segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Minudências (21)
A impunidade dos ilícitos na escola
domingo, 30 de dezembro de 2007
J. J. Sobral nos caminhos da sexualidade
O livro divide-se em seis partes, construídas sobre quadras, trazendo para os textos os temas habitualmente tratados nos designados livros sobre a vida sexual (o corpo, as práticas, as técnicas, os sentidos, o desejo).
O título do livro assentou nos dois qualificativos, deixando ao leitor a hipótese de escolha para classificar a temática que por ele perpassa. No entanto, ao longo das perto de mil estrofes, a tendência é para o segundo adjectivo, num esforço de uma acentuada descrição dos prazeres, fortemente marcada pela visão a partir do género masculino, com escassa margem para o que poderia ser uma metáfora da sexualidade.
O primeiro conjunto de quadras, em jeito de prefácio, intitulado “Advertência”, não deixa dúvidas quanto à linguagem usada e aos assuntos tratados, lembrando ao leitor ser este um livro que não vai atrás das experiências ou das efusões líricas, porque “é de sexo que se fala” e porque “nele não são encontradas / imagens, ilustrações / mas apenas as palavras / que fazem as descrições”.
A capa anterior usa o círculo vermelho no canto superior direito, em forma de aviso ou de sátira; a capa posterior reproduz uma quadra da “Advertência” inicial para os leitores menos avisados: “A quem for mais vulnerável / Pode o livro causar danos / Sendo desaconselhável / Antes dos dezoito anos.”
sábado, 29 de dezembro de 2007
A escola não está de férias (3)
A primeira pista: a política de educação é hoje influenciada pelos grandes organismos financeiros. A segunda pista: a Europa tem uma política de educação integrada numa lógica económica. A terceira pista: a educação não constou no Tratado de Roma senão sob a designação de “formação profissional” e só nos anos 90 entraria para os textos de referência europeus. A quarta pista: a Europa estabeleceu como objectivo edificar uma economia assente nas competências dos seus trabalhadores, tendo como vectores fortes o conhecimento e a comunicação, que conduzirão para o crescimento e o emprego.
A conclusão: “la politique d’éducation ne trouve plus ses fondements et ses justifications dans la morale, la politique, la culture, l’histoire, c’est-à-dire dans l’univers des valeurs, mais dans le seul horizon qui importe désormais dans les rouages de l’Union, celle de la " valeur économique ", de l’efficacité, de la compétitivité. C’est en réalité toute une conception de l’homme qui est ici en question. Avec l’idée que l’humain est d’abord un capital, une ressource productive, une main d’œuvre, c’est la question du destin de l’humanisme européen qui est évidemment posée. Le risque est grand d’une crise majeure de la tradition démocratique pour laquelle la formation de l’homme est la condition de la souveraineté des citoyens. D’une crise de la culture européenne aussi, qui a justement forgé cet idéal de souveraineté du citoyen sur le socle de la dignité de l’homme.”
Não se fique admirado, pois, do que vai acontecendo no sector da educação. Tornou-se fortemente politizado e com uma política abençoada pela globalização, pela economia e pela competitividade, afinal umas e outras tão queridas do discurso político que assim pinta o universo.
Hoje, deveria ter saído no "Correio de Setúbal"
29 de Dezembro de 1942 (Coimbra) – “Uma grande discussão sobre liberdade e justiça com um amigo magistrado, que há dois ou três anos vestiu a toga cheio de inquietações e que me apareceu agora relativamente sereno na sua função de julgar. (…) Dantes, quer ele a aceitar teoricamente um pragmatismo judicativo, quer eu a negá-lo, púnhamos ambos sobre a mesa dois corações igualmente ciosos da intangibilidade humana, só abertos à transcendência de cada destino, fossem quais fossem as razões da cabeça. Mas os anos passaram, a função fez o órgão, e hoje encontrei-me diante dum funcionário calmo e objectivo, apenas interessado em desempenhar proficientemente o seu papel de parafuso sem fim na complicada engrenagem social. E muito embora seguro da honradez profissional do meu interlocutor de agora, passei o tempo a ter saudades do outro, que ficava branco só de pensar que alguém pudesse erigir-se em juiz absoluto e condenar um semelhante à morte viva de trinta anos de cadeia.” (Miguel Torga, Diário – II).
