“Coimbra, 7 de Janeiro de 1355 – Confirma-se a notícia que de há muito se receava: os conselheiros de D. Afonso IV, Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pedro Coelho, executaram D. Inês de Castro, a formosíssima dama castelhana que vivia com o infante D. Pedro, de quem tinha três filhos e que ele muito amava. Uma sombria maquinação política está por detrás desta tragédia. (…)” (José Hermano Saraiva; Maria Luísa Guerra. Diário da História de Portugal – Da Fundação aos Lusíadas. Lisboa: Difusão Cultural, 1992).
Depois, foi a construção da lenda, segundo a qual Pedro fez coroar o cadáver da amada e obrigou os nobres a homenagearem-na, beijando-lhe a mão. Foi também a perseguição aos algozes, numa tentativa de fazer justiça perante um amor interrompido, e foram também as artes, muito especialmente a literatura (e não só a portuguesa), a tomar a história de Pedro e Inês para tema. No que às letras respeita quanto às referências a este par amoroso, houve já estudos a propósito, de que destaco Inês de Castro: um tema português na Europa, de Maria Leonor Machado de Sousa (Lisboa: Edições 70, 1987) ou obras literárias recentes como Inês de Portugal, de João Aguiar (Porto: Edições ASA, 1997), e Pedro, lembrando Inês, de Nuno Júdice (Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001). Em 2005, quando passavam 650 anos sobre a morte de Inês, a Biblioteca Nacional levou a cabo uma exposição bibliográfica inesiana, de que editou catálogo.
Bocage foi um dos muitos autores a celebrar este amor. Da sua cantata “à morte de Inês de Castro” reproduzo uma parte:
"Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, amores,
Depois, foi a construção da lenda, segundo a qual Pedro fez coroar o cadáver da amada e obrigou os nobres a homenagearem-na, beijando-lhe a mão. Foi também a perseguição aos algozes, numa tentativa de fazer justiça perante um amor interrompido, e foram também as artes, muito especialmente a literatura (e não só a portuguesa), a tomar a história de Pedro e Inês para tema. No que às letras respeita quanto às referências a este par amoroso, houve já estudos a propósito, de que destaco Inês de Castro: um tema português na Europa, de Maria Leonor Machado de Sousa (Lisboa: Edições 70, 1987) ou obras literárias recentes como Inês de Portugal, de João Aguiar (Porto: Edições ASA, 1997), e Pedro, lembrando Inês, de Nuno Júdice (Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001). Em 2005, quando passavam 650 anos sobre a morte de Inês, a Biblioteca Nacional levou a cabo uma exposição bibliográfica inesiana, de que editou catálogo.
Bocage foi um dos muitos autores a celebrar este amor. Da sua cantata “à morte de Inês de Castro” reproduzo uma parte:
"Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, amores,
Que Inês morreu.
Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da terra
Porque a perdeu!
Contra a cruenta
Raiva ferina
Face divina
Não lhe valeu.
Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
De dor e espanto,
No carro de oiro,
O númen loiro
Desfaleceu.
Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores
Morrei, amores,
Que Inês morreu."
Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da terra
Porque a perdeu!
Contra a cruenta
Raiva ferina
Face divina
Não lhe valeu.
Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
De dor e espanto,
No carro de oiro,
O númen loiro
Desfaleceu.
Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores
Morrei, amores,
Que Inês morreu."
Fotos a partir de: Os Lusíadas (Ilustr.: Roque Gameiro e Manuel Macedo. Lisboa: Empresa da História de Portugal, 1900); prancha de Eugénio Silva, autor do texto e dos desenhos de Inês de Castro (Lisboa: Meribérica / Liber, 1994); capa do texto dramático de Victor Hugo intitulado Inês de Castro (Trad.: Gomes Monteiro. Lisboa: Guimarães & Cª Editores, s/d).
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