“Sente-se frustrado, vai aposentar-se.” É o início de uma peça jornalística na Visão de hoje sobre a legislação da aposentação que está para vir, mas de que já se fala insistentemente, com recurso a simulações, a contas e… a esperança.
A Visão começa por contar a história de um professor do Porto que esteve a leccionar no ensino superior e agora regressou ao lugar de origem, no ensino secundário – “Vinha habituado a lidar com alunos responsáveis, atentos” e, “de repente, tem diante de si turmas que acumulam dezenas de faltas disciplinares por semana”. E lá vem (re)contada a história dos alunos dos Cursos de Educação e Formação (CEF), que “adoram a escola, apesar de não gostarem das aulas” (recordam-se da carta que o professor Freire Cardoso, de Ílhavo, escreveu ao Presidente da República sobre estas questões, em Outubro do ano passado e que circulou na net, nos e-mails e até na imprensa?). Mais adiante, o jornalista escreverá que “a esperança dos professores numa política de rigor e exigência, no sector da Educação, se transformou numa desilusão” e o mesmo professor entrevistado dirá que “está a haver uma campanha para denegrir a imagem dos professores”, apresentados “como privilegiados, com muitas regalias”.
Um desvio geográfico mais para leste e, em Chaves, uma professora de Educação Física conta ao repórter: “até já conto os meios anos” para a reforma. Depois, é a voz de uma professora em Carnaxide, a testemunhar que “os alunos sentem a nossa situação de desfavorecimento em termos públicos e crescem em indisciplina”.
A Visão regista aquilo de que em todas as escolas se vai falando. Há dias, surpreendi-me com uma professora que eu imaginava que quereria continuar na escola mesmo depois de se aposentar (tal tem sido o seu compromisso com o ensino, com os alunos e com a escola) a mostrar-me a simulação das contas porque, logo que saia o normativo, mete os papéis para a aposentação. E justificava-se: “com a forma como isto está, com o que querem fazer às escolas e aos professores… não! Tenho a minha dignidade!”
E assim vamos vendo os sinais de uma sangria evidente. Aquilo que se afigura esperança para muita gente – a de deixar um sistema que tem vindo a dar uma imagem cada vez pior dos professores e das escolas – levará a muitas ausências e desistências, vindas de pessoas que ama(ra)m a escola, que dão (e deram) o melhor da sua vida à educação. E fica a pergunta: tudo isto é para que a escola seja melhor?
A Visão começa por contar a história de um professor do Porto que esteve a leccionar no ensino superior e agora regressou ao lugar de origem, no ensino secundário – “Vinha habituado a lidar com alunos responsáveis, atentos” e, “de repente, tem diante de si turmas que acumulam dezenas de faltas disciplinares por semana”. E lá vem (re)contada a história dos alunos dos Cursos de Educação e Formação (CEF), que “adoram a escola, apesar de não gostarem das aulas” (recordam-se da carta que o professor Freire Cardoso, de Ílhavo, escreveu ao Presidente da República sobre estas questões, em Outubro do ano passado e que circulou na net, nos e-mails e até na imprensa?). Mais adiante, o jornalista escreverá que “a esperança dos professores numa política de rigor e exigência, no sector da Educação, se transformou numa desilusão” e o mesmo professor entrevistado dirá que “está a haver uma campanha para denegrir a imagem dos professores”, apresentados “como privilegiados, com muitas regalias”.
Um desvio geográfico mais para leste e, em Chaves, uma professora de Educação Física conta ao repórter: “até já conto os meios anos” para a reforma. Depois, é a voz de uma professora em Carnaxide, a testemunhar que “os alunos sentem a nossa situação de desfavorecimento em termos públicos e crescem em indisciplina”.
A Visão regista aquilo de que em todas as escolas se vai falando. Há dias, surpreendi-me com uma professora que eu imaginava que quereria continuar na escola mesmo depois de se aposentar (tal tem sido o seu compromisso com o ensino, com os alunos e com a escola) a mostrar-me a simulação das contas porque, logo que saia o normativo, mete os papéis para a aposentação. E justificava-se: “com a forma como isto está, com o que querem fazer às escolas e aos professores… não! Tenho a minha dignidade!”
E assim vamos vendo os sinais de uma sangria evidente. Aquilo que se afigura esperança para muita gente – a de deixar um sistema que tem vindo a dar uma imagem cada vez pior dos professores e das escolas – levará a muitas ausências e desistências, vindas de pessoas que ama(ra)m a escola, que dão (e deram) o melhor da sua vida à educação. E fica a pergunta: tudo isto é para que a escola seja melhor?
2 comentários:
Pois é, meu amigo. A tristeza não é por ir embora, é por ir sem o querer, é por ir só porque não vou deixar que me humilhem mais.
Como o anúncio diz, tirem-me tudo mas não me tirem a dignidada. Eu não vou deixar!
Mesmo que para tal, tenha que me afastar de tudo aquilo a que dei não sei se o melhor, mas de certeza o meu melhor!
Não, é para que a escola fique mais barata e mais inócua! E a minha tristeza é não ter idade para me ir embora - porque, de há coisa de dois anos a esta parte, o emu único motivo de alegria é o fim de semana...
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