segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Quatro notícias de hoje, que são outros tantos retratos

1) No Público: “Dois terços das perguntas dos deputados ao Governo estão sem resposta - Ministérios da Saúde, Trabalho, Educação e Obras Públicas são os mais questionados. (…) O novo regimento da Assembleia da República introduziu a figura da 'pergunta escrita ao Governo'. Desde 1 de Setembro do ano passado, os partidos fizeram 501 questões, mas o executivo ainda só deu resposta a pouco mais de um terço (169). Dos dois terços que ficaram por responder, 130 ainda estão dentro do prazo - 30 dias, como fixa o Regimento. Descontadas estas, o Governo deixou definitivamente sem resposta, nos últimos quatro meses, duas centenas de perguntas feitas pelos partidos com assento parlamentar. (…) Nas duas sessões legislativas anteriores (Setembro de 2005 a Setembro de 2007), cujas estatísticas já estão fechadas, 1787 dos 6831 requerimentos apresentados ficaram sem resposta, o que equivale a 26 por cento.” - Se a Assembleia da República tem capacidade para decidir pelos portugueses (e essa foi uma justificação apresentada para a ratificação do Tratado de Lisboa sem recurso a referendo), as perguntas saídas da Assembleia da República, independentemente do seu emissor e do seu destinatário, são também perguntas feitas pelos portugueses. Que respeito merecemos, pois?
2) No Público: “Bombeiros têm mais de 100 desfibrilhadores sem utilização - As corporações de bombeiros voluntários portuguesas têm mais de 100 desfibrilhadores automáticos, adquiridos nos primeiros anos desta década, sobretudo na sequência da morte do futebolista Miklos Féher e antes do Euro 2004, mas não os podem utilizar. À legislação publicada no ano passado, que veio 'apertar' as condições em que os bombeiros podem usar estes aparelhos, junta-se a falta de entendimento com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para ultrapassar o problema. Os desfibrilhadores, usados para produzir uma carga eléctrica devidamente calculada que muitas vezes consegue recuperar o ritmo cardíaco, podem ser decisivos para salvar vidas em caso de paragem cardíaca. De acordo com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), serão mais de uma centena os desfibrilhadores automáticos externos que praticamente não têm uso. (…)” – Recordo que, há cerca de um ano, em visita com alunos aos Bombeiros Voluntários de Palmela, quando era mostrado como funcionava uma ambulância e estando aquela equipada com disfibrilhador, logo o assistente explicou que não o podiam usar, apesar de estar ali, porque havia restrições. “Então para que serve?”, perguntou uma aluna. Não sei se o desfibrilhador da ambulância que visitámos já presta para alguma coisa ou não, mas o que é ridículo é esta questão continuar a ser debatida, como se a vida humana não fosse mais importante que uma questão de competências. No fundo, fica-se a pensar que, muitas vezes, o valor da vida é uma insignificância ao lado do calor das “tricas”… Infelizmente!
3) No Correio da Manhã: “117 Deputados eleitos suspendem mandato – Quando ainda falta mais de um ano para o termo da actual legislatura, mais de metade da composição inicial de deputados na Assembleia da República já mudou. De um total de 230 parlamentares eleitos em Fevereiro de 2005, 117 já suspenderam o mandato e 37 abandonaram mesmo o Parlamento. E círculos eleitorais como Setúbal, Aveiro, Évora, Faro, Guarda, Braga, Viana do Castelo e Vila Real já não são representados pelos cabeças de lista eleitos. (…) Devido às muitas movimentações, o PS já não tem em funções nenhum deputado eleito no círculo eleitoral de Castelo Branco e já recorreu a vários suplentes nos círculos eleitorais de Évora e Faro. O mesmo acontece com o PSD em Castelo Branco, onde o mandato é agora exercido por Ribeiro Cristóvão, quarto da lista de efectivos.” – De que serve então aos partidos esforçarem-se por arranjar “cabeças de lista” que sejam convincentes para os eleitores? Como defende Manuel Alegre, em considerações sobre este assunto no mesmo jornal, deveria “haver um período de nojo” para os deputados que suspendem ou renunciam às suas actividades no Parlamento. O que está em causa é o prestígio da instituição, é verdade, mas também a confiança que as listas merecem aos eleitores. Vale a pena acreditar nas figuras em quem (também) se vota?
4) No Correio da Manhã: “GNR proibidos de ler jornais e ver televisão – Os militares dos postos da GNR do concelho de Moura foram proibidos de ler jornais e ver televisão no horário de serviço (…).” – Há comentários?

Sem comentários: