Os alunos estão a começar as férias, ao mesmo tempo que aguardam que as avaliações sejam divulgadas, mas os olhares sobre a Escola não param. O portuense O Primeiro de Janeiro divulga dois textos de opinião sobre educação.
No primeiro, Filinto Lima, defendendo a criação da imagem do "Provedor do aluno", insiste num problema que é de todos e de todos os dias, que mexe com a organização lectiva, que tem ecos (e muitos) naquilo que se faz na escola - o plano curricular dos alunos do 3º Ciclo, sobrecarregado. E diz, a dado passo, sobre o número de disciplinas que os estudantes nesse escalão etário enfrentam: "Por exemplo, no 7º ano de escolaridade os nossos jovens têm 12 disciplinas (2 são semestrais) e 3 áreas curriculares não disciplinares (ACND), num total de 15! O número pode ascender a 16 se o encarregado de educação inscreveu o seu educando em Educação Moral e Religião Católica ou outra confissão religiosa. No 8º e 9º anos o panorama é igual. O número elevado de disciplinas, em conjunto com as áreas curriculares não disciplinares, trazem uma falsa polivalência ao aluno que só o lança na confusão. As ACND (Área de Projecto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica), criadas em 2001, não estão atingir os objectivos a que as propuseram. Não são verdadeiras disciplinas, pois não tratam de nenhuma área específica do saber, sendo até aproveitadas para a leccionação de algumas disciplinas, como por exemplo a Matemática, no âmbito do Plano de Matemática. A sua utilidade deve ser repensada e transformada num aproveitamento efectivo e útil para os nossos alunos e professores que devem ver nas políticas educativas algo perceptível e exequível. Caso este facto fosse tido em conta pelos nossos políticos, estou certo de que ajudaria a resolver dois problemas com que as escolas se debatem actualmente, o insucesso e o abandono escolares. São verdadeiros problemas que merecem ser (re)pensados para que se encontrem boas soluções. Seguramente as escolas ajudarão também a encontrá-las."
O segundo artigo, de Rui Baptista, entra por aquilo que poderia ser o papel da Escola no contributo para uma prática de cidadania: "já é tempo de interiorizar na população portuguesa que a escola deve criar e desenvolver no aluno qualidades profissionais, humanas e cívicas que o tornem útil a uma sociedade que investiu dinheiros públicos na sua formação. Ora, isto não está ao alcance de uma escola permissiva que alberga em seus muros quem não quer estudar, em permanente cumplicidade com a cabulice, a violência, a indisciplina, a simples falta de boa educação."
1 comentário:
O «Nesta hora» está a tornar-se um blog de referência no panorama da reflexão e da crítica às políticas educativas da nossa triste actualidade da qual apetece dizer como Sá de Miranda escreveu:
"m'espanto às vezes, outras m'avergonho"
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