sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Oração do tempo presente

Um leitor poveiro do Público viu hoje editada a sua “carta ao Director”, na qual insere, como cristão que se confessa, hipóteses de orações para o século XXI. Faltar-nos-ão, talvez, santos intermediários, sobretudo porque eles não terão cartões de militantes políticos… Mas estas sugeridas orações podem mostrar a Deus (se é que Ele não viu já) que as dificuldades desta vida não são só aquelas que estão longe de nós. Transcrevo, então, parte da sextavada prece do leitor da Póvoa de Varzim, de seu nome Nazareno Ramos:
(...) As orações, para esbater as grandes desigualdades e salvar a humanidade do colapso, deveriam ser estas: 1.ª - um ensino gratuito e universal até ao mais alto nível, baseado nos valores do verdadeiro cristianismo, e a seguir divulgá-lo conforme o recebeu. Que os sentimentos de competitividade e de elevação sobre o outro sejam direccionados para o ser e não para o ter; 2.ª - que o trabalho seja um direito e um dever, acompanhado por um salário que dignifique quem o recebe e quem o remunera; 3.ª - cumprir a directriz constitucional da república, quando diz "todos têm direito a uma habitação condigna". Passaram 31 anos e este flagelo continua neste país 90 por cento católico apostólico romano; 4.ª - que o direito aos cuidados de saúde com qualidade sejam gratuitos e universais; 5.ª - que se faça justiça a mais de dois milhões de seres humanos, que depois de uma vida de trabalho têm reformas com sabor a sangue, humilhação e exploração do homem pelo homem; 6.ª e última - que o grande pecado da flexi-segurança, contendo o carimbo da escravatura do século XIX, não seja legalizado.Termino apelando para que, em todos os templos do meu país, se reze intensamente e se iluminem os cérebros dos nossos governantes, para que gastem todos os cêntimos dos nossos impostos na concretização destes objectivos. Se o fizerem, finalmente reinará a verdade, a justiça, a paz e a fraternidade entre os portugueses. Se não o fizerem, poderão livrar-se da justiça dos homens, mas não da justiça divina.
[foto: A Catedral, de Rodin]

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