segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Quatro leituras no fim-de-semana

1. António José Seguro, “Deveres dos partidos políticos” (Expresso, 05.Jan.2008): “Os partidos políticos portugueses não escapam a esta tendência de desconfiança generalizada por parte dos eleitores e razões, lamentavelmente, não faltam (corrupção, promessas não cumpridas, qualidade do pessoal político…). Mas talvez a causa estrutural que mais tem contribuído para a gestação desse ambiente de desconfiança resida na tendência dos partidos para (…) concentrarem a sua actividade, prioritariamente, nas suas funções institucionais. (…) [Os partidos] frequentemente são acusados de não se preocuparem com os problemas das pessoas, apenas tratarem de si e dos seus e por terem como único objectivo alcançar o poder. Frequentemente, os partidos políticos surgem, junto dos portugueses, mais como representantes do Estado do que como representantes dos portugueses junto do Estado. (...)”
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2. António Barreto, “Sócrates e a liberdade” (Público, 06.Jan.2008): “(…) O que [Sócrates] não suporta é a independência dos outros, das pessoas, das organizações, das empresas ou das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu Governo. O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas. Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo…”
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3. Inês de Barros Baptista, “Mal educados” (Pública, 06.Jan.2008): “Patrícia Bandeira - Educa-se com base nas aparências, as pessoas preocupam-se mais com o ter do que com o ser, o que torna tudo uma grande mentira. Mas a verdade é que vivemos no meio destes constrangimentos, vivemos num mundo em que o apelo ao consumo é enorme, os nossos filhos vivem rodeados de estímulos, nem sempre é fácil encontrar um meio termo.
Paulo Oom- Por isso é que eu digo que é mais difícil educar hoje. Por causa de todos esses constrangimentos. Além disso, o tipo de relação que muitos pais tentam hoje em dia - a de serem os maiores amigos dos filhos, colocando-se ao mesmo nível do que eles destrói um dos pilares da educação, que é o da autoridade. Pais e filhos não estão no mesmo plano! Não é suposto serem os maiores amigos, isso destabiliza completamente o sistema.”
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4. Daniel Sampaio, “Votos para 2008” (Pública, 06.Jan.2008): “Gostaria de um período com mais atenção às pessoas. (…) Na educação: desejo que a crucial avaliação do desempenho dos professores não se transforme apenas numa infindável tarefa burocrática, com preenchimento interminável de fichas, tempo precioso para os professores falarem entre si, com os alunos ou com os pais. E anseio para que a Internet chegue mesmo à sala de aula e os alunos possam ser incentivados a ter voz activa, sem que a indisciplina impeça a aprendizagem ou a possibilidade de todos se poderem ouvir. E ambiciono, já para 2008, uma cultura de maior exigência nas nossas escolas, a começar pelo primeiro ciclo, onde se pode chegar ao 4º ano sem saber ler e escrever com correcção: anos e anos de facilidades conduziram a uma iletracia preocupante, que tem como consequência a não compreensão de muitas disciplinas ao longo do plano de estudos ( e bom seria que se pensasse, com brevidade, na condensação do número inconcebível de 16 áreas curriculares no 8º ano, só para dar um exemplo urgente). O problema é que, sem alteração do mau relacionamento entre os professores e o Ministério da Educação será difícil a mudança... (...)”

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa escolha de leituras. Falta a coragem, vontade, não sei bem o quê para desburocratizar, simplificar e era necessário emagrecer os ministérios, muitos ministérios e muita gente a provar sopas para gostos diversos.