29 de Dezembro de 1943 – “Ontem à noite estive muito triste. Tive a visão da avozinha e da Lies! Avozinha, querida avozinha! Não compreendemos bem quanto ela sofria. Só pensava em nós, mostrando-se sempre muito compreensiva em face dos nossos problemas. Sofria de uma grave doença. (…) Sou egoísta e cobarde! Não sei porque é que os meus sonhos e pensamentos só giram à volta das coisas tristes, até quase me apetecer gritar. Decerto não tenho bastante confiança em Deus! Afinal Ele deu-me tanta coisa que não mereço e só faço asneiras. Quando pensamos no próximo, devíamos chorar. A dizer a verdade, não devíamos fazer mais nada do que chorar. Resta-nos pedir a Deus que faça um milagre e que salve aquela pobre gente! E eu rezo do fundo do meu coração.” (Anne Frank, Diário).
1987, Ainda Dezembro, Matosinhos – “O tempo arrefece. Mas há sol e na linha do horizonte uns flocos de nuvens levemente rosadas como borlas de pó-de-arroz, 1920. Sobre as águas um jogo de velas. Os brancos fendidos oscilam, bailam sobre o azul – rodinha de borboletas, entre o leque aberto da rama dos pinheiros. De manhã, dava logo de rosto com o mar, porquê então aquela melancolia? Olhava aquela beleza balética, oscilante, grácil, como se olhasse um campo lavrado de lágrimas. Era dela, dentro dela, que a melancolia morava.” (Luísa Dacosta, Na água do tempo).
Com Dezembro quase no fim – Ano a caminho do termo. Mais um cabo de tormentas prestes a ser passado. E também a sensação de que as desigualdades se têm acentuado. E ainda: a dureza do quotidiano está muito longe da festa europeia com que Portugal pretendeu fazer História.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Minudências (20)
José Sócrates – “Nunca ninguém como ele acumulou, em democracia, tanto poder: no partido, no Estado, no país”;
Marques Mendes – “Perdeu o partido, por causa de uma intriga menor”;
Filipe Menezes – “Desorientado, aflito, extravagante, avança, recua, guina para a esquerda ou para a direita, ou simplesmente para uma ideia de momento, absurda e supérflua”;
Santana Lopes – “mete medo ao português mais morno”;
Paulo Portas – “juntou nele toda a perversidade indígena”;
Francisco Louçã – “Sem ideologia, sem doutrina, sem causas”;
Jerónimo de Sousa – “O PC continua, como sempre, a ser o PC. Jerónimo também”;
António Costa – “saiu limpamente da alçada de Sócrates. A Câmara de Lisboa é um bom lugar para um exílio provisório”.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Sobre o meio rural
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Minudências (19)
O Primeiro-Ministro já fez discursos de campanha melhores. Este foi pobre, talhado para cumprir o hábito, com as ideias que foram repetidas ao longo do ano, um ano que foi difícil para todos, ao mesmo tempo que a festa europeia brilhava. E, sobretudo, pintou o País e a vida dos portugueses com os tons róseos da maioria que governa, um pouco em jeito de quem quer ver no espelho a imagem que quer talhar. No entanto, a vida não foi assim tão cor-de-rosa ao longo deste ano, como se sabe! É que vemos, ouvimos e lemos… conhecemos e sentimos!
Uma boa história...
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Natal por outros (7)
Ó Menino Jesus,
vem para nosso colo
a ser a nossa luz
e o nosso consolo.
Mesmo com o mundo agreste
que nos ronda, feroz,
não faltaste – vieste
com teu sorriso a nós.
E aqui, como em criança,
– quantos anos lá vão! –
fica-nos a esperança
em nosso coração.
domingo, 23 de dezembro de 2007
Natal por outros (6)
Natal por outros (5)
Está fosca,
como uma lente embaciada,
a rua roída de frio.
Passe quem passe,
tem sempre a melancolia tosca
e enrodilhada
dum balão vazio.
