojo mortal do triste amigo:

Na campa que o cobrir, piedoso Albano,
Ministra aos corações, que Amor flagela,
Terror, piedade, aviso, e desengano:

Abre em meu nome este epitáfio nela:
“Eu fui, ternos mortais, o terno Elmano;
Morri de ingratidões, matou-me Isbela."


21 de Dezembro de 2007
Hoje, passa o 202º aniversário da morte de Bocage. Pelas 18h00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, vai ser apresentado publicamente o livro do "IX CONCURSO LITERÁRIO MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE", que dá capa aos trabalhos Livro das Alegrias, de Fernando Paulino, e Nas entranhas do mar, de Sara Ferreira Costa, ambos de poesia. A primeira edição deste concurso aconteceu em 1999 e a Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA), entidade promotora do certame, começou a publicar os textos vencedores a partir da quarta edição do concurso, em 2002. A entrada é livre.

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