No dia de hoje de 1923, nascia em Viana do Castelo António Manuel Couto Viana, filho de Manuel Couto Viana, figura importante para a vida cultural e social da urbe do Lima.
A marca do envolvimento cultural prolongar-se-ia na família através do próprio António Manuel Couto Viana e de suas irmãs, Maria Manuela Couto Viana (1919-1983) e Maria Adelaide Couto Viana (1921-1990), que constituíram um trio ligado à literatura, cultivado em vários géneros – a poesia, a narrativa, o memorialismo, o teatro.
De António Manuel Couto Viana ficar-nos-ão, sobretudo, o seu percurso lírico, bem como os seus escritos ensaístico-memorialísticos. Mas gostaria de destacar a primeira vertente, afirmada logo desde os primeiros escritos e ainda hoje, quando passam os 85 anos, cultivada.
Com efeito, foi logo no livro inicial, O avestruz lírico, de 1948, que ficou registado o seu estatuto de poeta, evidente nas duas estrofes de “O poeta e o mundo”, que recusam o circunstancialismo na poesia e afirmam o valor do eu nessa mesma poesia:
Podem pedir-me, em vão,
Poemas sociais,
Amor de irmão pra irmão
E outras coisas mais:
Falo de mim – só falo
Daquilo que conheço.
O resto… calo
E esqueço.
Depois, foi o prosseguir na senda da poesia, em regime de fidelidade a este propósito, com uma produção continuada e intensa, chegando a haver várias compilações da obra, fosse como reunião de “obra completa”, fosse como antologia, de que se referem títulos como Uma vez uma voz (Lisboa: Editorial Verbo, 1985), O velho de novo (Porto: Edições Caixotim, 2004) e 60 Anos de poesia (Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2004, em 2 vols.). Paralelamente, um género como o memorialismo viu já vários títulos publicados por Couto Viana, com destaque para os ensaios dedicados a personalidades várias da cultura portuguesa (sendo impossível enumerá-las todas, gostaria de destacar os nomes de Sebastião da Gama e de David Mourão-Ferreira, com quem trabalhou e teve intensa relação de amizade), resultantes da experiência e do testemunho do leitor e do conhecedor da história de que tem sido contemporâneo, sendo justo assinalar obras como Coração arquivista (1977), As (e)vocações literárias (1980), Gentes e cousas d’Antre Minho e Lima (1988), Colegial de letras e lembranças (1994), Escavações de superfície (1995), Ler, escrever e contar (1999) e Poetas Minhotos, Poetas do Minho (2002-2005, em 3 vols.). Finalmente, o teatro, área em que Couto Viana foi não apenas actor ou conhecedor dos meandros da arte de representar, mas também autor, sobretudo no âmbito da dramaturgia que privilegiou o público juvenil e de que se pode ver a recolha em Teatro infantil e juvenil (Lisboa: Nova Arrancada, 1997), a partir da primeira peça, Era uma vez… um dragão.
As antologias, o conto, a crónica são ainda outras áreas que têm merecido a atenção deste autor. A sua obra revela uma atitude vincadamente lírica, denota forte presença do humor e da ironia e deixa-se conduzir, muitas vezes, por uma fina tonalidade aristocrática. Em Couto Viana, a sensibilidade, a escrita e a cultura caminham juntas.
Quando passam 60 anos sobre o seu título inaugural, quando giram 85 anos de um trajecto de vida dedicado ao saber e à arte, justo é que se felicite esta voz e este percurso!
A marca do envolvimento cultural prolongar-se-ia na família através do próprio António Manuel Couto Viana e de suas irmãs, Maria Manuela Couto Viana (1919-1983) e Maria Adelaide Couto Viana (1921-1990), que constituíram um trio ligado à literatura, cultivado em vários géneros – a poesia, a narrativa, o memorialismo, o teatro.
De António Manuel Couto Viana ficar-nos-ão, sobretudo, o seu percurso lírico, bem como os seus escritos ensaístico-memorialísticos. Mas gostaria de destacar a primeira vertente, afirmada logo desde os primeiros escritos e ainda hoje, quando passam os 85 anos, cultivada.
Com efeito, foi logo no livro inicial, O avestruz lírico, de 1948, que ficou registado o seu estatuto de poeta, evidente nas duas estrofes de “O poeta e o mundo”, que recusam o circunstancialismo na poesia e afirmam o valor do eu nessa mesma poesia:
Podem pedir-me, em vão,
Poemas sociais,
Amor de irmão pra irmão
E outras coisas mais:
Falo de mim – só falo
Daquilo que conheço.
O resto… calo
E esqueço.
Depois, foi o prosseguir na senda da poesia, em regime de fidelidade a este propósito, com uma produção continuada e intensa, chegando a haver várias compilações da obra, fosse como reunião de “obra completa”, fosse como antologia, de que se referem títulos como Uma vez uma voz (Lisboa: Editorial Verbo, 1985), O velho de novo (Porto: Edições Caixotim, 2004) e 60 Anos de poesia (Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2004, em 2 vols.). Paralelamente, um género como o memorialismo viu já vários títulos publicados por Couto Viana, com destaque para os ensaios dedicados a personalidades várias da cultura portuguesa (sendo impossível enumerá-las todas, gostaria de destacar os nomes de Sebastião da Gama e de David Mourão-Ferreira, com quem trabalhou e teve intensa relação de amizade), resultantes da experiência e do testemunho do leitor e do conhecedor da história de que tem sido contemporâneo, sendo justo assinalar obras como Coração arquivista (1977), As (e)vocações literárias (1980), Gentes e cousas d’Antre Minho e Lima (1988), Colegial de letras e lembranças (1994), Escavações de superfície (1995), Ler, escrever e contar (1999) e Poetas Minhotos, Poetas do Minho (2002-2005, em 3 vols.). Finalmente, o teatro, área em que Couto Viana foi não apenas actor ou conhecedor dos meandros da arte de representar, mas também autor, sobretudo no âmbito da dramaturgia que privilegiou o público juvenil e de que se pode ver a recolha em Teatro infantil e juvenil (Lisboa: Nova Arrancada, 1997), a partir da primeira peça, Era uma vez… um dragão.
As antologias, o conto, a crónica são ainda outras áreas que têm merecido a atenção deste autor. A sua obra revela uma atitude vincadamente lírica, denota forte presença do humor e da ironia e deixa-se conduzir, muitas vezes, por uma fina tonalidade aristocrática. Em Couto Viana, a sensibilidade, a escrita e a cultura caminham juntas.
Quando passam 60 anos sobre o seu título inaugural, quando giram 85 anos de um trajecto de vida dedicado ao saber e à arte, justo é que se felicite esta voz e este percurso!
[foto de Setembro de 2005]
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