Nos postais: ‘Merry Christmas’,
com neve a fugir pelos telhados…
Os meninos
desenham bonecos
com seus dedos finos
nos vidros molhados.
Há consoadas, brinquedos…
Ao serão,
joga-se o pinhão
com os parentes,
com os amigos.
E todos estão contentes
na amizade que os iguala.
(Os cinco graus negativos
ardem no fogo da sala…)
Natal por outros (4)
Queimando o véu dos séculos futuros
O vate, aceso em divinais luzeiros,
Assim cantou (e aos ecos pregoeiros
Exultaram, Sião, teus sacros muros):
"O Justo descerá dos astros puros
Em deleitosos, cândidos chuveiros;
As feras dormirão com os cordeiros,
Suarão doce mel carvalhos duros;
A Virgem será mãe; vós dareis flores,
Brenhas intonsas, em remotos dias;
Porás fim, torva guerra, a teus horrores..."
Não, não sonho o altíssimo Isaías;
Ó reis, ajoelhai, correi, pastores!
Eis a prole do Eterno, eis o Messias!
Natal por outros (3)
Natal por outros (2)
Era noite de Inverno, longa e fria,
Cobria-se de neve o verde prado,
O rio se detinha congelado,
Mudava a folha a cor que ter soía,
Quando nas palhas de uma estrebaria,
Entre dois animais brutos lançado,
Sem ter outro lugar no povoado,
O menino Jesus pobre jazia.
-Meu filho, meu amor, porque quereis
(Dizia sua Mãe) nesta aspereza
acrescentar-me as dores que passais?
Aqui nestes meus braços estareis,
Que se vos força amor sofrer crueza,
O meu não pode agora sofrer mais.
Natal por outros (1)
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.
sábado, 22 de dezembro de 2007
Máximas em mínimas (13)
Que bandeira?
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
A Escola não está de férias (2)
"5. Decreto-Lei que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário
Este Decreto-Lei, hoje aprovado na generalidade para consultas, vem completar o quadro de mudanças introduzidas na organização e na autonomia das escolas, dando, assim, sequência às propostas apresentadas pelo Primeiro-Ministro à Assembleia da República, no passado dia onze do corrente mês.
Estabelece-se um novo regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, visando (i) reforçar a participação das famílias e comunidades na direcção estratégica dos estabelecimentos de ensino; (ii) favorecer a constituição de lideranças fortes e (iii) reforçar a autonomia das escolas.
Deste modo, procura-se promover a abertura das escolas ao exterior e a sua integração nas comunidades locais, através da instituição de um órgão de direcção estratégica em que têm representação o pessoal docente e não docente, os pais e encarregados de educação (e também os alunos, no caso dos adultos e do ensino secundário), as autarquias e a comunidade local, nomeadamente as instituições, organizações e actividades económicas, sociais, culturais e científicas.
A este órgão colegial de direcção – designado Conselho Geral – caberá a aprovação das regras fundamentais de funcionamento da escola (regulamento interno), as decisões estratégicas e de planeamento (projecto educativo, plano de actividades) e o acompanhamento e fiscalização da sua concretização (relatório anual de actividades).
Além disso, confia-se a este órgão a capacidade de eleger o director que, em consequência, lhe terá de prestar contas.
Simultaneamente, procura-se reforçar a liderança das escolas o que constitui, reconhecidamente, uma das mais necessárias medidas de reorganização do regime de administração escolar, criando-se o cargo de director, coadjuvado por um pequeno número de adjuntos, mas constituindo um órgão unipessoal e não um órgão colegial.
Ao director será confiada a gestão administrativa, financeira e pedagógica, assumindo também, para o efeito, a presidência do Conselho Pedagógico, devendo o director ser recrutado de entre docentes do ensino público ou particular e cooperativo qualificados para o exercício das funções, seja pela formação ou pela experiência na administração e gestão escolar.
No sentido de reforçar a liderança da escola e de conferir maior eficácia, mas também mais responsabilidade ao director, é-lhe atribuído o poder de designar os responsáveis pelas estruturas de coordenação e supervisão pedagógica.
No tocante ao reforço da autonomia das escolas, estabelece-se um enquadramento legal mínimo, determinando apenas a criação de algumas estruturas de coordenação de primeiro nível (departamentos curriculares) com assento no Conselho Pedagógico e de acompanhamento dos alunos (conselhos e directores de turma). No mais, é dada às escolas a faculdade de se organizarem, de criar estruturas e de as fazer representar no Conselho Pedagógico."
Morreu Bocage
Gravura inserida na obra Poesias Selectas de Manuel Maria Barbosa du Bocage, coligidas e anotadas por J. S. da Silva Ferraz, de 1864.Nela se pode observar a imagética criada em torno de Bocage na segunda metade do século XIX, não faltando um retrato de Camões colocado numa parede dos aposentos do poeta.
Meus olhos, atentai no meu jazigo,
Que o momento da morte está chegado;
Lá soa o corvo, intérprete do fado;
Bem o entendo, bem sei, fala comigo:
Triunfa, Amor, gloria-te, inimigo;
E tu, que vês com dor meu duro estado,
Volve à terra o cadáver macerado,
O despojo mortal do triste amigo:
Na campa que o cobrir, piedoso Albano,
Ministra aos corações, que Amor flagela,
Terror, piedade, aviso, e desengano:
Abre em meu nome este epitáfio nela:
“Eu fui, ternos mortais, o terno Elmano;
21 de Dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Prémio Bocage - é já amanhã...
Amanhã, pois, pelas 18h00, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, vai ser apresentado publicamente o livro do "IX CONCURSO LITERÁRIO MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE", que dá capa aos trabalhos Livro das Alegrias, de Fernando Paulino, e Nas entranhas do mar, de Sara Ferreira Costa, ambos de poesia.
A primeira edição deste concurso aconteceu em 1999 e a LASA começou a publicar os textos vencedores a partir da quarta edição do concurso, em 2002.
A entrada é livre.
A Escola não está de férias (1)
Minudências (19)
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Imperfeições do mundo perfeito ou... a caminho da Finlândia
Hoje, no "Correio de Setúbal"
2008 – O novo ano está à porta. E valerá a pena lembrar algumas possíveis efemérides, a celebrar pelas suas datas “redondas”: 450 anos da morte de Sá de Miranda; 400 anos do nascimento do padre António Vieira e de D. Francisco Manuel de Melo; 250 anos do nascimento do Morgado de Mateus; 150 anos do nascimento de José Leite de Vasconcelos e de Ernesto Condeixa; 100 anos do nascimento de Manoel de Oliveira, de Joaquim Paço d’Arcos, de Avelino de Jesus da Costa, de Mário Martins, de Adolfo Casais Monteiro, de António Lopes Ribeiro, de Francisco Marto e de Vieira da Silva, da morte de Trindade Coelho e sobre o regicídio na pessoa de D. Carlos; 90 anos do nascimento de Max e da morte de Amadeo de Sousa-Cardozo, da batalha de La Lys, do fim da Primeira Grande Guerra e do assassinato de Sidónio Pais; 50 anos da candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República e da morte de Afonso Duarte, de Irene Lisboa e de Vasco Santana; 40 anos do francês “Maio de 68” e da saída de Oliveira Salazar do governo; 30 anos da morte de Jorge de Sena, Vitorino Nemésio e Cabral do Nascimento; 20 anos do incêndio do Chiado; 10 anos da “Expo”, da Ponte Vasco da Gama, das mortes de Lima de Freitas e de José Cardoso Pires e da atribuição do Prémio Nobel a José Saramago. Relacionado com Setúbal, temos ainda o centenário da morte de Aníbal Álvares da Silva, autarca em Setúbal e deputado, a quem a cidade ficou a dever vários melhoramentos, e o centenário da inauguração do Casino Setubalense.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O mundo perfeito
sábado, 15 de dezembro de 2007
Minudências (18)
1) “As escolas secundárias recebem dinheiro dos impostos para prestar um serviço ao público em geral.” – É a pura das verdades. Isto acontece com as escolas públicas como com milhentos outros serviços públicos, como se sabe.
2) “Um contribuinte que queira influenciar directamente uma escola, por exemplo, aquela que o seu filho frequenta, não tem meios para o fazer.” – Alguma luz parece fazer-se: a questão é “influenciar”.
3) “Em vez de serem os contribuintes a dizer como é que o serviço deve ser prestado, são os professores que através dos sindicatos conseguem influenciar as políticas do ministério e que através das eleições internas decidem quem deve mandar nas escolas.” – Uma falácia, porque os professores não conseguem influenciar (imagino que nem querem fazê-lo) as políticas do Ministério, como se sabe.
4) “Os contribuintes não estarão representados.” – De facto, os contribuintes não estão representados nas escolas.
Se o primeiro e o quarto pontos são pacíficos, já os outros o não são. Porque os cidadãos, a sociedade, os pais devem estar com a escola, ajudar a que ela seja e não a tentar influenciá-la. A escola não pode ser uma questão de poderes; tem que ser um espaço de aprendizagens, de educação, de saber, de formação, universo para que todos devemos contribuir e onde podemos estar, assim o queiramos sem ser a troco de poder.
Os contribuintes (serão os que pagam impostos?) não vão dizer a todos os outros serviços públicos o que ou como devem fazer. Provavelmente sugerem. Falar assim em nome dos contribuintes é uma forma de demagogia, porque quem trabalha nas escolas também é contribuinte e, como se sabe, não há contribuintes de primeira ou de segunda. Por outro lado, quantos pais há que não são contribuintes (pagadores de impostos) porque não têm rendimentos para tal? Imagina-se que estes não poderiam ter uma palavra a dizer…
Não sei se devem ser professores ou outros a ter o cargo de dirigir a escola pública. Sei que a gestão de uma escola passa também pela parte pedagógica, nisso se diferenciando de outras gestões. Sei também que as questões do compromisso e da responsabilidade deveriam ser tónicas na gestão e não são.
Continua-se, pois, a discutir o domínio das influências, não se elas devem ou não existir, mas quem é que deve influenciar. É gestão isto?
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Fazer história, outra vez
Associação Cultural Sebastião da Gama - Boletim nº 4
Intervalo (3)
Aspergic - Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.
Assentar - O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento.
Capom - Porta de motor de carros que quando se fecha faz POM!
Destrocar - Trocar várias vezes uma nota até ficarmos com a mesma.
Disvorciada - Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.
É assim… - Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.
Entropeçar - Tropeçar duas vezes seguidas.
Eros - Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.
Falastes, dissestes… - Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele falou, TU FALASTES.
Vêjamos, fáçamos - Caso atípico de palavras esdrúxulas a que se acrescentou o acento tónico...
Fracturação - O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial. Casa que não fractura... não "predura ".
Inclusiver - Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu inclusiver acho esta palavra muita gira. Também existe a variante "Inclusivel".
Mô - A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?
Nha - Assim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma poupança extraordinária.
Númaro - Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!
Parteleira - Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.
Perssunal - O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex.: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.
Pitaxio - Aperitivo da classe do 'mindoím'.
Prontus - Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem.
Prutugal - País ao lado da Espanha. Não é a Francia.
Quaise - Também é uma palavra muito apreciada pelos nosso pseudo-intelectuais. Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.
Stander - Local de venda . A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis. O "stander" é um dos grandes clássicos do "português da cromagem"…
Tipo - Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. É assim... tipo, tás a ver?
Treuze - Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Porque não vai valer este modelo para todos os outros serviços do Estado que têm directores?
Memória: Fernanda Botelho (1926-2007)
"Seis poesias de Fernanda Botelho" no número inaugural de Távola Redonda (Janeiro.1950)
Camões pela pena de Alegre
O texto que assim começa é também o princípio do mais recente livro de Manuel Alegre, intitulado Barbi-Ruivo – O meu primeiro Camões (Lisboa: Dom Quixote, 2007). E pode-se justificar o título: não havendo nenhum retrato de Camões feito a partir do modelo original, foi um registo documental escrito da Casa da Índia, datado de 1550 e divulgado por Faria e Sousa, biógrafo de Camões, que apresentou o poeta como “barbi-ruivo”, termo que Alegre recupera; quanto ao subtítulo, de feição metonímica, ele faz o cruzamento da vida e da obra camonianas com as memórias do narrador, mais precisamente, com as lembranças que o narrador tem do que, ao longo da vida, foi aprendendo e lendo de e sobre Camões.
Constituído por três partes, o livro é dedicado por Manuel Alegre aos netos, numa tentativa de passar a palavra, de transmitir o testemunho, recuando o narrador até à infância para contar os seus primeiros contactos com o tesouro camoniano – primeiro, pela vista (ver os livros); depois, pela audição (o pai lia-lhe Camões, de tal forma que a criança decorou o início da épica e alguns sonetos); mais tarde, pela leitura a expensas próprias.
Para o narrador, pontos marcantes deste percurso camoniano foram: a musicalidade (que o levou a aprender Camões de cor - “eu subia para cima de uma cadeira, dizia os versos e tinha a sensação de que dentro das palavras havia um ritmo, quase se podia assobiar ou entoar baixinho, era uma forma de música”); o ritmo (que, nalguns poemas, “lembrava o das canções e dos fados que se ouviam nas ruas e na rádio”); o amor (manifestação em que o soneto “Amor é um fogo que arde sem se ver” levava a palma nas declarações amorosas da geração do narrador e que também é essencial para a compreensão dos poemas de Camões, pois que “segundo o amor que tiverdes, tereis o entendimento de meus versos”); a diferença (várias mulheres ocupam o cenário da paixão camoniana, todas com traços fisionómicos e de raça diversos, numa pluralidade inebriante, que leva Alegre a considerar que “dois dos maiores poemas de amor da nossa língua – trovas a Bárbara cativa e 'Alma minha, gentil que te partiste', motivado por Dinamene – foram inspirados por mulheres de outra cor”); a procura de uma identidade (capítulo longo é o intitulado “Embarcar n’Os Lusíadas”, que passa sobre a epopeia e sobre os seus mais conhecidos e mais bem conseguidos episódios, numa “viagem pela nossa História” e até pela história da leitura e da recepção desta obra, visível, por exemplo, no testemunho do tempo do liceu – “o canto IX era o mais proibido e censurado e, por isso, o mais apetecido… afinal, um dos mais belos”); as leituras inovadoras (a figura do “Velho do Restelo” é apresentada como materialização da voz do próprio Camões, numa crítica ao processo como se desencadearam os descobrimentos, a descrição dos fenómenos naturais é vista como sendo “dos momentos mais inovadores e mais belos” do poema, o Adamastor é encarado como um “momento essencial” na história porque “decide o sucesso da viagem”); a lenda (em que a própria figura de Camões surgiu envolvida, prestando-se a isso um homem cultíssimo que escreveu o mais genial poema português e viveu na miséria, que deixou a ideia tão agradável e romanticamente definidora do ser português da “vida pelo mundo em pedaços repartida”, e de cujo percurso biográfico pouco se sabe, não existindo mesmo documentos autógrafos).
Ao longo dos tempos, Camões e a sua obra têm servido adaptações várias, com públicos diversificados. Assim, de repente, vêm à memória títulos como Os Lusíadas contados às crianças e lembrados ao povo (1930, de João de Barros), Aventuras do Trinca-Fortes (1946, de Adolfo Simões Müller), Camões poeta mancebo e pobre (1980, de Matilde Rosa Araújo), Camões (1990, texto de Oliveira Cosme e banda desenhada de Carlos Alberto Santos). Barbi-Ruivo junta-se a este rol de visitações da obra camoniana e, parecendo destinar-se aos mais jovens (quer pela dedicatória do autor, quer pelo aspecto gráfico), a verdade é que o seu público será quem queira conhecer a vida e a obra de Camões, em visita guiada por Manuel Alegre, um poeta do século XXI, que, na sua obra, também já tomou o épico para fonte de inspiração.
Diga-se ainda que a obra tem ilustrações de André Letria, conjunto de uma dúzia de desenhos de temática camoniana, em todos constando o livro como elemento comum, assim dando valor ao que de mais importante existe num poeta – a sua obra.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Fazer história
Profecias?
Se não fossem as aspas, poderíamos estar perante um apocalíptico fim do mar (cenário perigoso e temível), talvez metaforizando o final da vida dependente do mar (cenário já desenhado para muitas famílias e provável para mais); com as aspas, fica-se a saber que uma embarcação pesqueira da frota de Setúbal foi adquirida há meia dúzia de anos pela RNES (Reserva Natural do Estuário do Sado) para monitorizar e fiscalizar o estuário sadino. No entanto, a morte foi-lhe anunciada, porquanto nunca o barco desempenhou as tarefas para que foi adquirido, esteve a apodrecer acostado sem manutenção e jaz "ao lado de outras carcaças, a aguardar o pior dos cenários" na Mourisca (Setúbal). O jornal adianta que, na altura, a embarcação terá custado 25 mil euros... de que parece nunca ter havido proveito!
domingo, 9 de dezembro de 2007
Sobre violência nas escolas
Ora, as situações de que se queixa Domingos Cardoso são um somatório de muitas de que há conhecimento na prática das escolas, só que frequentemente silenciadas, seja porque, nos casos mais felizes, os problemas de desrespeito são resolvidos de imediato (ainda bem!), seja porque a maior parte desse tipo de atitudes de falta de respeito não entra no rol da violência que conta para a estatística e muitos docentes nem as relatam. Aliás, o tom de amenização com que, recentemente, foi divulgado que o número de ocorrências de violência diminuiu no interior das escolas parece confirmar o que disse.
Será interessante ver que tipo de resposta vai ser dada a esta carta do professor ilhavense. Veremos se a divulgação vai ser semelhante… Mas, para já, vale a pena perceber-se que muitas das “exigências” que Domingos Cardoso sugeriu estão relacionadas com a violência que, hoje, Alice Vieira, no Jornal de Notícias , considerou como “perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa”, em texto que aqui reproduzo. É que essa pode não ser quantificável, mas não pode ser banalizada nem aceite como normal!
E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas, afinal, não existe.
Ao que parece, andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as EB, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora. Tenho muita pena de que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se fazem anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que, assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal.
Mas bastaria a senhora ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam. É claro que não falo daquela violência bruta e directa, estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver.
Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa.
Uma violência mais "normal".
E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência.
Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados…) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si…", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde…)
Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada".
Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves, qualquer dia - querem lá ver? - até fumam…
Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos.
Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade.
Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério.
E então em estilo filme americano.Com tiros, naifadas e o mais que houver.
sábado, 8 de dezembro de 2007
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Ary dos Santos, 71 anos
É este último nome que nos permite contar uma história do cruzamento de amizade de um antepassado de Ary dos Santos com Bocage. Com efeito, Gomes de Oliveira era casado com Carlota Emília Morais Barbosa (1803-1849), senhora que faleceu em Azeitão e cujo pai, tetravô de Ary dos Santos, era Tomé Barbosa de Figueiredo de Almeida Cardoso (1755-1820), nascido na América do Sul, de pai para ali emigrado oriundo do Minho (Paredes de Coura). Foi este Tomé Barbosa, a trabalhar na Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, que se tornou, em dada fase, não só amigo, mas também protector de Bocage, havendo mesmo um soneto que o poeta sadino compôs em sua honra – “Dos tórridos sertões, pejados de ouro…” (cf. Bocage. Obra Completa – Sonetos. Org.: Daniel Pires. Edições Caixotim, 2004, pg. 275).
Ary dos Santos deixaria também na sua obra uma aguarela bocagiana quando considerou o poeta sadino um seu “irmão”, poema já evocado num postal aqui editado.
Desde que publicou A liturgia do sangue, em 1963, Ary dos Santos foi autor de Tempo da lenda das amendoeiras (1964), Adereços, Endereços (1965), Insofrimento in sofrimento (1969), Fotos-grafias (1970), Resumo (1972), As portas que Abril abriu (1975), O sangue das palavras (1978) e VIII sonetos (1984). Poemas seus foram cantados por Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira e Tonicha, entre outros intérpretes.
Musicado por Paulo de Carvalho e cantado por Carlos do Carmo, aqui se deixa a palavra de “Os Putos”, poema de Ary dos Santos de 1978:
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
E o céu no olhar, de um puto
Uma fisga que atira, a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser, criança
Contra a força dum “chui”, que é bruto
Parecem bandos de pardais, à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai, vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens
As caricas brilhando, na mão
A vontade que salta, ao eixo
E um puto que diz, que não
Se a “porrada” vier, não deixo
Um berlinde abafado, na escola
Um pião na algibeira, sem cor
E um puto que pede, esmola
Porque a fome lhe abafa, a dor
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Para uma antologia da região de Setúbal (5)
O 12º volume inclui um momento da história passada em Setúbal, em capítulo intitulado “Justiça de D. João II”, evocando factos de 1484 relacionados com a tentativa de assassínio que a nobreza queria perpetrar sobre a figura do rei, que, no entanto, graças a informações de um tal Diogo Tinoco e, depois, de Vasco Coutinho, conseguiu desmantelar a conspiração. A história contada associa a lenda da Casa das Quatro Cabeças, que tem andado sempre ligada a esta tentativa de regicídio, muito embora não haja disso provas.
A figura do rei aparece-nos séria, elegante, decidida, com pose de estado. Em Setúbal, desloca-se entre o Convento de S. Francisco, Tróino e a casa de Nuno da Cunha e a história passa-se no Verão de 1484, entre Julho e finais de Agosto.
Pela escrita de Rocha Martins passa uma fina e detalhada caracterização psicológica das personagens, ainda que o narrador não esconda que está a imaginar o que se passaria na mente das mesmas – por exemplo, quando o Duque de Viseu, instalado em Palmela, é chamado para ir a um encontro com o rei em Setúbal, sem saber qual o assunto, comenta o narrador: “Ignorava o que lhe queria, assim apressadamente (…). Decerto se tratava de caso de gravidade e, ao lembrar-se de ter falhado, na véspera, o golpe do assassínio, deveria ter muito medo de punição.” O narrador tenta assim pôr-se na pele da personagem… a tal ponto que, quando o Duque de Viseu está a chegar a Setúbal, relata: “Bem via, não era para coisa boa que o chamavam; e quando entrou nas ruas ardentes, sobre cujas pedras farulhavam as ferraduras da montada, mais lhe apetecia meter-se para as bandas do Sado, fugir nalgum barco, acolher-se nas vastas sombras da Arrábida, merendar nalgum vergel perfumado pelos laranjais do que escutar a voz furibunda do juiz.” Mal sabia o Duque que caminhava para a morte, friamente cumprida e executada pelo próprio rei, sem delongas, na casa de Nuno da Cunha!...
Depois, foi a prisão e morte dos outros conjurados, nomeadamente o bispo de Évora, que foi enclausurado na cisterna do castelo de Palmela, ali estando, “nas profundezas do poço, onde coaxavam as rãs e ele gemia, na treva, desolado e perdido, sem confortos, passando da prelacia para o cárcere, imundo e bafiento, onde estava com os pés, ora na humidade, ora na lama”. Ali morreria o bispo, já depois de ter sabido da degolação de seu irmão, outro conspirador, e de ter conhecido o destino dos seus comparsas, vítima da peçonha.
Da acção de D. João II fica uma imagem de chefe incontestado e decidido, que tanto punia como concedia favores – “Era assim. Depois da punição as mercês; e tão pingues, e ao mesmo tempo tão justamente talhadas que todos se admiravam de tanta integridade em homem tão terrível.” A narrativa de Rocha Martins surge intensa, com pormenores que evidenciam o sentido justiceiro do monarca e acentuam o sofrimento dos castigados.
Setúbal foi, assim, a terra onde poderia ter acontecido o primeiro regicídio em Portugal, antes sendo marcada pelo sítio onde D. João II aproveitou para vincar o seu poder e demonstrar o seu espírito de decisão. Também aqui ficou deliberado que o rei seguinte não se chamaria Diogo, o conspirador irmão do bispo de Évora, antes seria Manuel, nesse momento feito Duque de Beja e herdeiro de quase todos os bens do Duque de Viseu, seu irmão.
Os outros dois episódios relatados neste número de Legendas de Portugal intitulam-se “A tomada de Chelb e sagração dos Infantes” (relativo a Silves e Tavira) e “O Mestre de Cristo” (alusivo a Tomar).